Prólogo

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E o segredo é que isso machuca cada vez menos,

até o ponto em que você não sente mais nada.

(Chuck Palahniuk)


— Tachi, eu sei que você quer. Por que resiste? Quer enganar você ou a mim? — Shisui sussura enquanto aperta minha ereção por baixo da batina.

Reúno toda minha força de vontade para sair do seu aperto e vou direto para o meu quarto, tentando, em vão, afastar todas aquelas sensações que o outro Uchiha causa em mim. Bato a porta com força, pego meu chicote e logo me ajoelho aos pés da cruz ao lado da minha cama.

Eu sou fraco. Meu corpo reage contra a minha vontade. Eu não posso. Eu não posso. Eu não posso. Me bato com mais força, mas isso não faz minha ereção desaparecer. Quanto mais tento esquecer, mais me lembro.

Todos os dias sigo brigando comigo mesmo, mas sempre me dou por rendido e sigo em silêncio na busca de saciar os meus desejos profanos. Não importa o quão impuro eu me sinta depois, a única coisa que eu anseio agora é o calor de seus lábios passeando pela minha pele, suas mãos apertando firmemente minha cintura e seu pênis pressionando meu corpo.

Não se trata de "se", mas de "quando". Em algum momento da noite eu iria ceder e é exatamente isso que está acontecendo agora.

Aqui estou eu, mais uma vez saindo na calada da noite e indo em direção aos aposentos de Shisui Uchiha, mais uma vez cedendo aos minhas tentações e mais uma vez caindo nas suas provocações.

Caminho descalço pelos corredores da Basílica de São João de Latrão, para não chamar atenção de nenhum dos outros seminaristas ali presentes e muito menos dos Padres.

Ameaço bater em sua porta, mas ela já está aberta, como em todas as outras noites. Shisui me conhece bem. Por mais que eu insista em dizer que não, no fim, eu sempre volto. E ele sabe. O prazer de estar sob os seus braços é como ópio. E como um viciado, me jogo nas tentações e pereço ao pecado.

— Sabia que voltaria, Tachi. — Ele diz com um sorriso vitorioso iluminado apenas pelas velas no candelabro em sua mesa de estudos.

Seus braços fortes aprisionam meu corpo assim que passo pela grande porta de madeira escura e seus lábios tocam minha orelha de maneira sedutora fazendo com que minha ereção cresça ainda mais.

— Não podemos, você sabe disso. — Digo em um sussurro, com meu último resquício de racionalidade, enquanto suas mãos acariciam minha face.

— Não tem nada de errado em amar, Itachi. — Seu hálito bate quente em meu pescoço. — Façam tudo com amor, 1 Coríntios 16:14. — Seus lábios tocam minha pele, céus, eu vou ceder. — É exatamente isso que estamos fazendo.

Seus lábios juntam-se aos meus da maneira mais insana possível. É tudo tão errado mas ao mesmo tempo parece tão certo, que é simplesmente impossível não se entregar ao nosso amor proibido.

A mão dele segura minha nuca, enquanto com a outra apalpa firmemente as minhas nádegas. Sua boca corre pelo meu pescoço, causando um arrepio bom e, sem que consiga controlar, da minha boca escapam gemidos e lamentos. Eu clamava por mais, sempre mais.

Tiramos nossas batinas com pressa, não teríamos muito tempo, com a basílica em silêncio, o menor barulho ecoa pelos corredores vazios. É insano, perigoso, profano demais e isso torna tudo ainda melhor. Nada pode nos separar.

Entre o Sagrado e o ProfanoOnde histórias criam vida. Descubra agora