「 𝖯𝗋𝖾𝗌𝖺 𝖯𝗈𝗋 𝖠𝖼𝖺𝗌𝗈 」- 𝖲𝗂𝗒𝗈𝗈𝗇

Capítulo 11

Conforme cada página era engolida pelo cérebro de Heyoon, Sina assistia cada reação da menor, que estava deitada em sua cama enquanto Sina estava apoiada na grade do lado de fora, vendo o movimento dos corredores e, disfarçadamente, admirando Heyoon.

Um riso gracioso chamou a atenção de Sina, que até tentou ignorar, mas não conseguiu.

-- O que está lendo? -- Sina perguntou e Heyoon abaixou o livro e ergueu a vista para Sina, vendo-a de braços cruzados do lado de fora.

-- Uma comédia romântica. -- Heyoon disse e Sina assentiu. A menor percebeu que Sina iria dizer algo, porém fechou a boca sem proferir palavra alguma. -- Já leu esse? -- Ela perguntou, erguendo o livro para Sina ver a capa alaranjada e amarelada, onde continha duas mulheres.

-- Já li todos eles. Esta semana chega mais livros que pedi. -- Sina falou e Heyoon assentiu.

-- Posso pedir alguns também. Só preciso esperar minha irmã vir me visitar. -- Heyoon disse e Sina deu um passo para dentro da cela.

-- Ela ainda não veio te ver ou estou enganada?

-- Veio no dia que cheguei, mas ela anda ocupada com algumas coisas importantes. -- Heyoon disse, colocando o marcador de páginas no livro antes de fechá-lo.

-- Quanto tempo você, uh, pegou? Você disse à médica que não pode ter a pena reduzida. -- Sina falou, entrando de vez na cela antes de encostar na parede, parando de frente para Heyoon.

-- Vinte e dois anos. -- Heyoon disse, vendo Sina arregalar os olhos. -- E você?

-- Não te in...

-- Para com isso. -- Heyoon pediu, vendo os olhos verdes a encararem após terem fitado o chão. -- Está claro que você quer conversar comigo e se aproximar. Eu não sei por qual razão você precisa tentar manter sua pose de durona, mas comigo isso realmente não está funcionando. -- Sina bufou.

-- Não é uma pose. -- Sina falou e Heyoon riu baixinho.

-- Tudo bem, mas mesmo que você seja assim, comigo não está funcionando. Está ficando vergonhoso você tentar me evitar, mas sempre puxar assunto.

-- Eu não sei por que eu ainda ouço o que você diz. -- Sina reclamou e Heyoon riu, levantando rapidamente da cama para prender os dois braços ao redor de Sina, impedindo que ela voltasse a sair.

-- Não precisamos ser amigas, se é isso que teme, porém tampouco precisamos ser duas desconhecidas, Sina. -- Heyoon falou e Sina olhou para os braços magros ao seu redor.

-- Você realmente não tem medo de mim, não é? -- Sina perguntou com o músculo do maxilar enrijecido e Heyoon sorriu.

-- Às vezes, mas cuidando de mim e se preocupando comigo do jeito que você faz fica difícil manter em mente que preciso ter medo de você. -- Sina suspirou e a fitou.

-- Só senti pena de uma pobre coitada que seria vítima de Beatrice. -- Sina disse e Heyoon sorriu. Qual era o problema dela que, não importava o que Sina falava, sempre sorria?

-- Você se preocupou mais cedo com a minha alimentação, Deinert. Você realmente precisa melhorar seus argumentos. -- Heyoon disse e Sina a empurrou.

-- Eu não preciso melhorar porra nenhuma. -- Sina disse exasperada e Heyoon encolheu os ombros.

-- Como quiser. -- Heyoon falou, voltando a se deitar em sua cama e retornando para sua leitura. Os olhos verdes fitaram a decepção estampada no rosto da menor e logo ela bufou.

-- Não precisamos ser amigas se conversarmos? -- Sina perguntou e Heyoon a fitou.

-- Não quero mais conversar com você. -- Heyoon disse, voltando a olhar para o livro.

-- Por quê? Você queria até trinta segundos atrás. -- Sina disse confusa.

-- Você precisa aprender que nem tudo é como você quer. -- Heyoon rebateu e Sina bufou.

-- Eu não sei porque perco o meu tempo com você. -- Sina disse bufando, saindo da cela novamente e voltando a cruzar os braços.

Heyoon se escondeu atrás do livro apenas para sorrir. Decifrar Sina era fácil demais e, em apenas alguns dias, ela não entendia como todas as detentas temiam aquela garota.

Ela viu como a maior bufava a cada cinco segundos e sabia que estava com seu ego ferido, então fez algo para a outra restabelecer a paz interior.

-- Sina? -- Heyoon chamou e a garota colocou a cabeça para dentro da cela. -- Está entediada?

-- Por qual outra razão eu teria puxado assunto com você? -- Sina disse e Heyoon sorriu. A resposta grossa já era imaginada.

-- Quer ler comigo? -- Heyoon perguntou e Sina piscou lentamente, cética. -- Já disse, não seremos amigas. -- Falou, deitando mais para o canto e Sina assentiu, se deitando ao seu lado.

-- Em qual parte está? -- Sina perguntou.

-- Na parte onde o meninão é descoberto pelas amigas da protagonista. -- Heyoon disse e Sina riu.

-- Eu adoro esse livro. -- Ela disse e Heyoon se permitiu contemplar sua beleza de perto. Não foi uma olhada de soslaio, foi uma olhada daquelas que deixam bem claro para você que está sendo observada. 

-- Não vai mesmo me dizer quanto tempo pegou? -- A menor perguntou e Sina a fitou.

-- Sempre insistente assim? -- Heyoon sorriu e aquiesceu.

-- Sempre. -- Respondeu sorrindo e Sina bufou.

-- Sete anos, mas já cumpri três e por bom comportamento já reduzi mais dois. -- Heyoon sorriu ainds mais e se virou de lado, ficando de frente para a maior.

-- Bom comportamento, hm? -- Heyoon perguntou provocando enquanto o sorriso enfeitava seus lábios. -- Não estou surpresa.

-- Não está? -- Sina perguntou surpresa e Heyoon meneou a cabeça.

-- Não. Eu não sei por que as garotas temem você, mas já percebi que você é boa.

-- Ninguém nunca ousou cruzar o meu caminho aqui dentro para eu provar o contrário. -- Sina disse friamente e Heyoon sorriu com a língua entre os dentes.

-- Eu ousei. -- Heyoon disse rindo baixinho. -- Te desafio o tempo inteiro, não percebeu? E ainda assim você não fez nada.

-- Talvez eu não queira fazer nada. -- Sina falou e Heyoon fitou seus lábios. Deveria ser delicioso beijar aquela boca.

-- É nisso que eu queria chegar. -- Heyoon disse, fitando-a. -- Por que comigo é diferente? -- Sina se obrigou a fitar apenas seus olhos, porém a forma como os olhos de Heyoon estavam fixos em seus lábios não estava ajudando muito em sua concentração. A maior suspirou rendida e começou:

-- Você me ajudou... -- O barulho de um cassetete atingindo as grades atraiu a atenção de ambas.

-- Jeong, você disse que iria à enfermaria e já está quase na hora das celas se fecharem. Então vá. -- Uma policial loira requisitou e Heyoon assentiu.

-- Me conta depois? -- Heyoon sussurrou e Sina negou, se levantando.

-- Não tenho nada para contar.

-- Sina! -- Heyoon disse e Sina cruzou os braços.

-- Estão te esperando. -- Ela disse e Heyoon bufou, mas deixou o livro sobre a cama e saiu.

Sina iria lhe contar, droga! Mas apesar de Sina ter mudado de ideia em relação a dizer, Heyoon não desistiria fácil.