9: O Carro Prata

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1- Antenor

- Tio Anty. - Eu, com desgosto, fui apertar a mão dele. O motivo de eu não gostar dele vem a seguir:

- Nossa! Que mão forte! Parece que alguém deixou de ser mariquinha finalmente! - Falou ele, com muito orgulho e ironia na voz.

O irmão mais novo do meu pai era exatamente o que significa, o irmão (meu pai) mais novo. Ele era simplesmente mais nojento que meu próprio pai. Principalmente pelo fato que ele adora ser o mais sarcástico possível. Antenor nunca gostou de mim, assim como eu. Às vezes que eu apanhava quando ele via, dava para sentir o gosto que ele tinha de me ver sofrer. O homem morava em Nova York, bem longe daqui, felizmente.

- AH MEU DEUS! - Laura grita ao ouvir o estouro de um vaso de flor.

- Cuidado aí, Cunhada. Josh, vá pegar uma vassou e pazinha. Limpe isto.

- Claro. - Falei emburrado e vazei para a cozinha.

Depois que o carrasco me observou arrumar aquela bagunça toda - feita por mim, admito - ele fala:

- Beleza, Josh. Agora faz o favor e me traz um copo d'água. - Ele falou, me fazendo querer explodir.

- Por que você está aqui mesmo, tio Anty? - Perguntei. Ele parou, me olhando feio. Mas ele sabia que tinha sido apenas uma pergunta, não podia me acusar de nada. Minha mãe só observava.

- Bom, estou com uma semana de folga da polícia. Como meus filhos e minha esposa já estavam com planos para ir na casa da avó, eu vim aqui visitar. Aproveito pra visitar meu irmão acidentado do hospital.

- Ele vai ficar muito feliz em te ver. - Laura passa a mão em seu ombro.

- Com certeza. Estou com saudades daquele homem de deus!

- Você quer ir hoje?

- Seria ótimo, Laura!

Fiz o que o mandão mandou e subi para o meu quarto. Nem acreditava que saiu um cara asqueroso para entrar o demônio em pessoa. Que inferno aquela situação estava. Que inferno e que desgraça era eu fazer parte daquela família. Mas eu precisava me acalmar. Sentia algo sair de dentro de mim e fazer todos os livros do meu quarto flutuar.

- Não perde a cabeça, Joshua.

Batem na porta e todos os meus livros caem de uma só vez.

- Josh? - Era a voz de Jordan me chamando. - O que está acontecendo aí?

- N-nada. - Falei e começo a arrumar tudo o que posso. Quando termino, abro a porta. - Ei. - Jordan estava parado com uma cara de nada.

- Ta tudo bem?

- Ahm, tá sim. O que foi?

- Viu quem tá aí?

- Ah, nem me fale nisso.

- Laura quer que a gente vá no hospital. Me mandou te chamar.

- Eu preciso mesmo? Vou ter que sair.

- Sim, vai. - Antenor aparece por trás de meu irmão. Minha cara azeda fica mais azeda ainda - Ah, qual é Josh, fiquei sabendo que você não foi lá até agora.

- Eu não podia, tio Anty. Fiquei-

- Tatata, não preciso ouvir desculpas. Mas agora você vai cancelar tudo que você tinha para fazer. - Falou, mas eu não respondi. - Entendeu? - Depois de um tempo de relutância, balancei a cabeça. Não queria causar problemas com ele. - Bom. Saímos em 10 minutos.

Que inferno! Eu não queria visitar meu pai em nenhum momento até ele sair de alta. Precisava apreciar cada momento que eu não precisava olhar na cara dele e agora sou obrigado a isso. Vão se fuder!

Florescer (Joshler)Onde histórias criam vida. Descubra agora