II

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CAPÍTULO 2 

Se, amar-te, pecado for, pecador sempre serei … 

Se não, oh! Deus me dizeis … Pois quero morrer de amor.”

—  Vagalumes que choram. 



O sol ilumina a praça de São Pedro, a principal do Vaticano, situada à frente da Basílica mais conhecida do mundo, o lugar que há séculos dita os rumos da história. A arquitetura detalhada e deslumbrante dá uma elegância para a cidade, isso me deixa encantado. É tudo tão grande e magnífico que é impossível não se 

sentir minúsculo e insignificante, mas não se engane, nem nos meus maiores pesadelos eu considerei viver algo assim. 

Eu, Itachi Uchiha, um ateu, pederasta, fui enviado a Roma para tornar-me padre. Ainda não consigo acreditar que isso está acontecendo de fato e se eu acreditasse em Deus, nesse momento, tenho certeza que ele estaria rindo de mim. Que tipo de ser sádico e mesquinho faz isso com uma pessoa? Eu sei o que preciso fazer, não é como se eu tivesse muita escolha. 

O interior da basílica é ainda mais impressionante que a parte externa. O teto desenhado por passagens bíblicas, todas aquelas que fui obrigado a conhecer antes de vir para cá, o chão de mármore decorado, brilhante e escorregadio, estátuas, tantas estátuas de santos que eu nunca ouvi falar, no alto das paredes cobrindo todo o perímetro da sala, letras maiores que eu escrevem qualquer coisa,  provavelmente em latim, que eu não sou capaz de entender. É bonito, não posso negar. Mas talvez seja bonito demais.

Caminho por infinitos corredores e sou acompanhado por um homem, que deve ser um padre, mas ele não fala inglês tanto quanto eu não falo latim ou qualquer que seja idioma que ele utilize. Ele me empurra quando quer que eu ande mais rápido e puxa a barra da minha camisa quando quer que eu pare. Toda vez que eu penso que terminou, descubro que ainda existem mais corredores.

Acabei de chegar e não aguento mais. 

Quando finalmente paramos em frente a uma porta, tão grande que vinte homens poderiam passar de uma vez, o homem bate na porta e vai embora. Eu fico parado sem entender nada, até que outro homem abre a porta e me convida para entrar. Apesar de não parecer ser muito mais velho que eu, seus cabelos são completamente acinzentados.

— Seja bem vindo, eu sou o Bispo Kakashi. — Ele diz entediado e mesmo com a grande cicatriz em seu olho esquerdo, não consigo perceber um único traço de maldade em seu rosto.

— Itachi Uchiha. — Respondo tão desanimado quanto.

— Você chegou cedo, a cerimônia ainda vai demorar um pouco. Fique à vontade, você está em casa agora. — Ele abre um sorriso que parece sincero.

Kakashi não espera uma resposta e sai logo em seguida para recepcionar outro seminarista. Procuro o lugar mais distante e, depois de andar o dia inteiro, meus pés agradecem assim que me sento. Quase agradeço a Deus por isso. Quase.

Como tudo naquele lugar, a sala era linda. É tanta beleza e tanta perfeição que não parece real. Acho que a única coisa quebrada aqui dentro sou eu. 

Observo com atenção cada homem que passa pela porta. Uns jovens, outros velhos e eu me pego tentando imaginar o que levou cada um deles até ali. Será que foram obrigados também? Será que vieram porque quiseram? Porque alguém escolhe isso para si próprio? Será que ele tá aqui? 

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— Ótimo, Itachi. Eu sabia que você não decepcionaria sua família. Sente-se, vamos conversar.

Entre o Sagrado e o ProfanoOnde histórias criam vida. Descubra agora