A brisa fresca de fim de tarde bagunçou os fios do meu cabelo enquanto caminhávamos na areia fria e úmida da praia.
Eu sempre gostei do barulho das ondas. Era como um calmante natural. Toda vez que eu precisava pensar sobre o que quer que fosse, era exatamente para a praia que eu acabava indo.
Samuca, depois de resmungar parte do caminho sobre eu estar mudando de lado, parou de falar do primo quando eu jurei que voltaria para casa e o deixaria sozinho. Então ele começou a contar animado sobre uma nova oportunidade que havia surgido em seu trabalho, era uma promoção que – para quem já ganhava em dólar – deixaria meu amigo quase rico para nossos padrões brasileiros.
Eu não podia estar mais feliz por ele. Samuca começou a dedicar-se ao trabalho ainda bem cedo, fazendo parte dos programas de jovem aprendiz que dá oportunidade a meninos e meninas no mercado de trabalho.
Aos dezoito era destaque na empresa que havia dado uma oportunidade a ele e antes dos vinte, tinha sido contratado pela empresa para quem trabalhava atualmente. Tendo sido criado, apenas pela mãe e sem nem sequer saber quem era seu pai, sempre foi muito responsável, especialmente em se tratando da mãe. Eu me orgulhava muito da relação respeitosa que ele tinha com a mãe.
Quanto mais Samuel falava sobre a nova empreitada, mais eu sentia uma coisa estranha no peito. Orgulho, eu acho. Via seus olhos brilhando olhando para mim, feliz, ao falar sobre os novos desafios e planos que começariam.
― E vocês estão gostando de morar aqui? ― perguntei mais por desencargo de consciência. Tinha que ser louco para não estar gostando.
A casa era claramente enorme. Cinco quartos, sendo três suítes. Uma varanda enorme com espaço nas laterais e no fundo da casa. A melhor parte era a praia, que ficava a apenas cinco minutos a pé.
Samuel morava no paraíso.
― Amando ― confessou sorrindo. ― Queria poder passar o dia todo olhando o mar aqui durante o dia. Você precisa ver quando fica tudo azul. É difícil diferenciar onde acaba o mar e começa o céu.
Olhamos para o mar à nossa frente que já não estava mais tão azul. Era fim de tarde e os últimos raios de sol deixavam o céu alaranjado, como uma tela pintada a aquarela.
Não queria que ele se acostumasse tanto àquele lugar, aos novos vizinhos e amigos que faria. Tinha medo que Samuca acabasse esquecendo-se de mim.
Laís estava certa em uma coisa, nós dois tínhamos uma ligação única, então, para mim, era impossível imaginar a minha vida sem tê-lo fazendo parte dos meus dias. Nossas ligações diárias e mensagens trocadas a qualquer hora do dia ou da noite, eram tão naturais quanto respirar.
― E você, nenhuma novidade para contar? ― perguntou, depois de passar alguns segundos calados, assim que acabou de contar as peripécias da semana.
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Apenas amigos: era o que eles diziam
RomanceApenas amigos, era o que eles diziam. Jaísa e Samuel tornaram-se melhores amigos ainda na adolescência e viveram, lado a lado, os melhores e piores momentos de suas vidas. Ela era o seu equilíbrio, ele o seu porto seguro. Mas uma noite tem o pode...