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"Era horrível sentir algo por ele. Mas pior era fingir que não sentia."

Abraço meu corpo com intuito de aquecer meus braços nus

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Abraço meu corpo com intuito de aquecer meus braços nus. E mesmo assim parece inútil tentar gerar algum tipo de calor para meu corpo. Né minhas pernas que são cobertas por calças jeans reclamam do frio que chicotea me sem dó.

Esse é o único momento que odeio viver em Palms . É quase impossível fazer uma caminhada agradável as duas da madrugada.Não que caminhar de madruga fosse uma das minhas actividades preferida , na verdade não chegava a ser uma actividade do meu dia-à- dia. Hoje sem dúvida foi uma exceção, que jamais voltará acontecer. As madrugadas frias de Palms obrigam nos a ficar em casa ou pelo menos em algum lugar que não entre nenhum tipo de vento.

Finalmente avisto minha casa a poucos metros de distância,tudo que me passa pela cabeça é imagem da minha cama quente confortável no centro do meu quarto.

Faço uma caminha rápida até chegar nos primeiros degraus da entrada , entusiasmada para ser recebida com ar quente que acumulou-se durante o dia.Pego na chave por baixo do enorme vaso ao lado da porta , oque me custa um pouco por conta da quantidade de terra que se encontra por dentro dele. Já com as chaves na mão destranco a porta de madeira gasta e passo para parte de dentro da casa, o alívio passa por mim quando o ar quente e confortante me atinge.

Pronta para seguir escada há cima em direção ao meu quarto para deitar minha cabeça na almofada de penas decidida a esquecer os últimos eventos que acontecerá noite passada .

Meu plano de ir directo ao quarto é obrigado a ser alterado. As luzes da sala estão ligas , oque significa que Jay e Ava permanecem acordados ou adormecidos no sofá da sala. Respiro fundo , caminho no corredor que leva a sala , ainda indecisa se improvisaria o papel de irmã mais velha chata ou apenas mantenho a vergonha na cara por estar a ser o pior e infelizmente único modelo de exemplo que meus irmãos tem .

Prometi para eles nunca mais chegar tão tarde em casa. E cá estou eu , as duas da madrugada com nenhuma desculpa suficientemente boa que justifique mais uma vez a quebra da promessa .

Entro cabisbaixa na sala pequena, levanto meus olhos . E dentre todas coisas pelas quais eu esperava encontrar na sala Edgar Flenner em momento algum passou me pela cabeça.

Me aproximo cautelosa ainda em dúvida se era de facto ele ou o efeito do sono , mas isso seria pouco provável,já que foi esse mesmo indivíduo parado a minha frente que fez questão de roubar todo os vestígios de sono que guardava para essa noite.

Edgar não nota minha presença, permanece de costas atento nas fotos posicionadas por cima da velha lareira .Paro perto suficiente para poder sentir seu perfume masculino invadir minhas narinas e mexer com minha estabilidade.

Parece ter sido ontem que pensei não poder viver sem esse cheiro.Me lembro que lavei meu lençol mais de três vezes por dia para tentar tirar seu cheiro nele.

Cai me a ficha e coloco em causa que seu cheiro pode ainda ser viciante embriaga-te. Por isso recuo alguns passos até bater meu pê na mesa decorativa no centro da sala.Não foi suficientemente forte para causar uma queda ou mesmo me magoar mas foi suficientemente barulhento para Edgar perceber que não estava mais sozinho no cômodo .

Egdar virasse para mim tão confuso tal como estou agora. Seus olhos agarram-se de imediato em mim.

Isso não é justo !

Eu mal havia digirindo a informação da volta dele para Palms e já o tenho parado a minha frente.

Eu não estava preparada para isso . Não estava preparada para ter seu cheiro tão perto , ter seus olhos nos meus , apetece me sair daqui agora ,mas lembro me que
esta é a minha casa, é ele quem deve sair.

—Oque você faz aqui? — digo firme , não denunciando minha vulnerabilidade .

—Eu não pretendia entrar, Ava   insistiu tanto que não consegui dizer não .— meu coração aumenta a batida a cada palavra que sai da sua boca .Palavras essas que saiam sem pressa . Posso jurar que só nessa frase o mundo já deu 2 voltas , oque me fez ficar perdida no que direi a seguir.

—Não foi isso que perguntei.Quero saber oque você quer aqui. — minto .

Eu não quero saber ,eu não quero nem se quer ouvir a ele, é muito perigoso a sua voz, seu cheiro ,sua presença, tudo nele agora tornou-se perigoso perto de mim. Não sei se mais para mim ou para ele .

—Eu preciso falar contigo .Preciso muito que você me escute,eu..

—E eu preciso que você vá embora agora!—  minha voz sai cortante.

—Honna!— ele solta propositadamente as 5 letras que formam meu nome no tom de súplica para que eu ceda , mas em vez disso minha paciência vai ao limite e dou passos largos desesperados para chegar na porta com a certeza de que Edgar caminhava no mesmo ritmo por trás para tentar alcançar me—Honna por favor — no mesmo momento que seus dedos encostam em mim eu levo brutalmente meu braço para longe do seu toque.

—Não encosta em mim.—Continuo  em direção a saída e pego na maçaneta e abro a porta deixando espaço mais que suficiente para Edgar Flenner poder sair. —Sai.

O frio de fora  ja não tem mesmo enfeito, ou tanta importância quanto eu me livrar dele agora .

Edgar parado alguns centímetros , seus cachos bagunçados voam contra vento e alguns dos meus fios loiros livres do coque mal feito no topo da cabeça brincavam no meu rosto enquanto fixo no castanho claro das iris que tentam de alguma forma ler meu semblante neutro.

Esforço o  máximo para ocultar todos os sentimento que borbulham descontroladamente dentro de mim . Isso nunca foi um problema, até conhecer ele , que facilmente desmoronava qualquer muro que eu capaz de construir. É tão difícil manter tudo cá dentro quando se tratava de Edgar. Eu sentinha tanta coisa em relação a ele .Mas precisava manter me forte , desta vez  não saberia dizer qual que revelariasse primeiro caso eu cedesse aos meus sentimentos.

Raiva , magoa, culpa e decepção, muita decepção?

Segundos de silêncio foram passando até Edgar baixar cabeça e encarar os próprios pés.

É bom demais ver ele redimir-se. Mas não é isso que eu quero que ele faça agora , eu preciso dele longe . Ver ele tão perto faz minhas lágrimas quererem sair.

—Eu lamento muito Honna .

—Eu já não Edgar. Agora Sai! — digo , mais exigente .

Edgar levasse para fora, antes que ele possa virar para dizer algo a porta bate contra o arco, e finalmente respiro ao mesmo tempo em que escorrego as costas na porta até sentar no chão gelado.

Na meia escuridão ,silêncio e o vazio do corredor eu me pergunto como podemos ter chegado nisso ?

Era horrível sentir algo por ele. Mas pior era fingir que não sentia.

Não aceitar que aquilo me destruía por dentro.

As lembras que eu tinha dele me assombravam todas as noites nos meus sonhos , onde éramos  oque precisávamos ser um para outro.

Nos meus sonhos éramos algo melhor que isso.

Algo que talvez daria certo.

Ondas não levam Onde histórias criam vida. Descubra agora