𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖚𝖒

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𝑳𝒖𝒌𝒆 𝑷𝒂𝒕𝒕𝒆𝒓𝒔𝒐𝒏

          Eu tenho certeza que todo mundo, pelo menos uma vez na vida, já viveu um clichê.
          Nem que seja o mais comum. Aquele que nos apaixonamos pela professora ou pela melhor amiga, por exemplo. Ou viveu um clichê igual nos filmes, como o famoso beijo na chuva, ou no topo de uma roda gigante.

          Caso você não tenha vivido...
          Acredite, um dia vai acontecer.
          Do jeito que aconteceu comigo. E foi da pior forma...

          Nos clichês famosos a "Zé-ninguém" da escola se apaixona pelo cara popular. A garota suspira de amores pelo cara e blá, blá, blá. Mas, como eu sou azarado demais, o carinha lá de cima resolveu inverter as coisas.
          Foi dessa forma que eu me apaixonei pela garota que só anda com sua única amiga.(e que canta perfeitamente bem)
          Na verdade foi quando sem ser de propósito, eu passei pela sala de música na minha velocidade normal e sem querer acabei escutando Julie Molina tocando piano enquanto cantava. Nesse momento eu senti vontade de ficar parado ali, só escutando aquela voz(que eu duvido muito ser de um ser humano normal).
          Existe alguma coisa mais clichê que isso?!
          A partir desse dia, Julie se tornou a única coisa que eu pensava. Cumpri meu record de dias sem ir em festas (uma semana). Não me julgue! É assim que funciona aqui. E eu não posso dizer que não sou aquele aluno que não gosta de ser o centro das atenções se é que me entende. Até porque faço parte da Sunset Curve.
          A "fama" da banda que eu tenho com Alex, Bobby e Reggie acho que é o principal motivo de que eu seja popular. Acho que é isso que acontece quando você faz parte de uma banda escolar que já tocou no Orpheum. 
          Mas, obviamente, meu currículo e conquistas com a popularidade não a encantaram. Ela não é o tipo de garota que se impressiona com isso. E eu sei que vou precisar mais do que o  título de vocalista da banda se eu quiser saber como é o beijo de Julie Molina.

          ⎯ Olha ali, Alex, o Luke tá olhando para aquela garota de novo ⎯ Disse Bobby me fazendo acordar de meu transe. 

          Desde que eu comecei a notar ela, percebi que ela está sempre com Flynn, ou com fones de ouvido provavelmente escutando música.

          ⎯ Admite, cara ⎯ Digo desviando o meu olhar para meus amigos pela primeira vez ⎯ ela atá que é bonita.

          ⎯ Talvez se ela soltasse aqueles cabelos e nascesse de novo... ⎯ Disse ele, continuando ⎯ É, quem sabe ela ficasse tão bonita quanto a Carrie ⎯ Terminou de falar, Reggie revirou os olhos e Alex deu um tapa na cabeça dele.

          Sobre Carrie, ela e o Bobby estão ficando, a banda ensaia no mesmo lugar que a Dirty candy, então, não é nada sério. Na verdade, acho que nada com Bobby é sério quando se trata de garotas. Minha relação com Carrie é estranha. Quase não nos falamos, geralmente é só um "Oi. Tudo bom" e um "Tchau".

          Me levanto da cadeira e dou um sorriso falso. Se fosse em qualquer outro momento eu iria rir. Provavelmente atá ajudaria ele com os insultos. 
                 Ela só é uma zé-ninguém clichê.
 
               Meus conhecimentos sobre clichês não são tão aprofundados assim. Conheço algumas coisas óbvias de como eles se conhecem. Por exemplo: Encontro na direção, detenção e minha favorita: As aulas particulares.
           Decidi pedir ajuda em alguma matéria, embora não existisse matéria que minhas notas fossem tão ruins assim. Não me dou bem com meus pais, mas eles exigem que meu boletim esteja repleto da letra A. Mas eu posso fingir que sou burro e fazer com que Julie tenha compaixão e ajude o garoto popular com medo de levar bomba nas notas.
           Me aproximei de sua mesa e percebi que só Flynn notou minha presença e saiu para pegar mais comida. Toquei o ombro de Julie e ela olhou para mim (finalmente). Quando ela começou a me encarar eu não pude deixar de perceber de que ela ficou confusa, até porque não falo com ela desde... Nunca. Consegui notar olhando seu rosto bem de perto que ela tinha uma pequena falha na sombrancelha esquerda até que ela abre a boca para falar:

          ⎯ Vai falar logo o que quer, ou não? ⎯ Fala em um tom sério, sua voz não sai demonstrando nervosismo como eu queria. Ok, já começamos mal... Me sento ao seu lado e ela franze ainda mais a testa.

          ⎯ Preciso da sua ajuda em uma matéria. Sei que você é boa nisso e pensei que poderia me ajudar.

          ⎯ Vai procurar outra pra enganar ⎯ Fala e volta sua atenção para o livro que estava lendo.

          ⎯ Enganar? ⎯ Falo tentando achar algum bom argumento ⎯ eu não quero te enganar. ⎯ Em seguida ela revirou os olhos e olhou para mim de novo

               Eu havia conseguido sua atenção.

          ⎯ Então não é uma aposta que você fez com seus amigos que se você conseguir me beijar vai ganhar alguma coisa deles? Eu conheço essa história, e ela é péssima. ⎯ Fiquei confuso com as palavras dela. Não era a resposta que eu esperava.

          ⎯ Eu não entendi uma palavra do que você falou. E não, não tem nenhuma aposta. Eu só queria ajuda em uma matéria e o professor indicou você.

          ⎯ E o que eu ganho com isso?

          ⎯ O que você quer em troca? ⎯ Estava disposto a entrar em um acordo. Acho que eu faria qualquer coisa.

          ⎯ Entrar na Sunset Curve. ⎯ Ela disse como se fosse a coisa mais natural a se pedir.

          ⎯ O QUÊ?! ⎯ Ela se aproximou de mim, chegou bem perto da minha bochecha e cochichou no meu ouvido "Eu-quero-entrar-na-Sunset-Curve". Fiquei impressionado com aquela audácia, quase abri minha boca de tão abismado que eu estava.

                  Ousadia demais para uma zé-ninguém.
                  Julie não estava seguindo o roteiro...

          ⎯ Eu prefiro morrer burro! ⎯ Exclamei.

          ⎯ Então boa sorte na hora da morte  ⎯ Com um sorriso forçado ela pegou seu livro e voltou a ler. A amiga dela voltou e me empurrou pra fora da mesa, se sentando ao lado de Julie.

          ⎯ Tá na hora da aula de música, Jules! ⎯ Gritou Flynn olhando a hora no celular. "Jules" guardou o livro na mochila e começou a correr junto com Flynn até a saída do refeitório.

          Sabendo que Julie não iria ceder a não ser que eu fizesse alguma coisa, gritei para que ela conseguisse ouvir:

          ⎯ Hey, Julie! ⎯ Grito e ela se vira novamente para mim. ⎯ Eu topo.


Voice like an angel ⤏ JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora