― Cara, eu vou te perguntar uma coisa, mas não me leva a mal não, beleza? ― Silvio, um dos meus amigos do prédio, perguntou, enquanto passava o carro por mim.
Estávamos nós dois, Pedro e Arthur, o quarteto fantástico, jogando vídeo game na casa dele. O filho da mãe me distraiu e eu tinha agora que recuperar a minha posição em primeiro lugar na partida.
― Fala, mas fala rápido. Aproveita e sente o gostinho do primeiro lugar por mais alguns segundos, você sabe que já vai comer poeira novamente ― respondi, concentrado na curva fechada que meu carro da fórmula 1 fazia. Se eu passasse sem bater, a vitória seria certa. Passaria sem problema na próxima reta, já que a curva a seguir era mais aberta e não teria dificuldade.
― Não vale mentir, valeu? Conta aqui pra gente, você realmente não quer dar uns pegas na Jaí? ― Meu olhar abandonou a tela da televisão e foi parar nele.
O mundo ficou em suspenso por alguns segundos. Como assim pegar a Jaí?
― É cara, a gente notou que rola uma parada diferente entre vocês. Eu acho mesmo que ela tá afim de você, e, pra ser bem sincero, você também é caidinho pela ruiva que eu posso sentir. ― Pedro completou.
Eu não respondi, voltando minha atenção para o jogo enquanto fingia que o meu miocárdio não estava batendo descompassado em meu peito.
― Jaí é minha amiga ― falei, sucinto.
Ok! eu já sabia que não era apenas amizade, pelo menos da minha parte. Jaísa havia se entranhado em minha vida e meu coração de uma forma tão intensa, que eu não fazia a menor ideia de quando o sentimento tinha começado. A única coisa que sabia era que eu tinha me apaixonado pela minha melhor amiga.
― Ela também é amiga de todos nós aqui, mas ninguém fica olhando para ela do jeito que você olha ― Arthur afirmou, deixando-me nervoso.
― Vocês estão viajando. Eu olho pra ela normal. Como uma pessoa que eu gosto e quero proteger, sempre, e...
― Não mesmo ― Silvio me interrompeu. ― Você olha para Jaísa como se, por ela, estivesse disposto a andar sobre brasas quentes. A ser o Jack dela, abrindo mão da vida para que ela possa boiar, naquela porcaria de porta que dava sim para os dois juntos.
Sorri por um instante, lembrando-me de quantas vezes Jaí tinha me feito assistir àquela droga de filme com ela, e sim, por mais que eu nunca tivesse admitido, eu teria feito o mesmo por ela. Para que Jaí tivesse a chance de viver e realizar os seus sonhos, mesmo que não fosse ao meu lado.
― Você não precisa assumir pra gente que gosta dela, cara. Mas se gostar, é bom ter em mente que a Jaí está ficando uma gata e os caras vão começar a apelar.
Foi impossível não lembrar de quando Carlos, o meu primo traidor, a beijou. Ele sabia que eu gostava dela e, mesmo assim, não pensou duas vezes antes de enfiar a língua nos lábios carnudos, que eu sonhava em provar. Eu odiei vê-la com Carlos e odiei imaginá-la com outras pessoas.
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Apenas amigos: era o que eles diziam
RomanceApenas amigos, era o que eles diziam. Jaísa e Samuel tornaram-se melhores amigos ainda na adolescência e viveram, lado a lado, os melhores e piores momentos de suas vidas. Ela era o seu equilíbrio, ele o seu porto seguro. Mas uma noite tem o pode...