Quando eu era criança/adolescente a minha mãe sempre me chamava atenção por ser preguiçosa. Eu adorava ficar deitada lendo, tanto que as vezes a minha mãe tinha dúvidas se eu já tinha chegado ou não.
Eu dizia pra ela que era só me dizer o que ela queria que eu fazia, mas ela agia e falava como se eu tivesse a obrigação de adivinhar ou perceber tudo que estava errado em um ambiente e começar a consertar. Ela dizia que eu precisava ser proativa, porque isso seria uma característica importante pra quando eu entrasse no mercado de trabalho (coisa que eu tentei fazer cedo e ela não deixou, mas não é assunto pra agora). Eu me entendo hoje em dia como uma pessoa preguiçosa e incapaz de identificar coisas no ambiente, porque se a minha mãe diz é verdade, a minha mãe não mente. Então se ela diz que eu sou preguiçosa eu devo mesmo ser preguiçosa, mesmo que eu saiba que o motivo pra estar deitada é estar tão deprimida que não consigo levantar.
Às vezes eu percebo coisas que precisam ser feitas, tipo tirar o lixo por exemplo. Mas eu não posso tirar o lixo sem alguém me pedir, nem posso fazer coisas pro almoço sem alguém pedir, porque isso vai chamar atenção pra mim, e eu tenho uma necessidade patológica de não ser vista por ninguém.
Eu prefiro ser a preguiçosa sem noção que não percebe nada, do que ser a pessoa que tá todo mundo olhando e prestando atenção, e falando com ela, e interagindo.
Ser invisivel é muito melhor pra mim, porque significa que ninguém vai me ver tendo uma crise de choro de repente e vir perguntar o que aconteceu quando nem eu sei.
Ser invisível é bom, porque ninguém questiona os meus motivos pra fazer nada, já que eu sou alguém inacessível e esquisita que só fica no quarto não é estranho quando do nada eu me levantar e sair porque subitamente me senti horrível em relação a mim mesma e a tudo que me cerca.
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Eu não tenho um blog.
SaggisticaTudo que eu escreveria em um blog. Se eu tivesse um.