Chapter 5

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   — Bora, por que será que sempre que eu te encontro você está agarrada com uma das minhas sobrinhas?
   Eu não estava agarrada, estávamos só conversando.
   — Eu posso explicar, viemos cedo para a aula.
   — Agora a escola está aceitando alunas de roupão?
   Era um bom ponto, tenho que parar de vir para a escola sem uniforme.
   Sunmi colocou comida na mesa.
— Não vai dizer nada, Siyeon? — Eu...
   — Ela veio me ajudar. — Isso, eu vim ajudar.
   Ela se aproximou e sussurrou.
   — Ajudar com o que?
   — Só vai na onda.
   — É bom ver vocês duas se dando bem mas confesso que chegar na escola seis horas da manhã quando a aula só começa às nove é muita força de vontade.
   — Por isso mesmo que eu e SuA viemos adiantar os trabalhos da campanha.
   — Siyeon, eu preciso fazer uma coisa antes da gente continuar com a campanha, eu te vejo mais tarde?
   — Claro...
   Eu não poderia esquecer, era o aniversário de Handong. Se eu deixasse passar em branco nunca me perdoaria.

   — SuA? O que faz aqui?
   — Feliz aniversário! — retirei meus sapatos e entrei na casa.
   Não tinham muitos móveis na casa de Handong mas o que mais chamava atenção é que bem no meio da sala havia uma tv enorme. A mãe dela estava lá, parada na frente da tv como um sacerdote que cultua seu deus, mal tinha tempo para piscar.
   Fomos para o quarto dela pois sua mãe nem notou que eu estava ali. O quarto estava uma bagunça.
   Segurei um capacete rosa.
   — Sua mãe realmente te deixa subir nessas coisas?
   — Ela mesma me incentiva a pilotar a moto. Facilita eu levar ela para os lugares que ela quer ir.
   O cheiro do quarto era horrível, certamente aquilo era cheiro de óleo.
   Dongie se jogou na cama.
   — Estão dizendo pela escola que você está saindo com Lee Gahyeon. — Isso é ridículo, Gahyeon é minha irmã.
    — Eu não sabia que você tinha uma irmã. O que mais você está escondendo?  Um superpoder? Bora! Você consegue voar? — Haha, muito engraçada. Ela não é minha irmã de sangue mas fomos criadas bem próximas.
   Dongie pegou o violão do lado da cama.
— Não tenho ninguém assim.
   Quando ela começou a tocar, fiquei feliz, reconheci a melodia, era uma das minhas favoritas, se chamava Gao Shan Qing.
   — Gão shān qing jiàn shuí lán ā li shãn de gú niáng méi rú shui ya...
   Eu cantei junto dela.
   — Onde aprendeu isso? — ela me questionou parando de tocar. — Yuqi me ensinou. Ela é chinesa como você, mora na minha casa.
   — Ela já te ensinou algum dialeto? Você já deve saber mas caso não tenha, mandarim é o nosso idioma padrão — No entanto usamos dialetos dependendo da região, como o cantonês que é falado nas regiões de Cantão, Macau e Hong Kong.
   — Dongie também é cultura.
   — Ha! Agora me explica uma coisa, por que você tá vestida assim?
   — Assim? Bom, eu tomei um banho na casa dos Lee e me esqueci de vestir a blusa de Siyeon antes de ir embora.
   — Alguma amiga rica?
   — Ela é rica sim mas não somos amigas... ainda.
   Será que somos amigas agora? Não sei o que somos depois de ontem, gostaria que ela esclarecesse o que foi aquilo.
   — Ontem... a gente se beijou. Quer dizer ela me beijou e ai eu beijei ela, eu fiquei confusa e ela me beijou de novo e...
   Dongie colocou a mão na minha boca.
   — Respira. Deixa eu ver se eu entendi, você beijou uma garota ontem e agora está pensando demais sobre isso?
   — Foi só um beijo Dongie, e ela já deve até estar arrependida.
   — Você beija tão mal assim? — ela riu. — Você quer morrer? — muito engraçada a minha amiga. — Eu só tava brincando. — Mas por que você acha que ela se arrependeu? — É que... eu não acho que ela costuma ficar com garotas.
   — Espere um segundo, ela quem te beijou mesmo?
   — Sim... foi tão confuso.
   — Foi bom?
   — No início não mas ficou bom depois.
   — Vai ficar com ela de novo?
   — Eu não sei Dongie! Nem pensei nisso! Tem tanta coisa na minha cabeça desde ontem. — SuA, mudando o tópico da conversa... eu não ia falar nada mas o que houve com seu rosto? — Briguei com Jimin por causa de Siyeon.
   Surpresa ela largou o violão de lado, se aproximou e segurou minha mão.
   — SuA? Você gosta dessa garota?
   — Eu não sei.
   Gostar é meio forte não? Eu mal conheço ela, até que é uma pessoa legal de se estar perto. E ela foi bem gentil comigo ontem, acho que nossa rivalidade não durou tanto quanto pensei que duraria.
   — Não sei não em SuA, nunca te vi entrar em uma briga antes por causa de mulher. — Ela precisava de mim, eu faria o mesmo por Gahyeon.
   Era verdade que eu faria o mesmo por Gahyeon mas eu não conseguia parar de lembrar do beijo, o jeito que ela me olhou, o sorriso em meio ao beijo.
   — SuA?
   Percebi uma guitarra quebrada no canto da sala, estava aos pedaços.
    — O que houve com sua guitarra?
   Dongie suspirou.
   — Meu padrasto quebrou. Ele estava bêbado. Ele acha que é um desperdício eu querer estudar música.
   Uma pena ela ter que passar por isso.
   — Dongie, se arruma que eu vou te dar seu presente de aniversário. Volto em 30 minutos para te buscar.
   Eu fui para casa comer e tomar um banho.
   Yoohyeon estava na mesa de jantar.
   — Bom dia, fugitiva! 
   — Bom dia, Yoo!
   Assim que pude fui buscar Handong.
   Ela me pediu para levá-la em algum local que fosse da minha família, apenas para entender do quão rica estamos falando. Bom minha família família possuía marcas de roupa de luxo e uma companhia de vôo.
   — Senhorita Bora, precisa de algo? —uma garota bem jovem falou comigo. — Você trabalha aqui?
   — Sim, um trabalho de meio período, eu sou a Yeji, Hwang Yeji.
   — Hwang?
   — Sim.
   — Por que uma Hwang está trabalhando em uma loja?
   — Meus pais queriam que eu tivesse mais responsabilidades.
   — Ah, se precisar de ajuda vou te dar meu número. — Obrigada, unnie. Você é muito gentil. — Acho que vou levar essa daqui. — peguei uma jaqueta perfeita para Dongie.

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