― Qual é, Samuca! Larga de ser criança ― falei, na cozinha, depois de ter trancado Samuel comigo quando se distraiu.
― Vai lá ficar com o senhor músculos inteligentes ― ironizou.
Tentei conter o sorriso, juro. Mas não deu.
― Olha só, nós já falamos sobre isso ― apontei.
― Sim, e você tava lá, toda piscando para ele, logo em seguida.
― Eu ― comecei a exaltar a voz. Respirei fundo tentando manter a calma ― não estava piscando para ele.
Riu pelo nariz, cruzando os braços na frente do corpo.
― Samuel, Carlos chegou há dois minutos. Você vai permitir que ele estrague um fim de semana que precisa ser perfeito? Você tem que parar de birra por sua prima, tá? Laís nunca vai perdoar nenhum dos dois se der alguma coisa errada na festa, então larga de faniquito e se controla.
Samuca olhou para o teto soltando o ar com força, como se soubesse que eu estava certa. – Ok! Eu sempre estava. – Mas, ao mesmo tempo, sabendo que comportar-se iria exigir muito dele.
― Você tem certeza que não quer me contar o motivo da briga de vocês? ― Perguntei pela centésima, milésima ou sei lá qual ésima vez
― Tenho ― falou firme e ríspido demais. Encolhi-me um pouco. Samuca nunca falava daquela forma comigo. Inspirou o ar com força antes de caminhar em minha direção. ― Desculpa. Não devia ter sido rude com você ― concluiu com sinceridade, segurando meu rosto entre suas mãos para que eu o encarasse. ― Eu só não gosto dele perto de você.
Samuca abraçou-me, apertando meu corpo contra o seu o máximo possível, como se temesse alguma coisa.
― Você sabe que estaremos todos aqui até domingo, não posso evitar seu primo, neguinho.
Senti seu corpo relaxar completamente depois de me ouvir usar o apelido carinhoso, com o qual nos tratávamos com constância.
― Eu sei ― passou a mão por minhas costas. ― Me desculpe.
― Tudo bem, idiota. ― Sorri, erguendo o rosto para encará-lo. ― Mas, para pagar seu péssimo comportamento, você vai precisar me levar pra praia hoje à noite.
Ergui uma sobrancelha para ele.
― Você sabe que nós íamos mesmo antes de pedir, né?
― Ei ― reclamei, dando um tapinha de leve em seu braço ― você poderia me deixar sentir que estou no controle dessa situação aqui, por favor?
Samuel abriu um sorriso do meu jeito favorito. Aquele que o fazia sorrir com os olhos.
― Claro que posso. ― Bateu o indicador em meu nariz. ― Você sabe que eu faço tudo para te ver feliz, sempre.
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Apenas amigos: era o que eles diziam
RomanceApenas amigos, era o que eles diziam. Jaísa e Samuel tornaram-se melhores amigos ainda na adolescência e viveram, lado a lado, os melhores e piores momentos de suas vidas. Ela era o seu equilíbrio, ele o seu porto seguro. Mas uma noite tem o pode...