Capítulo 1

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― Bu! ― Senti o hálito quente percorrer meu pescoço fazendo com que eu me arrepiasse

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― Bu! ― Senti o hálito quente percorrer meu pescoço fazendo com que eu me arrepiasse.

― Sai daqui, filho da mãe! ― reclamei, colocando a mão no coração como se pedisse para que ele ficasse bem quietinho dentro do meu peito.

Samuel, meu melhor amigo, apenas riu, dando a volta em meu corpo e sentando na varanda ao meu lado, onde eu trabalhava bem concentrada prendendo os tsurus brancos nos fios de nylon.

― Espero que minha prima esteja te recompensando muito bem por isso ― comentou, passando-me uma das pequenas aves, para que eu pudesse enfiar na linha transparente e finalizar mais uma fileira, que eu gostaria que fosse a última, para seu mural de fotos do chá de cozinha que aconteceria esse final de semana.

Rolei os olhos para meu amigo.

― Ela vai. Um dia, quando eu me casar, juro que ela vai pagar pelas noites que passem sem dormir, pelos papeis que dobrei e pelos dedos queimados com a merda dessa cola quente, com...

― Acho bom você pensar em outra coisa, gatinha ― Samuca me interrompeu. ― Você não vai casar, já te disse isso.

Afirmou como se fosse um decreto.

― Ué! E por que eu deveria ficar solteira para sempre? ― Parei o que estava fazendo, colocando as mãos na cintura e encarando meu amigo com um ar questionador.

Os olhos castanhos claros me escrutinavam, divertidos, me encarando de volta, como se a resposta fosse óbvia demais.

― Meu amor, você não vai ficar solteira para sempre. Nós dois seremos eternos solteirões ― levantou, passando o braço por meu ombro, virando-me na direção exatamente oposta à qual eu estava.

Ergui a sobrancelha sem entender, e ele moveu a mão como se mostrasse um futuro certo para ambos e, de acordo com a sua visão, seria perfeito.

A mudança de posição até me ajudou, tornando possível que eu pudesse ver as árvores e algumas das plantas meticulosamente cuidadas por tia Maura, mãe de Samuca, onde eu pretendia pendurar alguns dos tsurus também.

― Não me lembro de ter assinado nenhum acordo, onde aceitava algo do tipo ― falei, dando um cutucão em sua costela com meu cotovelo.

― Pensa só, nós dois, melhores amigos, viajando o mundo juntos e nos envolvendo nas maiores aventuras. Faremos o que quisermos e bem entendermos. ― Encarou-me com um sorriso enorme nos lábios. ― Agora me fala se você poderia fazer algo do tipo se estivesse casada?

― Claro que poderia! ― respondi, quase ofendida com a suposição. ― Faria isso com meu marido maravilhoso, dono de um tanquinho divino, um ótimo cozinheiro, que amaria viajar com a esposa, no caso, eu, claro, para qualquer lugar do mundo. Um moço prendado, estilo Rodrigo Hilbert, sabe?

Apenas amigos: era o que eles diziamOnde histórias criam vida. Descubra agora