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A viagem até o local foi um pouco demorada, apesar dos encarregados do volante terem praticamente voado. O terreno ficava depois de várias e várias ruazinhas de terra batida à margem da estrada principal para fora da cidade. Tive receio que acabássemos nos perdendo, já que a iluminação pública ali era escassa, mas eles não pareciam nem um pouco incertos.

A música alta alcançou meus ouvidos muitos antes que chegássemos no local, sem nada por perto além de árvores e mato. Certamente estaríamos mais seguros de interferências policiais, mas isso também se aplicaria caso algo desse muito errado. Respirei fundo e tentei relaxar, todos me asseguraram que ficaria tudo bem.

Eu e Rose fomos no carro de Arthur, assim como mais algumas pessoas. O resto tinha ido no de Aysha. Passamos por uma espécie de posto de sentinelas no caminho, que nos pediram para parar e abrir as janelas, cumprimentaram todos e nos deixaram passar, pareciam reconhecer Arthur, que nos contou que eles ficavam ali para avisar de antemão caso a polícia se aproximasse, além de verificar se ninguém que parecesse estar prestes a denunciar tudo conseguisse entrar. Nos identificamos outra vez no portão, onde contei com alívio diversos guardas de plantão, e levamos cerca de mais 3 minutos para chegar onde a concentração de pessoas estava.

A primeira coisa que notei era que haviam muitos carros. Estacionamos onde tinham feito uma garagem convencional, seguimos o fluxo de pessoas à norte e me deparei com diversos carros à mostra como em um museu, caminhonetes com pneus gigantes e sedãs esportivos de aparência cara. Aquilo definitivamente era um grande evento.

Aysha estava certa, estávamos perfeitas. Todo mundo parecia ter se produzido para a ocasião. E tinha gente de todos os tipos, diversas culturas e estilos. O local parecia algum tipo de festival, com quiosques vendendo comidas e bebidas, exposição de peças e carros, onde as pessoas se aproximavam para conhecer mais e talvez comprar. Música tocava ao fundo, tudo muito bem iluminado e decorado. Eu me sentia dentro de um filme.

Apesar do espaço comunal, meus acompanhantes continuaram seguindo norte. Aysha percebeu que eu estava preste a perguntar algo e esclareceu:

— Temos que ir encontrar o Patrick, lembra dele? Tava na festa também. Ele disse que a gente pode ir ficar come eles, vamos ter vista privilegiada! — sorriu animada, puxando-me entre o povo.

Com nossos amigos todos de mãos dadas para não perder nenhum de vista, deixamos ela nos guiar. Dei-me conta que estávamos na área montanhosa de um terreno, de onde, na beira de um pequeno precipício, tinha uma vista periférica perfeita da pista de corrida metros abaixo. O trajeto que o competidores percorreriam se estendia de formar irregular na terra batida, com curvas, declives e aclives de aparência perigosa, tudo também muito bem iluminado. Por uma escada de pedra na encosta, descemos até lá.

Patrick devia ter relações muito boas, pois havia um desnível abaixo do topo do despenhadeiro, onde apenas pessoas seletas poderiam entrar e a assistir a corrida, sem aglomeração. Era lá que iríamos ficar, mas antes devíamos ir encontra-lo na beira da pista.

Mesmo lotado de gente, Aysha não se poupou de sair empurrando todo mundo para conseguir chegar lá, fazendo-nos receber muitos xingamentos pelo caminho. Patrick estava conversando com um grupo de pessoas, mas quando nos viu veio até nós e deu um abraço em cada um de seus amigos.

— Pensei que nunca mais fosse te ver — sorriu galante para mim.

Suas madeixas pareciam ainda mais cacheadas e grossas do que lembrava. Para ser franca, eu tinha ficado bastante interessada por ele no pré-jogo, porém nunca mais havia lembrado de sua existência.

— Bem, aqui estou eu — sorri educadamente — É um prazer te ver de novo.

— O prazer é todo meu — e deu uma piscadela.

Onde os Demônios se EscondemOnde histórias criam vida. Descubra agora