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P.O.V Theodore Cooper.

Já tinha passado de cinco e dez quando eu finalmente cheguei em casa. Eu acabei me atrasando por causa de uma colega irritantemente grudenta.

— Collin, desculpa demorar tanto. — Digo ao entrar, mas não vejo ninguém na sala. Me surpreendo completamente ao ouvir uma risada quase familiar vir da cozinha.

— Oh, Theodore. Bem vindo de volta. Como foi a aula?— O garoto de cabelos longos pergunta, com o olhar entediado.

— Foi… normal. Completamente gostosa e normal.

— Theo! — A garota presente no cômodo se joga sobre meu corpo, fazendo ambos cair no chão.

— Oi, Carolina. — Empurro-a levemente para que saia de cima de mim e eu possa me levantar.

— Theodore, se eu quisesse gelo pegaria no congelador. — Aponto para a geladeira e ela olha para trás.

— Está vazio, aceite o meu mesmo. — Pego minha mochila que estava no chão e vou para meu quarto.

— Obrigada por me fazer lembrar o motivo de termos ido estudar em lugares diferentes. — Paro de ouvir a voz da garota quando fecho a porta do cômodo para trocar de roupa.

Ao sair, sinto cheiro de comida. Comida de verdade.

 — Quem está cozinhando? — Pergunto me aproximando da cozinha e vejo o colegial de frente para o fogão, picando algum tempero em uma panela. — Onde achou isso?

— Comprei. — Fico confuso com a sua resposta.

— Quan-

— Quando você ainda estava na faculdade. O clima estava bem chato dentro de casa, então chamei a Carolina para irmos juntos ao mercado. — Ele não se vira para responder, mantendo sua atenção no fogão.

— Ele limpou seu depósito e o quarto de visitas. — A morena diz se sentando na mesa e admirando, assim como eu, o pequeno cozinheiro em nossa frente.

— Não sabia que você cozinhava. — Me sento na frente dela, mais próximo do fogão.

— Mas você sabe que moro apenas com o Eliajh e trabalho em uma lanchonete, onde boa parte do tempo passo na cozinha. Você só não sabia porque não quis. — Ok. Talvez seja só impressão minha, mas sinto como se o garoto estivesse me respondendo com um tom extremamente frio.

— Temos algo a conversar, Carolina? — Olho para a menina, que me mostra o dedo do meio. — Obrigado, pode ir embora então.

— Você disse que estava de boa comigo, mas continua me tratando mal. — Ela cruza os braços.

— Sim, estou de boa com você, mas isso não significa que vou te acolher na minha casa. — Carolina revira os olhos e suspira.

— No fim, você não mudou nada. — Assinto sem dar muita importância, quando todos meus sentidos são atraídos para o maravilhoso cheiro de macarronada. — Eu vi que teria a festa da Madson e, como eu sabia que não teria um convite, eu o comprei. Porém, acabei vendendo para uma pessoa que quer te ver tanto quanto eu. — Ela levanta e vai para a sala, pegando sua bolsa. — Não se surpreenda ao encontrá-la, combinado? Até mais, Collin. Gostei de você! —  A menina sai, fechando a porta atrás de si.

— Collin? — O garoto murmura um “hm” e eu sorrio. — Fiz alguma coisa que te deixou irritado?

— Por que a pergunta? — Ele desliga o fogão e começa a arrumar os pratos na mesa.

— Não sei… só me parece que você está agindo estranho. — Ele serve os pratos com macarrão e bife ao molho, e involuntariamente assinto.

— Não estou. — O garoto lava as mãos antes de sentar para comer. — Eu não almocei hoje, e suponho que você também não. Então ao invés de um lanche, vamos almoçar. — Ele fica em silêncio após isso, apenas comendo.

Depois de terminarmos, Collin recolhe os pratos e guarda a comida, lavando a louça e limpando a mesa. Ah, ignorando todas as minhas palavras, também.

— Quando você vai a casa de uma pessoa, ainda mais para fazer um favor a ela, você não tem que limpar as coisas, pequeno estudante. — Reclamo enquanto seco e guardo tudo.

— Não faz mal. Como disse, estou entediado. — Ele vai para a sala e senta no sofá, pegando seu celular. Me concentro em terminar a louça e me junto a ele, ligando a tv.

— Quer assistir alguma coisa? — Vejo-o negar.

— Tem algum jogo? — Ele solta o celular e olha para mim, sorrindo em seguida. — Eu sei que isso me faz parecer um velho, mas é que não sou assim tão fã de programas. Se não tiver nenhum jogo, podemos assistir sim.

— Infelizmente, não tenho jogos. Meus tabuleiros ficaram todos na casa de meus pais. Mas podemos… sei lá, ficar conversando até a hora de nos arrumarmos, que tal? — Coloco no youtube, na tv, e digito o nome de uma música que curto bastante. — Quer chamar o Eli?

— Ele ainda deve estar no trabalho. — Ele novamente mexe no celular e em seguida, o estica em minha direção.

Uma foto do garoto de cabelos castanhos está na tela; ele tem catchup no avental e no rosto, além de respingos de algo amarelo.

— O que aconteceu? — Pergunto surpreso, tentando segurar a risada.

— De acordo com a Nick, Elijah tentou fazer alguma coisa na cozinha e irritou o Bob. O cara, funcionário mais velho, resolveu da maneira mais adequada e adulta possível, e acabou sujando o Eli. — Collin ri, olhando novamente a imagem. — Eu não acredito que eles fizeram isso no dia que me liberam cedo.

— Você é tão lindo quando sorri. — Murmuro encarando o menino, quase perdido.

— O que? — Sugg ri, cora e desvia o olhar. — Sobre o que iremos falar? 

— Ficou sabendo o tema da festa? — Ele assente, olhando para mim novamente.

— Eu estou muito ansioso pela reação de vocês quando o Eli chegar lá. O que ele vai usar é bastante… chamativo. — As palavras do garoto atiçam minha curiosidade, porém não no seu amigo e sim nele próprio.

— E o que você vai usar? — O sorriso do garoto me causa arrepios, além de formar alguns pensamentos consideravelmente sujos.

— Nada demais, só… espere e verá. — Assinto quase tão ansioso quanto ele.

Ficamos apenas conversando, vendo alguns vídeos aleatórios no youtube e, só quando eu recebo uma chamada, percebo o horário.

Lin ainda está aí? — A voz de Elijah soa do outro lado da ligação e eu assinto, olhando para o menino ao meu lado.

— Sim, está sentado bem do meu lado. Um momento.

Não precisa entregar para ele o celular, apenas mande-o para casa. É que ele não levou a roupa da festa na bolsa.

— Oh, certo. — Afasto o celular e olho para o garoto. — Collin, Eli mandou você ir para casa. Já está quase na hora da festa, e ele disse que você não trouxe a roupa que vai vestir. — O menino levanta rapidamente.

— Merda, ele tem certeza disso? — Diz indo até sua mochila, perto da porta. — Mas que porcaria! — Olha para mim e sorri. — Desculpa, Theodore, tenho que ir. Obrigado por hoje. — Ouço o Elijah se despedir e desligar a chamada, e eu levanto.

— Te acompanho até em casa. — Vejo-o negar, enquanto arruma a bolsa nos ombros.

— Você também tem que se arrumar, no fim das contas. E dessa vez, não pode se atrasar, é aniversário da sua melhor amiga. — Ele sai e eu corro até a porta, vendo-o acenar um tchau com a mão.

Mando uma mensagem num grupo sem a Madson, avisando para chegarem ao menos meia hora mais cedo e vou tomar banho.

I Found Myself in YouOnde histórias criam vida. Descubra agora