Chapter 4

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   SIYEON POV

   Será que devo realmente deixar a janela do quarto aberta? Ela já invadiu minha casa uma vez, Sunmi disse que não mas se ela realmente levou a garota lá então por que ela diria que entrou pela janela?
   Minji parou de caminhar.
   — Siyeon? Está tudo bem?
   Bem não é a palavra, estou confusa, muito confusa!
    — S-sim, claro que está.
   Não! Não está! Estou ficando doida, em poucas semanas eu vim morar na minha terra natal após crescer morando na Inglaterra, é tudo tão diferente, em poucas semanas eu conheci aquela garota que tá virando minha vida de cabeça para baixo, em poucas semanas eu descobri que uma aluna é agredida pelo pai e ela quis tirar satisfação comigo e Bora acabou apanhando.
    — Você parece meio distante hoje. A propósito o que SuA disse?
   — Quem?
   — Bora. Todo mundo chama ela de SuA praticamente.
   Eu não posso explicar o que ela queria! Seria loucura! Minji colocaria senso na minha cabeça!
   — Nada demais, era mais uma bobagem. — me perdoa Minji mas você é a pessoa mais sensata que eu conheço, e nesse momento eu preciso de alguém que me diga "Vá! Faça uma loucura porque nada de interessante acontece na sua vida e essa é a primeira vez que algo interessante acontece!" — Ainda bem que não expulsaram ela. — engraçado como Minji demonstra certo afeto por ela. — Por que eles iriam expulsar ela só por uma briga?
   Minji riu.
   — Não seria a primeira briga dela. — Não? Ela sempre briga assim? Tipo sempre mesmo? — Você anda bem curiosa sobre SuA ultimamente. — Minji, vai me dizer que você nunca sentiu curiosidade sobre? Ela é um pouco diferente você não acha?
   — Já tive muita curiosidade sobre ela, e já matei essa curiosidade.
   — E como você fez para isso?
   Minji se calou, será que ela fez algum ato de rebelião? Não consigo imaginar Minji sendo rebelde.
   — Saímos juntas algumas vezes... tipo por 6 meses. — Algumas vezes? Isso é metade de um ano, Minji.
   Me pergunto o que elas fizeram em seis meses, o que será que elas saiam para fazer? Ou do que falavam? — Ela fala umas coisas estranhas né?
   — Siyeon, você tá curiosa porque ela diz coisas estranhas? Isso sim é estranho.
   — Não é estranho, é só que ela fica de enigma toda hora e eu fico intrigada. — Do jeito que eu te conheço você deve ficar agoniada quando ela não dá as respostas.
   Realmente, eu fico agitada, me pergunto o dia todo sobre, as coisas que ela fala são tão interessantes, parece que ela tem resposta para tudo.
   Eu e Minji estávamos na esquina da escola indo para casa dela, ela mora bem perto da escola. Nós vimos Bora junto de minha prima do outro lado da rua.
   — Elas parecem estar se divertindo.
   — Está com ciúmes da sua prima? — será que estou? Tenho a impressão de que Gahyeon está sempre agarrando ela,  sempre se jogando nos braços de Bora, a qual sempre retribuí com muito carinho, ou os rumores da escola se aplicam a minha prima também ou elas são grandes amigas.
 

— Minji, o que você sabe sobre lésbicas? — parecia até que eu tinha dito algo absurdo. Minji estava estática, completamente sem palavras.
   Eu sei que aqui na Coréia não é muito comum conversar sobre isso mas imaginei que pudesse falar com minha amiga sobre.
   Minji estava mexendo na blusa dela sem parar.
   — Siyeon? Por que essa pergunta tão repentina? — Não precisa responder se não quiser, só queria saber mais sobre homossexualismo.
   Depois do que eu vi na sala do conselho estudantil mais cedo, eu gostaria de saber mais sobre. — Homossexualidade, Siyeon. A palavra ismo em homossexualismo é para indicar doença.
   Até que ela sabe bastante sobre.
   — Ah me desculpe, homossexualidade. 
   — Eu acho que são pessoas. — Eu sei que são pessoas, Minji. — Eu quero dizer que merecem respeito, e os seus direitos validados assim como as pessoas heterossexuais tem seus direitos validados desde sempre? Quantas pessoas não só homossexuais mas também bissexuais, pan, transexuais são agredidas nas ruas? Expulsas de casas? Quantas se forçam a um relacionamento sem amor? Sem atração? Só agora agradar aos pais e familiares... isso é tão triste.
   Uau, Minji tinha mais para falar do que eu esperava, acho que ela sabe bastante sobre esse assunto. Bom, ela sempre foi muito inteligente e sempre soube bastante sobre diversos assuntos.  
   — Isso me assusta um pouco.
   — Direitos iguais?
   — Não, Minji. Imagine que eu não fosse hétero, eu não teria controle sobre minhas emoções em relação a outras garotas... — Mas Siyeon, você já não tem controle com os homens. — Mas ainda sim se eu escolher um, tenho controle sobre apresentar para os meus pais, sobre casamento e outras coisas.
   — Quando gasto dinheiro sempre tenho o controle do que quero ou não comprar, se eu estudar tenho certo controle sobre minhas notas além disso posso escolher quem eu quero ou não como amigo. O amor não permite que controlemos o que sentimos e nos faz tomar decisões estúpidas.
   — Não se pode ter controle sobre tudo na vida, Siyeon.
   Ela tem razão e é isso que mais me intriga em Bora, as pessoas costumam ser previsíveis até certo ponto, repetindo padrões de comportamento, tendo um senso de humor específico, saindo com as mesmas pessoas. Mas eu não consigo prever o que ela vai fazer, parece óbvio, ela tem o perfil de uma garota rebelde,  vive se metendo em confusão mas ela faz tantas coisas sem sentido. Por que ela subiu na árvore árvore por exemplo?
   Minji segurou meu punho e parou de andar.
   — Você já gostou de uma garota?
   — Eu não sei, acho que não. Nunca tive experiência com garotas.
   — E de onde veio a curiosidade repentina? — Minji estava intrigada. — Eu vi duas garotas se beijando e fiquei curiosa.
   — Siyeon! Você não devia ver esse tipo de vídeo.
   — Como se você nunca tivesse visto um.
   Não posso contar a ela que não era um vídeo, traria problemas para Bora e Sana.
   Chegamos na portaria do apartamento onde Minji mora.
   — Bom, aqui eu me despeço.
   — Até amanhã, Minji.
   — Até amanhã, Siyeon.
  

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