Chapter 2

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   Heejae estava rindo me arrastando pela rua.  
   — Vamos, Bora, você vai nos atrasar! — onde eu estou? — Heejae? Onde estamos? — perguntei confusa. — Como onde estamos? Estamos indo para a festa. — para a festa?
   — Festa? Que festa? — ela me encarou. — Se esqueceu da festa? — Heejae estava descrente. — É sério me diga onde vamos.
   Ela soltou meu braço e correu para a ponte, estava rindo e me chamando.
   — Está ficando para trás! — disse ela com um sorriso então a vi escorregar e cair da ponte, corri para tentar segura-lá mas era tarde demais.
   Vi seu rosto se tornar vermelho enquanto sangue escorria de sua testa, no segundo seguinte eu tentava gritar mas nenhum som saia de minha garganta, ela continuava sorrindo para mim enquanto afundava na água.
   — Bora? — ouvi uma voz baixa ecoando em minha cabeça.
   — Bora, acorde!
   Assustada me levantei, Yoohyeon estava ao meu lado segurando minha mão. Suor pingava de minha testa e eu estava ofegante. Então me dei conta de que foi apenas um sonho. — Sonhei com ela de novo... — Quem é Heejae? — Como sabe esse nome? — perguntei espantada.  — Bom, você estava gritando esse nome sem parar. — gritando? — E-Eu gritei?
   — Sim, e bem alto. Vai me explicar o que tá acontecendo? — Yoo esperou eu me acalmar para conversarmos mas eu não parava de pensar no sonho.
   Contei a ela sobre Heejae, como éramos inseparáveis e sempre estivemos juntas. Diferente de Jennie, Yoohyeon morava fora, nos víamos nos grandes eventos familiares e as vezes eu ia visitá-la nas férias de verão.
   — Foi como no sonho?
   — O que?
   Ela levantou da cama e ficou olhando meu quarto.
   — Que ela se acidentou. — Sim e não. — respondi, eu tinha certeza que ela estava pensando "o que isso quer dizer?" — Ela caiu mas não desse jeito.
   — E como aconteceu? — pergunta difícil. — Yoo, me desculpe mas esse não é um bom assunto para falar agora. — comecei a chorar. Yoo tentou se aproximar no entanto me levantei e sai rápido do quarto.
   Odeio quando as pessoas me veem chorando. Entrei no banheiro, me despi e então fui até o boxe ligar o chuveiro. A dor no peito era imensa, me sentei no chão do banheiro em agonia e me encolhi debaixo do chuveiro, abracei minhas pernas, fechei meus olhos e a água se misturou com as lágrimas, a sensação de dor não parecia que ia parar, senti minha vontade de aliviar a dor castigando meu punho crescendo e só conseguia pensar "Não! De novo não!".
   — Meu amor, está tudo bem? — Haneul bateu na porta, eu não queria mentir mas também não queria dizer a verdade.
   Eu omiti não respondendo a pergunta, me levantei e apressei o banho, assim que terminei fechei o chuveiro, Haneul não disse mais nada porém ela já devia imaginar que eu não estava bem.
   Abri um pouco a porta do banheiro.
   — Ei! Yuqiya! — esqueci de levar a toalha e minhas roupas, se eu pedisse ajuda existia a possibilidade de questionários vindos de Haneul ou de Yoohyeon então a melhor opção era pedir ajuda de Yuqi.
   — Unnie?
   — Venha até aqui.
   — Precisa que eu chame alguém? — ela estava confusa. — Não, hoje eu preciso da sua ajuda. — Minha ajuda? — Sim, preciso que você me traga uma toalha, pode fazer isso por mim?
   Yuqi me trouxe a toalha e eu fui me trocar no quarto, não demorei a descobrir que ainda era cedo para à aula.
   Eu estava descendo as escadas para tomar café da manhã com as meninas quando vi os pais de Gahyeon sendo recebidos por Yoohyeon e junto deles estava Lee Siyeon, a garota nova na escola, claramente eu tinha apenas duas opções, fugir pela sacada ou pela janela do escritório do meu pai.
   — Onde você pensa que vai? — senti uma mão me puxando pela blusa quando eu estava colocando os pés na janela do escritório.
   — Ga-Gahyeon, eu só tava indo pegar um ar fresco. — ou talvez umas costelas quebradas se eu cair dessa altura.
   — Unnie, está tentando fugir da aula de novo?
   — Não é da aula que estou fugindo.
   — Ya! Então me diga o problema. — escutei passos vindos da escada e no desespero entrei debaixo da mesa do escritório levando a caçula junto comigo.
   — O qu... hm... — tapei a boca de Gahyeon e fiz sinal com o dedo para que ela ficasse quieta.
   — Gahyeon? — uma voz chamou, não era o senhor e nem a senhora Lee, só poderia ser ela.
   — Pare de se mexer! — sussurei tentando manter a menor parada porém ela tentava se soltar a todo custo.
   — Gahyeon, se você prometer que vai ficar quieta, eu te levo comigo na minha próxima viagem para os Estados Unidos. — sussurrei em seu ouvido e o corpo dela relaxou, ela balançou a cabeça de acordo e mesmo incerta sobre a honestidade da pirralha aos poucos fui tirando a pressão da boca dela e a soltei.
   Dessa vez ela não aprontou, ficou quieta como prometido, pedi ajuda dela para sair de casa sem ser vista por sua família. Ela distraiu Siyeon e eu desci as escadas correndo, fui até a porta dos fundos, me escondi e liguei para a única pessoa que poderia me salvar nesse momento.
   — Alô? — disse Jennie.
   — Vem me buscar.
   — O que?
   — Agora Nini! Vem me buscar preciso da sua ajuda.
   — Por que você não sai com um dos carros do tio?
   — longa história, te explico depois que você me buscar. Agora vem logo!
— Urgh! Tanto faz.
   Jennie demorou menos do que o esperado instrui ela por mensagem sobre onde ela deveria parar, fui até lá com muita cautela, se os Lee fossem embora poderiam passar de carro e me ver fugindo.
   — Valeu prima. — falei me aproximando do carro.
   — Acho que vou começar a cobrar. — disse tia Taeyeon me olhando com a sobrancelha arqueada. — Quis dizer, obrigada, tia. — abri a porta traseira e me sentei ao lado de Jennie e... uma garota aleatória.
   — Olá. — encarei a menina que me cumprimentou.
   — SuA, essa é a Jisoo.
   — É um prazer, Jisoo. — senti a mão de Jennie sobre minha coxa e logo ela se aproximou do meu ouvido.
   — Sem gracinhas para o lado de Jisoo! Entendeu?! — pela voz dela isso era uma clara ameaça. — Não se preocupe com isso, não tenho interesse nela. — sussurrei vendo minha prima ainda me olhar com desconfiança mas logo tirou a mão da minha coxa e sorriu para Jisoo. — E para onde vamos — disse minha tia sem nos encarar pois o carro já estava em movimento.
   — É prima, para onde vamos? E você não tem algo para me explicar. — Eu tenho? — me fiz de desentendida afinal de contas minha tia estava lá e eu não conheço Jisoo.
   Jennie comprimiu os olhos me encarando, mandei mensagem para ela dizendo que não falaria na frente da tia e ela ficou mais calma, fomos até uma cafeteria porque eu estava morrendo de fome, sai com tanta pressa que não comi nada.
   — Você tem comido em casa? — Taeyeon disse séria e tomou um gole do café preto que ela pediu.
   Devo admitir que eu estava comendo igual um animal esfomeado. — Claro tia, só saí com pressa hoje. — meus pais podiam não se importar muito comigo mas tia Taeyeon sempre esteve lá, por isso fiquei próxima da filha dela. — Pressa para que?
   — Para me ver, mãe. — Nini me salvou com uma desculpa esfarrapada mas eu não tinha ideia melhor. — Ora, você poderia ter ido lá em casa. E você Jisoo? quando vai dormir lá em casa? — não sei o que Jennie anda aprontando mas Jisoo praticamente se engasgou com a bebida.
   — E-Eu, bom, eu ando muito ocupada com os estudos, senhora Kim. — Jisoo estava parecendo um tomate, acho que estou começando a entender os estudos que ela e Jennie andam fazendo juntas.
   — Jennie. — chamei sua atenção. — Como anda Joohyun? — O olhar de Jisoo para Jennie estava entre as linhas de "quem é essa?!" Para um "eu vou te matar". — Ela está ótima. Por quê? — Jennie e seu sentido aranha, ela não vai me entregar informações de graça sem saber o que eu estou aprontando.
   — Por nada, só tava querendo saber se ela não está afim de dar uma volta comigo e uma amiga. — Jen insinuou que diria algo porém olhou para sua mãe e mudou de ideia.
   — SuA, você poderia me acompanhar ao toilette.
   — Banheiro, Jennie, até o banheiro. — falei me levantando.
   — Não demorem meninas.
   — Sim, mãe! — Sim, tia! — falamos ao mesmo tempo.
   Jisoo parecia querer ir conosco mas essa conversa era estritamente particular, segui com Jennie até o "toilette," ela não podia simplesmente chamar de banheiro como qualquer pessoa normal? Não é como se estivéssemos na França.
   — A resposta é não! — mal entramos no banheiro e ela se pronunciou. — Qual foi prima? Não é como se Hyun estivesse de rolo com alguém... ou é?
   — Ya! Desde quando você se interessa por ela?
   — Eu não tenho nenhum interesse na sua melhor amiga, Jennie.
   — E quer me explicar por que fiz minha mãe ir até sua residência te buscar?
   — Os Lee foram me visitar. — ao ouvir o sobrenome "Lee." Jennie se calou.
   — SuA, sobre o acidente de Heejae...
   — Não abra sua boca para falar de Heejae! — nossa conversa estava prestes a se tornar uma briga. — Eu não quis dizer aquilo de verdade. — ela continuou. — Cala a boca Jennie! — falei me virando para sair do banheiro.
   Ela segurou meu punho.
   — Qual seu interesse em Joohyun?
   — Minha amiga quer conhecê-la! — falei tentando controlar a raiva.
   — Sua amiga? — a cara de Jennie não foi das melhores, provavelmente ela pensou nas amigas que matavam aula comigo, teoricamente Seulgi também matou aula mas ela é diferente das outras amigas.
   — Não faça essa cara, ela é uma Kang.
   — Uma Kang? Sei que seu irmão é amigo do filho mais velho deles mas desde quando você é próxima dos Kang?
   — Desde ontem! Você pode apresentar Irene para uma Kang ou não?!
   — Okay, mas irei perguntar para Joohyun se ela dizer que sim eu te aviso e vocês se encontram mais cedo na escola antes das aulas começarem, então chegue cedo.  
   Retornamos a mesa e o clima entre nós estava tenso, Jisoo e tia Taeyeon pareciam ter percebido mas não falaram nada, depois do café liguei para Yoohyeon pedindo que ela levasse meu uniforme quando fosse para a escola e pedi para a tia me deixar lá.
   — Quando eu disse chegar cedo, não foi bem isso que eu quis dizer. — Jen falou abrindo a porta do carro e saindo para que eu pudesse passar. — Não tenho outro lugar para ir. — respondi indiferente. — Você fala como se fosse uma qualquer! Você é Kim Bora! — na verdade gostaria de ser uma qualquer, talvez o problema estivesse em mim ou talvez a culpa fosse da sociedade mas muitas pessoas desejam ser ricas para comprar o que quiserem e nunca faltar nada enquanto muitos ricos desejam coisas que pessoas menos favorecidas tem, como amigos de verdade ou ter a certeza que um amor não esteja apenas interessado no que você tem no bolso. E no meu caso pais presentes mas acho que não dá para prever quando se terá bons pais, sejam eles ricos ou pobres.
   Eu posso comprar o que eu quiser e por isso tudo perdeu seu valor, objetos não são nada para mim, a felicidade de Momo quando dei uma jaqueta nova de aniversário para ela foi algo surreal. Eu não dou um sorriso daqueles vendo um objeto desde que eu era criança.
   — Não esqueça de avisar Joohyun!
   — Não irei. — Jen revirou os olhos.
   — Tchau, tia! Tchau Jisoo, foi um prazer te conhecer.
— Tchau! — elas responderam sorrindo, Jennie entrou no carro e elas foram embora. 
   A escola ainda estava fechada para os alunos mas eu entraria de qualquer forma, existia um ponto onde dava para pular o muro, subi no muro e vi Sunmi e ao seu lado estava Siyeon, me sentei no muro e sorri para Sunmi.
   — Bom dia! Professora!
   — Bora, por que será que não estou surpresa? — respondeu Sunmi, ela estava segurando alguns livros pesados. — Precisa de uma ajuda?
   Siyeon apenas me observava em silêncio.
   — Que sorte a minha encontrar um cavalheiro, agora desça daí antes que fique encrencada. — Sunmi disse séria mas estava brincando comigo. Pulei dentro da escola e peguei os livros que ela tava segurando, bom, pelo menos metade deles. A prima de Heejae não dirigiu a palavra a mim em nenhum momento.
   — E onde vamos com esses livros majestade?
   — Ora, serva abusada que merecia lavar os banheiros do terceiro piso como punição por pular o muro da escola, vamos até a sala do conselho estudantil.
  — Nunca estive lá. Deve ser bem entediante. — respondi.
   — Senhorita Kim, não acha que está muito cedo para mentiras?
   — O que? Aquilo? Aquilo nem pode ser considerado uma visita. — ano passado eu me escondi com minha ex namorada lá dentro, ela era vice-presidente do conselho estudantil e fomos pegas por Sunmi.
   — Seu cinismo me impressiona Bora, não me lembro de você ser sempre tão cínica assim. — a sala do conselho, ficava na parte de trás da escola era um local um pouco afastado apenas membros do conselho eram bem-vindos lá.
   — E eu não me lembro de você ser sempre tão mole assim com seus alunos. — não precisei dizer mais nada, ela entendeu o recado, ela devia tomar cuidado para não falar demais perto de Siyeon, ou ela poderia saber que nos conhecíamos fora da escola.
   Após ela destrancar a sala, guardei os livros onde ela pediu e Siyeon continuava em silêncio, ela não parecia curiosa mas também não parecia estar me julgando, ela sempre mantém essa expressão neutra quando me olha então não sei o que ela pensa de verdade.
   — Bom, vocês duas fiquem aqui.
   — Ya! Unnie, eu tenho coisas para fazer.
   — Unnie? — Pela primeira vez ouvi a voz de Siyeon e agora eu tinha certeza de que era a voz dela mais cedo em minha casa.
   Agora a merda está feita, chamei Sunmi de unnie na frente dela, por que eu sou assim? Chamei tanta atenção de Sunmi e eu mesma fiz besteira.
   — Senhorita Kim espere aqui dentro, Siyeon vamos conversar lá fora rapidinho.
   Ela me disse para ficar dentro da sala, nunca disse que eu deveria ficar parada no mesmo lugar,  me aproximei da janela para ouvir a conversa das duas.
   — Ela pulou o muro da escola, matou sua aula ontem, te chamou de prof e agora de unnie, por que você não a pune?
   — Siyeon você não entende ainda mas tenho certeza que algum dia vai entender.
   — Vou entender o que? Que você protege uma delinquente?
   — Não seja tão rápida em julgá-la.
   — Não estou julgando mas ela não pertence...
   — Nessa escola? — o tom na voz de Sunmi mudou, Siyeon podia ser sobrinha dela mas fui eu quem participou da vida dela por mais tempo.
   — Escute Siyeon lhe darei um conselho sobre Bora, é melhor não julgar tão rápido pelas aparências pois eu lhe garanto que você pode se surpreender.
   — O que isso quer dizer?
   — Apenas dê uma chance a Bora, ela é complicada  mas é uma boa menina.
   — Sinceramente tia, não sei o que você vê de tão especial nessa garota. — o que tem de linda tem de ignorante, mas que ótimo, de tantas garotas bonitas pela escola eu fui achar essa bonita.
   — Esse assunto está encerrado! —
Assim que ouvi a última frase de Sunmi, corri para sentar de volta no meu lugar e fingir que não fiz nada.
   — Vocês duas vão esperar aqui até as aulas começarem e Bora onde diabos está seu uniforme?!
   — Está a caminho.
   Pensei sobre como Sunmi se surpreenderá quando ver Yoohyeon. — Qual a graça Su... Bora! — não a culpo, esse é meu apelido desde que eu era criança, me chamar de Bora na frente dos outros deve ser difícil. — Não é nada professora, só acho que você vai ter uma surpresa dando aula para o segundo ano.
— Não sei o que você está aprontando e talvez eu prefira nem saber. E sem gracinhas Bora, fique na sala!
   Sunmi foi embora e a primeira coisa que eu fiz foi tentar sair da sala mas me conhecendo ela trancou a porta.
   — Sério...
    Parei para observar o quanto o lugar tinha mudado, tinha uma mesa grande para os alunos do conselho sentarem,  era realmente enorme, deve ser para as reuniões, em um balcão tinha uma cafeteira e suporte para copos, estantes com livros, um armário, tinha alguns papéis em cima da mesa e um deles tinha o mapa da escola, por último tinha um suporte para as mochilas.
Ficamos em um silêncio constrangedor,  ela sentou na cadeira para esperar e eu ainda procurava por um meio de sair da sala.
   — Você não ouviu? A gente tem que esperar na sala. — imagino que ela seja uma seguidora de regras.
   Me virei para ela.
   — Você é sempre assim? — Assim como?
   Siyeon começou a roer as unhas pois estava nervosa, me senti mal, Heejae tinha esse hábito também. — Assim, sem graça. — foi a primeira vez que vi ela ficando brava. — Sem graça?! — ela tentou fingir que não se afetou pelo comentário mas não era muito boa em esconder emoções pelo visto. — Sim, sem graça. — o que? Ela me chamou de delinquente primeiro, é minha vez de zoar com a cara dela. — Você é muito abusada! Sabe ao menos quem eu sou? — ela resolveu usar o nome da família para tentar me intimidar, que fofo vamos ver quem intimida quem.
   — Hum, por que você não refresca minha memória? — me aproximei dela fazendo uma expressão de raiva e bati a mão na mesa.
   — L-Lee — acho que alguém ficou nervosa. — Lily? — zombei dela e ela me olhou assustada.
   Sentei na mesa ao lado dela, com um dedo ergui seu queixo e a olhei nos olhos. — Acha que sou tão assustadora assim? — Siyeon estava balançando a perna freneticamente, estava começando a ficar ofegante e parecia bem cautelosa. Que espécie de monstro ela pensa que eu sou? — Não tenho medo de você!
   — Eu não falei que tem.
   — Lee Siyeon! Meu nome é Lee Siyeon!
   — Meio tarde para formalidades não acha? — ela não se parecia nada com Heejae, se fosse minha amiga devolveria qualquer farpa que fosse além de ser muito corajosa, vai ver é por isso que sempre estava se metendo em confusão para proteger os outros. — Tire suas mãos de mim! — ela deu um tapa no meu braço, me senti um pouco mal mas eu não devia ter segurado o queixo dela.
   Eu me levantei desapontada.
   — Você não se parece nada com ela.
   — Não me pareço com ela quem?
   Eu consegui forçar a janela e sai.
   — Ya! Não me pareço com ela quem?  
   — ela não me parecia do tipo curiosa mas eu queria ter certeza, será que a curiosidade é maior que o seu senso de dever com as regras e o respeito a Sunmi?
   A sala do conselho ficava nos resquícios de um bosque, atrás da nossa escola tinha um e era muito bonito mas em compensação, construíram muro enormes para separar a escola do resto do bosque, o objetivo era que nenhuma pessoa má intencionada se escondesse lá l. Eu subi em uma das árvores e observei a sala do conselho, pensei que ela não viria mas depois de alguns minutos vi ela pulando a janela, estava olhando para todos os lados.
   Então gritei.
   — Procurando por mim? — ela se assustou e olhou para cima seguindo o som da minha voz. — O que está fazendo ai em cima? Você pode se machucar sabia? — me machucar? — Preocupada com uma delinquente que não deveria nem sequer estudar nessa escola?
   — Você ouviu... — ela estava envergonhada. — É como dizem, as paredes tem ouvidos, principalmente as paredes finas do conselho. — Você tem sorte de estudar em uma escola como essa e você desperdiça! — ela só me fez ter mais certeza sobre os alunos de elite, se você não se encaixa no padrão deles então automaticamente você é pobre e tem o privilégio de compartilhar o mesmo ambiente que eles.— Interessante. — sorri.
   — Do que está falando? É sério desça daí ou a professora vai voltar e você vai ficar encrencada.
   Sunmi me deixar encrencada? Que piada.
   — Você quer dizer nós vamos ficar encrencadas. Você não deveria ficar naquela sala ali?
   — Tem razão... — finalmente havia percebido o que fez, desobedeceu as regras para vir atrás de mim.
   Com olhinhos brilhantes ela olhou para cima.
   — Com quem eu não me pareço?
   — Se subir até aqui eu te conto. — seus olhos pela primeira vez se pareciam com os de Heejae, cheios de determinação, ela se apoiou escalar a árvore.
   — Siyeon! Com quem está falando?
   Minji, que piada. Essa era a aluna que mais pegava no meu pé, ela foi representante de turma ano passado e sempre me mandava para a sala da diretora. Eu e ela tivemos algo no passado mas não terminou bem, acho que talvez seja por isso que pegue tanto no meu pé.
   — Com ninguém, estava apenas pensando em voz alta. — me surpreendi pela primeira vez, achei que ela fosse me entregar, talvez ela queria muito saber com quem ela não se parecia.
   — Pensou na minha proposta? — Siyeon falou e não dava para ver direito mas acredito que Siyeon estava sorrindo, eu nunca vi nada além da cara de nada e a cara de raiva então eu queria ver, se eu não tivesse que ficar aqui em cima para não parar na direção antes de falar com Joohyun, eu teria descido só para ver como é seu sorriso.
   — A resposta é sim. — o que? Vão comprar roupa nova? — Então competiremos oficialmente vice-presidente. — vice-presidente? De que? — Que a competição comece presidente. — Minji respondeu entrelaçando as mãos delas e elas saíram do bosque, Siyeon parou para olhar para trás e dei um sorriso, acho que ela esqueceu completamente que devíamos esperar na sala.
   Assim que elas foram eu voltei para a sala do conselho, esqueci meu celular lá dentro. Assim que o peguei mandei mensagem para Dongie levar Seulgi até a sala do conselho.

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