Série: clichês eletrônicos
Quando Remus Lupin se afasta de Sirius depois de mais uma brincadeira imprudente, o maroto passa a postar todos os dias fotos de ambos no Instagram, listando os motivos os quais Remus deve perdoá-lo. Cada lembrança, no ent...
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Motivo 4 para o @moony me perdoar: Porque eu não deixo que te acordem quando você tá dormindo, nem durante as aulas. Quem é que vai deixar você dormir até tarde porque é bonitinho? (É isso, seus bando de pau no cu. Eu sou apaixonado pelo meu amigo kkkkk)
— Será que se eu excluir essa merda de rede social funciona?
Remus tragou mais fumaça do que os pulmões conseguiam aguentar, não escondendo a careta no rosto corado. Balançava a perna, de forma inquieta, no mesmo ritmo em que batucava com o celular na coxa, olhando para um ponto cego no horizonte. Já se passavam horas desde o momento em que vira a última postagem, e ela ainda latejava em sua mente. Mais especificamente a última sentença.
Eu sou apaixonado pelo meu melhor amigo.
kkkkk
Cada k parecia um soco em seu estômago.
Não era como se não soubesse antes, mas agora estava nítida a verdadeira intenção daquelas postagens: exibição. A postagem não era dedicada a Remus Lupin, de fato, era uma resposta aos comentários da postagem antiga, um tipicamente Sirius Black, de quem quer sair por cima da situação. Não estava surpreso e, ainda assim, sentia-se atingido.
Remus gostava de Sirius. Gostava dele de verdade. Foi por isso que se afastou, não para fazer mal a ele, tinha muito mais a ver com livrar-se do carma daquele relacionamento unilateral e a toda vez que estavam próximos, Remus se sentia sufocar. Aquele tipo de brincadeira era comum. “Olha como ele dorme bonitinho, repara na bundinha arrebitada, James” ou “Se a gente não tiver namorando ninguém até os trinta eu vou me casar com você”. Acontece que Remus não queria namorar ninguém além de Sirius, quem sabe. Não conseguia olhar para mais ninguém! E as brincadeiras não ajudavam.
Não ajudava também quando Sirius bebia demais e lhe beijava escondido num corredor escuro ou num quarto onde ninguém poderia vê-los. Não ajudava quando dormiam, os dois juntos, no mesmo colchão no quarto de James. E definitivamente não ajudava quando Remus cedia às necessidades de Sirius.
— Pede pra ele parar… — Lily encolhia os ombros diante da óbvia sugestão.
A aula ainda não tinha começado e os dois estavam sentados na mureta de frente ao colégio. Lily somente chegara mais cedo porque Remus parecia surtar ao lhe mandar mensagem e para ela era sempre melhor conversar pessoalmente. Mas ele negava. Tragava mais uma vez o cigarro e negava.
— Toda opinião divergente que eu e o Sirius temos termina em briga — explicava, mordendo o lábio inferior — Não existe uma forma de conversar civilizadamente, ele sempre se enche de ego, o peito chega a inflar. Porque o Sirius está sempre certo, mesmo quando tem as ideias mais absurdas. Sirius está sempre certo.
