12- Yasmin

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Caleb Dowell.

5 de maio de 2025.

- Olha acho uma boa não irmos - Falei.

- Olha maninho, enquanto eu tiver com você e você estiver comigo estaremos seguros.

- Eu to com um mal pressentimento sobre isso tudo, e loucura tentar entrar no hospital, você sabe que a maioria das pessoas que estavam infectadas foram para lá? Já imaginou o tanto de zumpiros que deve ter lá?

- Caleb ok, sei que está com medo mas você está paranóico, tenta relaxar um pouco, e uma ótima ideia, precisamos de comida.

- Yasmin, você é tão teimosa!

Minha irmã era difícil, ela sempre conseguiu tudo quer queria, não importava o quanto eu falava, ela sempre iria me convencer de está ao seu lado em todas as suas ideias.

Isso que sempre tornou nossa convivência tão boa, sempre fomos unidos.

Quando meu pai morreu, não me permitir chorar, não quiser demostrar que estava sofrendo mas a Yasmin sabia.

Ela ficou do meu lado, me obrigou a abrir a porta do quarto e me abraçou até eu parar de chorar, naquele dia eu falei tudo que estava guardado, nunca precisei ser o mais forte, porque ela era é sabia que eu iria segui-la não importa aonde fosse.

- Acho uma péssima ideia mas você é uma mula - Falei depois de uma hora de discussão.

O hospital geral The Cross ficava a quase três horas de onde estava, claro que íamos de skate, era nosso meio de transporte mais rápido.

Sabíamos que os barulhos das rodas passando e esmagando os smartphones, cacos de vidros, outros pequenos aparelhos e até mesmo restos mortais não era bom para nós, mas mesmo assim era melhor que ficar vagando no escuro.

Depois de pouco menos de três horas chegamos na entrada principal do The Cross, como esperavamos estava trancada por dentro, tentamos mexer para ver se estava fácil porém depois de tentativas falhas achamos uma porta de entrada nos fundos, achei estranho ela está aberta e novamente questionei.

- Yas não quer mesmo voltar, isso não me cheira bem? - Estava preocupado.

- Tudo cheia a morte agora Caleb - Minha irmã falou zombando - Não fique tão preocupado, estamos até acostumados com o "Aroma de muerte"

Revirei os olhos, e segui, queria acreditar que o otimismo da minha irmã era a melhor escolha e que eu estava mesmo paranóico, mas algo estava errado, podia sentir o dia estava estranho, se eu não tivesse ignorado aquela sensação.

Abafei meus sentimentos de alerta e segui caminho atrás da Yasmin, como de esperado o interior do hospital estava todo maltrapilho.

Havia coisas rasgadas, vidros, roupas, cadáveres podres e secos, macas e ursos de pelúcia, assim percebemos que havíamos entrado pela ala infantil, os pequenos corpos tambem estavam lá, deteriorados pelo tempo e condição de morte, alguns pedaços faltava, braços, pernas, parte da cabeça e tronco, alguns haviam somente pedaços ou só metade do corpo.

Apesar dos anos ainda não estava acostumado com aquela cena macabra, não importa onde fosse meu estômago embrulhava sempre, mas havia algum mais, um arrepio frio na espinha a sensação de estar sendo observado, na verdade desde que chegamos aquela sensação se estalou em mim.

- Yasmin, vamos embora - Falei quando terminamos de atravessar a ala infantil, estávamos indo para o refeitório no segundo andar.

- Caleb - Foi tudo que ela falou, ela travou quando colocou a mão na maçaneta da porta, pude ver que ela estava exitante, torci para que ela parrase e fossemos embora.

Ela girou a maçaneta e abriu a porta com tudo, vários pares de olhos sem vida viravam para nós com o estrondo da porta que estava emperrada, naquele momento tentamos agir rápido e puxar a porta de volta, mas a mesma emperrou.

A adrenalina bateu com tudo, o medo era grande, eles vinheram em nossa direção, batemos na porta com força mas não teve jeito, só fechamos um pouco, descemos o lance de escada correndo o mais rápido possível sem tentar caí, tropeçando em alguns degraus, o desespero fazia com que as batidas não doençem na hora, tudo que importava era fugir dali o mais rápido.

Chegamos ao último degraus, eles tavam quando nos alcançando, fechamos a porta com pressa somente pra perceber que o trinco estava quebrando, começando a arrastar as coisas para impedi que eles conseguissem abrir ela.

Eles começaram a pular na porta forçando ela, graças ao armário que tínhamos arrastando quando chegamos na porta, devíamos ter notado que aquele armário tava ali por um motivo.

Na adrenalina do momento Yasmin teve o braço agarrado, tentei puxa-la enquanto eles empurravam a porta, as unhas cravavam na pele dela e ela gritava.

- Caleb me ajuda! Ahh

- Puxa Yasmin puxa! - Estava despertado.

- Caleb - Ela gritou quando percebeu que eles estavam conseguindo sair mais pela freta da porta.

- Espera - Soltei ela por um momento, quando vi uma barra de ferro perto, mirei para bater na cabeça do monstro quando minha irmã deu um grito arrepiante.

Então vimos, o braço dela sendo mordido, o zumpiro tinha arrancado um pedaço dele, foi a deixa para mim dar uma batida e ele cai pra trás, bati com toda força que tinha no armário finalmente fechando a freta, porém eles continuavam batendo e era óbvio que iam consegue abrir.

- Vai embora ! - Ela gritou chorando - Eu. Fui infectada, acabou pra mim!

- Eu não vou te deixar - Eu olhei o braço ensanguetado da minha irmã - Vamos da um jeito! você vai ficar bem!

Comecei a falar chorando, aquilo não podia está acontecendo com ela, não com Yasmin.

- Caleb acabou, não tem mais jeito - Ela olhou para mim com os olhos cheio de lágrimas e tirou a aliança - Agora é hora de você seguir sozinho maninho, me perdoa por não ter cuidado de você direito.

- Yasmin...

Eu não conseguia pensar em nada, simplesmente não podia aceitar àquilo.

Ela se levantou e colocou a aliança e minha mão e me deu um tapa na cara.

- CALEB VAI EMBORA AGORA- Me assustei e me recuperei do choque - Eu consigo sentir a infecção se espalhando pelo meu corpo, vá.

- Não, vou ficar e morrer com você - Falei.

- Não, você não vai - Ela falou - Eu já vi uma irmã morrendo e todos que amei, por favor como meu último pedido vá embora e sobreviva!

- Mas eu te amo - Falei.

- Eu tambem, é por isso te peço isso, e por me amar você deve fazer.

Peguei minha mochila e a dela e sai correndo, iria fazer o que ela pediu.

Comecei a correr pelo corredor há fora a caminho da luz do dia que ainda restava, ao longe podia ouvir os gritos animalescos do que um dia foi minha irmã.

Atualmente.

Após contar o que aconteceu naquele dia para Pietra percebi que estava chorando, era a primeira vez que havia falado em voz alta e para alguém o que havia acontecido, aquilo não tinha aliviado a dor como antigamente os terapeutas falavam, comecei a rir e chorar ao mesmo tempo pensando nesse fato idiota.

- Caleb - Pietra falou e dessa vez quem me abraçou foi ela.

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⏰ Última atualização: May 22, 2021 ⏰

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