Capítulo 3

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― Lá na Irlanda, tem uma tradição bem louca

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― Lá na Irlanda, tem uma tradição bem louca. Dizem que sapatos novos não devem ser colocados em cima da mesa. Eles acreditam que fazer isso traz um azar irreversível.

Carlos falou, quando tia Maura colocou os sapatos que ele tinha acabado de lhe dar, em cima da mesa.

Ri, enquanto ela reclamava sobre aquela ser uma tradição absurda, ao mesmo tempo em que minha amiga questionava quem colocava sapatos novos em cima da mesa.

― Tenho certeza de que ele comprou essa droga de sapato pensando em contar sobre essa tradição idiota.

O bebê chorão, popularmente conhecido como meu melhor amigo, sussurrou ao meu lado no sofá enquanto jogávamos uma partida do meu jogo favorito: Mário Bros Nintendo 64. O melhor que existia.

― Larga de ser besta, Samuca ― sussurrei de volta. ― Você me prometeu que ia se comportar.

― Mas eu me comportando ― falou, enquanto deixava o Yoshi cair do precipício e salvava sua própria vida.

― Não acredito que você o matou! ― reclamei.

― Dizem por aí que é assim que conhecemos o caráter de uma pessoa. Quando ela abandona os amigos, não devemos confiar.

Carlos cutucou o primo que retesou o corpo na mesma hora, abrindo a boca para responder.

― Não se atreva ― falei baixo, porém firme.

― Carlos, você quer deixar o Samuca em paz?

Tia Maura reclamou, batendo com o solado do sapato que acabou de ganhar na testa do sobrinho.

― Au! Foi só uma brincadeira, tia! ― Pela visão periférica, assisti Carlos passar a mão no local onde a tia o havia acertado. ― E, como eu sou um primo muito legal, trouxe um presente para meu primo não tão favorito assim.

Samuel bufou ao meu lado revirando os olhos, enquanto Carlos caminhava até ele com as mãos escondidas nas costas. Meu amigo não lhe deu uma gota de atenção, e, por isso, Carlos achou justo parar em frente à TV. Samuca deu pause antes de inspirar fundo e olhar para o primo.

― Trouxe uma coisa que é a sua cara. ― Carlos sorriu e eu não pude deixar de notar que havia ali uma pegadinha. O que ficou claro, para todos nós, quando estendeu uma das mãos revelando uma ferradura.

Ok! Samuca tinha mesmo motivos para trincar os dentes como tinha feito.

― Antes que alguém diga que eu estou te chamado de cavalo, o que certamente não é a minha intenção. ― Olhou para a tia como se estivesse de defendendo de uma acusação. ― Uma ferradura é sinal de boa sorte para os irlandeses. Eu poderia ter trazido um trevo de quatro folhas, mas eles são muito raros ― comentou, fazendo um gesto de desdém com as mãos. ― Mas, para trazer boa sorte, você deve pendurá-lo em forma de U, caso contrário a sorte escorre.

Eu podia até imaginar Samuca internamente remendando o primo. Semicerrou os olhos para Carlos antes de estender a mão e pegar o presente oferecido.

― Obrigado. ― Forçou um sorriso para Carlos, que sorriu largamente como se tivesse atingido um objetivo.

― E, apesar de saber que não nos víamos há muito tempo, é claro que eu também trouxe um presente para a melhor amiga da minha irmã, e do meu primo. ― Sorriu de lado, estendendo a mão que ainda estava escondida atrás do corpo.

Diferente do presente de Samuca, o meu estava embalado. Não era uma coisa grande, mas parecia delicado.

O momento pareceu atrair a atenção de todo mundo, o que me deixou sem graça. Mordisquei o lábio antes de sorrir, completamente sem jeito.

― Não precisava se incomodar.

Falei, sentindo meu rosto ficar vermelho por causa do silêncio que se formou na sala enquanto pegava o delicado saquinho de veludo cor de rosa de sua mão.

― Não foi incômodo nenhum ― garantiu, olhando ansioso enquanto eu desatava as fitas douradas, com o corpo de um melhor amigo quase soltando fogo pelas ventas ao meu lado.

― Ai, meu Deus, que lindo! ― Foi impossível conter a empolgação em minha voz.

Era lindo mesmo!

Um globo de neve com um tipo de templo. Mas era a coisa mais delicada e cheia de detalhes que eu já tinha visto na vida.

Carlos pareceu muito feliz com a minha reação.

― Fico feliz que tenha gostado.

― Eu amei ― falei, analisando os detalhes da peça.

― É a maior igreja de Dublin ― comentou, enquanto eu encarava fascinada o globo, virando-o para que a neve caísse e depois desvirando para ver como parecia ser uma réplica perfeita.

― Muito obrigada, Carlos ― falei, finalmente encarando-o, e levantando em seguida para abraçá-lo.

― Não há de quê, ruivinha. ― Ri, lembrando-me exatamente de suas palavras quando me encontrou sozinha anos atrás "Fugindo de uma festinha feita para você, ruivinha?"

Carlos não abusou da sorte e voltou logo em seguida para a mesa. Samuel tinha acabado de morrer com o Luigi e era a minha vez de começar a minha fase com o Mário. Pela forma como Samuca me olhava, como se a palavra traidora brilhasse em letras neon em minha testa, eu soube que uma nova fase estava começando também.

E não seria uma daquelas fases onde íamos buscar moedas ou vidas para facilitar nossa vitória. Aquele fim de semana prometia o começo de uma fase como o Bowser – ou rei Koopa, se preferir. O inimigo mortal do Mário e Luigi. Em outras palavras, sentada com Samuca bufando ao meu lado, eu tinha certeza que estávamos começando uma fase de brigas.

 Em outras palavras, sentada com Samuca bufando ao meu lado, eu tinha certeza que estávamos começando uma fase de brigas

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Olá, amores!

Aqui estou!!! 

Não esqueci de vocês, mas a vida de professora em final de ano é enlouquecedora. Para compensar a demora, já já posto mais um capítulo!

Beijos e ah, não esquece de me contar o que estão achando!

Apenas amigos: era o que eles diziamOnde histórias criam vida. Descubra agora