YRIEL

8. Palácio de Jytres

Estávamos indo para o castelo usando uma típica carruagem mágica comum entre os místicos, porém não havia cavalos ou rodas, era tudo usando magia. Era até possível ver uma poeira mágica escorrendo pela parte debaixo do veículo e a velocidade podia superar qualquer carro humano também.

Eu olhava pela janela, olhando as árvores, tentando não pensar que logo estaria cara-a-cara com o temido rei Eclesius

— Já consigo sentir toda a força que emana do palácio – Morcana falou animada, se não estivesse sentada provavelmente ela estaria saltitando sem parar

— Tch – Aren resmungou

Morcana o olhou com repreensão, ele apenas ignorou e deitou de ponta cabeça no banco do carro/carruagem, de um jeito que os chifres não perfurassem o banco.

— Perdoe pelos péssimos modos dele, senhorita Dorion – ela diz — O jovem mestre Eclesius saberia se portar melhor se não tivesse faltado às aulas.  Ele é sempre arrogante quando envolve  responsabilidades e assuntos da alta classe, que desgosto... Se ao menos ele fosse como o senhor Kian, ah sim! Kian é um perfeito cavalheiro, eu o eduquei e nunca senti tanto orgulho, se ao menos você, jovem mestre Aren, tivesse o mínimo de comprometimento poderia ser ainda melhor!

Aren revirou os olhos pra ela e olhou para mim disfarçadamente. A mulher alada continuou:

— Nunca vi um futuro lorde tão irresponsável, faça-me o favor de se comportar vossa alteza, ou devo dizer.....

— CALA BOCA! – Aren berrou, fazendo o chão tremer abaixo de nós.

Eu conheci Aren há um certo tempinho, mas mesmo assim não sabia toda a sua força. Então ficava sempre imaginando o quão poderoso ele é e o quanto ainda seria, afinal ainda era jovem demais para ter todo seu poder, por isso, não consegui esconder como aquilo me deixou um pouco assustada. Era mais do que claro que Aren não estava se sentindo confortável em ir para o castelo.

"Embora que eu esteja com menos vontade ainda" pensei

Volto a olhar pela janela, analisando a paisagem, quando de repente dou de cara com um muro.

— Parece que já estamos na área do palácio, que emoção – Morcana fala animada

Na mesma hora, a carruagem para de andar, a porta ao meu lado é aberta revelando um guarda-criatura com três cabeças, sorri sendo contagiada um pouco pela animação de Morgana.

"Acima de tudo, ainda é um palácio"  pensei

Assim que desci da carruagem, eu arregalei os olhos.

— Senhorita Yriel Dorion... Bem vinda ao palacio de Jytres – a mulher alada anunciou orgulhosa, se gabando por trabalhar ali e se achando superior

O palácio era lindo e enorme, só a entrada era de causar inveja, haviam desenhos e símbolos nas pilastras, tinham detalhes que jamais poderiam ser feitos por humanos. Tinha um aspecto meio medieval mas haviam pedras preciosas nunca vistas decorando alguns pontos, a cor do castelo era de uma mescla de uma pedra verde clara e escura.

A noite o efeito deveria ficar lindo.

Eu estava boquiaberta com tanta beleza, Aren se aproximou de mim enquanto Morcana falava com o guarda.

Olhei para ele apontando pro castelo ainda boquiaberta.

— Lindo, não é? – ele diz rindo, um pouco mais relaxado que alguns minutos atrás — Eu queria ter te trazido pra conhecer aqui... Se não fosse por ele...

Pensei em algo pra ajudar a afastar os pensamentos ruins de Aren e digo:

— Tudo bem, mas tô feliz de poder ver a casa de repouso da princesa tirar seus soninhos da beleza.

Aren ri

— Só você pra fazer eu rir numa situação dessas – ele fala — E princesa não, são soninhos dignos de um rei.

— Tá legal princesinha, ou prefere reizinha?

— Nossa você é insuportável, fala sério, pior que antes...

Nós dois rimos.

Ouvi alguém pigarrear, e paramos de rir.

Percebi que Morcana estava me observando com uma certa curiosidade e confesso que aquilo me deixou nervosa, eu estava levantando suspeitas?

— Droga, acho que agora ela vai prestar mais atenção em mim – Murmurei pra mim mesma

Olhei para o enorme portão que se abria.

Entramos no grande palácio e eu ficava cada vez mais encantada com todas aqueles detalhes luxuosos, os vidros eram lindos também, haviam algumas tapeçarias antigas que davam um ar de magia antiga pro lugar.

— Espere aqui – Morcana fala quando entramos em uma sala com uma mesa pequena e algumas frutas em cima — Vou anunciar sua presença ao Lorde.

Aren deu um passo, mas Morcana o impediu dizendo:

— Você tem a ordem de ir se aprontar e ir aos aposentos de sua mãe, ela pretende te dizer algumas coisas e somente aí, vossa alteza pode ir pra sala do trono.

Ele resmungou algo em voz baixa, se virou, mas antes me encarou por uns segundos, olhando diretamente nos meus olhos, senti uma corrente de ar me envolver e desaparecer logo em seguida.

Enquanto ele se afastava, eu me perguntava que tipo de doidera mística, Aren tinha feito.

Morcana abriu suas asas e desapareceu em meio o enorme palácio. Me deixando completamente sozinha naquela sala vazia.

Me sentei numa cadeira e fiquei esperando, olhando para o teto e as paredes

— Mas que surpresa... – uma voz ecoou pelas paredes

Me levantei rapidamente

— Garota vermelha, você por aqui? – escutei uma voz dizer atrás de mim, uma voz que eu me recordava muito bem.

Eu recuei, Kian estava encostado na parede do outro lado da sala com um sorriso bonito e assustador ao mesmo tempo

— V-vossa alteza – falo fazendo uma reverência meio desengonçada.

— Esqueça as formalidades, pode me chamar de Kian... – ele fala e em seguida enclina a cabeça para o lado, me deixando ainda mais com medo — E você minha querida? Como se chama? Ainda não sei o seu nome.

— Yriel Dorion – digo sem olhar em seus olhos, me lembrando do que Aren havia dito

— Yriel... – Kian repetiu.

— Com licença – Morcana fala entrando na sala — Lorde Eclesius aguarda a senhorita Dorion na sala do trono.

— Uma pena, nesse caso vou ter que me retirar, não quero atrasá-la – ele diz sorrindo e antes que eu pudesse entender como ele havia aparecido, Kian sumiu sem deixar rastros.

Me levantei e olhei para Morcana.

— Venha comigo – ela disse e saiu, eu a segui

Andamos em silêncio pelo lindo tapete cor vinho e seguimos por um corredor com várias pinturas.

Algumas retratavam figuras, de um rei em seu trono e seus súditos, em outra retratava um cristal e vários risquinhos saindo dele (provavelmente o brilho), dentre todas, uma pintura em específico foi a que me chamou mais atenção, era uma figura representando um garoto com chifres, ele tinha um cristal rachado no peito, acima dele estava sua sombra de um jeito mais distorcido e assustador, com os chifres maiores e um sorriso psicopata que parecia aprisionar quem olhasse para sempre.

Arregalei os olhos e tentei disfarçar o quanto aquela pintura mexeu comigo enquanto andávamos adiante. Até que chegamos em frente a uma enorme portaria.

Morcana tomou a frente e abriu a porta enorme.

— Vossa majestade, Lorde Eclesius, eu lhe apresento a senhorita Yriel Dorion – ela diz e se afasta, me deixando visível.

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