Half Moon

Welcome to asylum,baby.

ALICE'S POV.

''É uma contínua série de pequenas tragédias, é o que leva um triste homem ao manicômio...''

-O manicômio,Charles Bukowski.

Hoje é quinta feira,e isso significa ter que visitar meu irmão no manicômio especial para adolescentes.Isso sempre é difícil e martirizante.Jake,meu irmão,foi o responsável pela morte do meu pai a 2 anos atrás.Até hoje eu ainda vivo chocada com o fato de ser orfã de pai porque meu irmão o matou covademente.É difícil pensar que o cara mais bondoso e gentil que eu havia conhecido na vida foi assassinado pelo seu próprio filho,o filho que ele amara tanto,que ele confiara tanto,atirou no meio de sua testa sem nem mesmo ter motivo para fazer o mesmo.Minha mãe se nega a ir visitar Jake,e eu a entendo.Então,toda quinta-feira à tarde eu movo meus pés até a Cliníca de reabilitação para adolescentes psicopatas e a cada vez que vou lá volto mais traumatizada do que fui.

Jake me recebe com tanta frieza e revoltância que me preparo a manhã inteira para poder ir visitá-lo.As vezes eu me faço a seguinte pergunta:Por que ainda vou naquele inferno de manicômio para visitar o cara que matou a pessoa que eu mais amei em toda a minha vida?E eu realmente não sabia a resposta.Isso parece tão tolo e ingênuo da minha parte que acabava sendo perturbador.

Tudo aconteceu em uma quarta a tarde.Meu irmão ligou para o meu pai e disse que precisava que ele fosse no parque buscá-lo,pois ele estava muito bêbado.Meu pai,então,foi buscá-lo.Ao chegar lá Jake atirou no meio de sua testa.Como a polícia estava fazendo ronda naquele local logo que ouviram o tiro encontraram Jake paralizado e com a arma em mãos.

Jake apenas disse que tinha bebido demais e estava fora de sí.Nunca explicou o que aconteceu em detalhes,e cada vez que eu pensava no acontecido mais eu ficava mal e destruída por dentro.

O sinal tocou e eu distanciei esses pensamentos da minha mente.Andei pelo corredor e de repente me colidi com alguém.Luke.

-AI DROGA!-Luke gritou passando a mãos esquerda em seu ombro.

-Perdão...-eu disse seguindo em frente.

-Ei!-Luke gritou me fazendo olhar para trás.-Eu que devo pedir desculpas.

Eu apenas assenti e dei uma corridinha rápida até o meu carro.Coloquei o cinto de segurança.Tentei relaxar meus ombros e respirei fundo,tentando distanciar a minha angustia.

Cheguei em casa e passei pelo jardim com rapidez,abri a porta e gritei o nome de minha mãe.Ela não estava em casa.''Como sempre'' pensei alto.Fui até o meu quarto,me troquei e me joguei na cama.Senti meu celular vibrar no meu bolso e logo o tirei de lá.Calum estava me ligando.

-Oi!-disse ele com um tom de voz alegre e meio envergonhado.

-Oi.-eu disse tentando transparecer ânimo.

-O que foi?-Calum perguntou meio serio e preocupado.

-O que foi o que?-perguntei disfarçando,droga!Ele tinha percebido.

-Você está estranha...parece triste.-ele disse suspirando.-Aliás,você ficou estranha a manhã toda.

-Impressão sua,Cal-eu rebati desabando.As lágrimas que eu tanto segurei contornaram meu rosto com rapidez.Exclamei um ''Droga'' e solucei.

-Alice,estou indo pra sua casa agora.-ele disse com firmeza.Pensei em dizer algo como ''Calum,meu Deus!Eu estou bem.''Mas ele já tinha desligado.

Se Calum iria vir para cá é porque se importa comigo.Então eu vou compartilhar o que está acontecendo com ele.Eu confio em Calum,e além disso,eu realmente precisava conversar com alguém.