Jéssica
Existe momentos na vida, momentos de altos e baixos, tem dias que você está super feliz mas tem outros que você se sente tão triste que parece até te faltar o ar. Era exatamente assim que eu me sentia, mas não me lembro em um momento onde eu me sentisse feliz. Depois que meu irmão se foi minha vida virou um mar de sofrimento, era uma dor tão forte que eu não saberia até quando aguentar
Eu me enfiei de corpo e alma nas drogas, eu usei tanto que fui parar em um hospital e depois em uma clínica. Tudo que eu queria era achar um escape para aquela dor insuportável, eu soube de tudo que aconteceu com a Maria e aquilo foi a última gota pra mim
Eu passei meses naquela clínica, trancada feito um animal, não podia receber visitas, estava o tempo todo dopada. Era horrível, aquilo só fez eu me sentir dez vezes pior
Quando eu finalmente estava limpa eu pude começar a receber visitas, meus pais vieram, meus amigos, todo mundo menos Geovane mas eu estava tão quebrada que isso nem me afetou
Eu estava me sentindo aliviada por ter conseguido me livrar das drogas e agora eu finalmente poderia voltar pra casa, porém eu sabia que iriam ficar me vigiando
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Assim que cheguei em casa meu pai deixou minhas malas no meu quarto, minha mãe fez um chá e deixou ali pra mim, eles estavam destruídos também, estava difícil para todo mundo
Eu tomei um banho quente e coloquei um pijama, tomei o chá que minha mãe fez e me deitei. Fiquei ali deitada encarando a porta de meu guarda roupa pensando em tudo que aconteceu, então fechei meus olhos e senti as lágrimas molharem meu rosto
Geovane- Posso entrar?- Ouvi sua voz grave e abri os olhos o encarando
Jéssica- Que surpresa- Digo meio irônica e limpei meu rosto
Geovane- Queria saber como estava- Ele parecia nervoso, coçou a nuca meio sem jeito e depois colocou as mãos no bolso- Faz tempo né...
Jéssica- Por que está fingindo que se importa agora?- O encaro- Eu estou bem, pode ir embora.
Geovane-Eu...bom, fico feliz que esteja bem- Mordeu o lábio ainda nervoso
Eu não respondi nada, apenas abracei minhas pernas e desviei o olhar de sua direção então vi ele andar em minha direção e se sentar a minha frente balançando a perna e ficou em silêncio
Jéssica- Vai ficar parado aí?- Pergunto ainda o encarando e ele me olha de canto de olho
Geovane- Eu não sei o que dizer- Murmurou- Mas também não quero te deixar sozinha
Jéssica- Se não quisesse, por que não foi me ver?
Geovane- O que?- Me encarou indignado- Eu fui te ver, todos os dias, eu passava horas ao lado da sua cama, mas todas as vezes você estava dopada, depois disso eu tive que viajar e voltei só hoje e vim direto te ver
Acabei me sentindo mal por ter mal tratado ele, eu não sabia que ele estava lá o tempo todo.
Jessica- Me desculpa.- Murmurei começando a chorar
Geovane- Ei...- Senti sua mão tocar a minha- Esta tudo bem
Ele se sentou ao meu lado e me abraçou encostando minha cabeça em seu peito. Sabe aquele momento em que você não quero escutar palavras de conforto, só que um bom colo para repousar, eu senti aquilo naquele momento. Ficamos em silêncio mas foi o suficiente para eu me sentir mais leve de toda aquela dor
Geovane- Vamos sair para tomar um sorvete?- Escutei ele falar depois de tanto tempo em silêncio- Só para distrair...sabe
Jéssica- Eu não sei- Murmurei- Não quero sair daqui nunca mais