Chapter 6

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POV SIYEON

   Já havia se passado cinco meses desde que conheci Bora. Desde que ela quase morreu na minha casa nós ficamos mais próximas, eu contei a Minji o ocorrido. Eu, ela e Gahyeon passávamos a maior parte do tempo de olho em Bora, já ela se distanciou de nós, de todas nós mas ainda conversávamos no conselho, as vezes nos intervalos.
   Gahyeon se aproximou e tocou meu braço.
   — Unnie, você está bem?
   — Estou só... um tanto pensativa. — eu queria que SuA dormisse em minha casa de novo mas desde aquele dia ela não voltou e eu também não sabia onde ela morava. — Eu posso ajudar em alguma coisa? — Eu queria ver Bora... — Oh, eu vou tentar falar com ela.
   Fiquei surpresa quando mais tarde Gahyeon disse que Bora viria nos visitar, eu quis cozinhar algo para ela mas não sabia o que. E estava nervosa, nem havia me arrumado, não pensei que fosse tão fácil fazer ela vir, se ela não veio antes pensei que queria espaço. Me arrumei depressão e fiz alguns biscoitos, Gahyeon me ajudou com o tutorial.
   Quando a campainha tocou eu estava cheia de farinha no rosto.
   — Oi... — Bora estava sem graça mas quando viu a farinha começou a rir. — Entra.
   Ela entrou parecendo um bicho assustado, olhando para todos os lados. Parecia até que tava com medo de ver alguém.
   — Ei, eu te fiz biscoitos. — ela olhou estranho para os biscoitos. — Eu não estou com fome. — Mas eu cozinhei para você. — Mais um motivo para eu não comer.
   Eu joguei uma almofada na cara dela, e ela ficou rindo então derrubei ela do sofá. — Lily!
   Ela ficou deitada no chão me observando. O que será que ela está pensando?
   — Você mesma fez? — ela pegou um biscoito. — Fiz. — Não achei que você soubesse cozinhar. — ela comeu um biscoito e eu gostei da reação. — Por que a felicidade? — Minha melhor amiga costumava me fazer biscoitos como esses no natal. Tem certeza que você quem fez? — bom Gahyeon ajudou mas eu fiz a maior parte do trabalho.
   — Por quê? Não tenho cara de quem sabe cozinhar? — Siyeon, você tem cara de quem não sabe fazer pipoca de microondas. — Haha, muito engraçada.
   — Tem algum motivo especial para ter me chamado aqui hoje?
   — Bora... por que você não veio mais aqui? — me sentei ao lado dela. — É uma longa história. — Eu fiz alguma coisa errada? Foi... foi porque te pedi aquele beijo? — Não! Claro que não! — ela segurou meu rosto e depois soltou. — Desculpa. — Tu-tudo bem. — eu me senti um pouco nervosa.
   Eu só queria saber o porquê dela ter ficado tanto tempo sem vir aqui, se não havia sido o beijo então talvez fosse vergonha pelo que aconteceu no banheiro.
   — Vamos esquecer isso por um dia está bem? Eu trouxe meu uniforme, assim podemos ir juntas para a escola, eu, você e Gahyeon.
   Fiquei feliz de saber que ela ia com a gente. Quando deu a hora nos arrumamos e fomos.
   — Minji. — eu abracei ela e ela olhou para Bora. — Você está bem? — Estou, Minji. Mais tarde na sala do conselho?
   — Mais tarde na sala do conselho.
   Sabe eu estava insegura em relação ao conselho estudantil, eu não acho que eu consigo ganhar isso. As vezes me pergunto se eu realmente tenho capacidade para liderar, Minji sempre diz que sim e eu acho que ela leva mais jeito para líder do que eu.
   — Minji, tem certeza que você não prefere ser a presidente? — ela não gostou do meu comentário. — Absoluta! Sei que você é capaz de nos liderar. Nós confiamos em você.
   Eu estava me sentindo pressionada, como se eu precisasse ser perfeita. Bom, era isso que minha família costumava cobrar de mim, perfeição. É um pouco difícil ser perfeita quando você não nasceu perfeita igual Heejae. Eu não estou a altura de Heejae e nunca vou estar.
   Depois das aulas Minji me apressou para ir até a sala do conselho.
   — Vamos, Gahyeon deve estar esperando.
   Quando chegamos lá, eu fiquei em silêncio, vi Bora em cima de uma árvore, Minji no entanto não percebeu ela ali mas eu estava um pouco nervosa, ela poderia se machucar. — Minji, me espere na sala do conselho, okay?
   — Mas a reunião é agora, onde você vai?
   — Preciso fazer algo importante.
   — Eu vou com você.
   — Não, você tem razão a reunião é agora, assuma meu lugar como presidente até eu voltar.
   — Tá legal mas tente não demorar.
   Caminhei até a árvore, ela demorou a  perceber que eu estava ali. Eu subi a árvore mas eu estava morrendo de medo e quando cheguei ao topo quase caí mas ela me segurou.
   — Você não tem vocação para macaca, Siyeon.
   — E você tem?
   — Touché.
   — Está tudo bem? — me sentei ao lado dela mas eu estava tremendo só de olhar para baixo. — Calma, não vou te deixar cair. — ela abraçou minha cintura e encostou a cabeça no meu ombro.
   Fiquei mais calma.
   — O que você está fazendo aqui em cima? — Não se preocupe, eu não pretendo morrer me jogando de uma árvore. — Esses últimos meses você tem vindo pouco as aulas, estava por aqui?
   — Na maior parte do tempo era no lago mas as vezes eu ficava aqui também.
   — Eu gosto de você. — meu coração acelerou. — Você é uma garota incrível.
   — Bora. — me virei e ela levantou a cabeça para me olhar. — "Assim como a vida, você não completa um quebra-cabeça jogando peças fora." — O que?
   — Craig D. Lounsbrough disse isso. Fascinante não?
   — Eu nem sei quem ele é.
   — Você não precisa saber quem ele é para concordar com ele. — Um dia você vai descobrir a verdade e quando descobrir prometo responder qualquer pergunta que você tiver. — Que verdade? — Quando você descobrir você vai saber do que estou falando. — Você não pode me dar uma dica?
   Ela me soltou e começou a se ajeitar.
   — Bora! Não me deixe aqui. — eu estava lacrimejando e entrando em desespero quando a vi começar a descer árvore. — Desculpa. Aqui, segura em mim. — eu segurei mas fiquei com medo dela cair e nós duas irmos parar lá embaixo. — Se acalma, o que é a vida sem um pouco de aventura?
   — Aventuras são imprevisíveis, alguém pode se machucar... — fechei meus olhos enquanto ela descia. — Pronto baby koala, já pode se soltar. — Va-Vamos para a reunião.
   Quando entramos na sala do conselho tinha uma garota lá que eu não havia visto antes.
   — Quem são essas pessoas? — a garota perguntou. — ela estava encarando Bora. — Essa é a nossa futura presidente do conselho e nossa secretária Kim Bora.
   A garota se aproximou de Bora a segurando pela gola da camisa — Ei!  Largue-a agora!
   Todos ficaram tensos, principalmente Minji e Gahyeon. A sala estava cheia de gente. — Como quiser, presidente. — a garota soltou ela.
   — Kyung, por que você está aqui? — questionou Bora. — Vim ajudar com o conselho agora que já me formei mas pelo visto o nível aqui até decaiu. — Sim, decaiu quando você chegou. — retrucou Bora. — Pelo menos minha melhor amiga não transou com o namorado de ninguém! E a sua?
   Bora deu as costas e bateu a porta da sala.
   — SuA! SuA, espere!
   Eu fiquei em dúvida se devia ir atrás dela e na minha dúvida Gahyeon foi falar com ela. — Minji, podemos conversar a sós? — perguntei brava. — Me desculpa, eu não sabia nem que elas se conheciam.
   — Quem é essa garota?!
   — Ela é a antiga presidente do conselho estudantil, se formou ano passado. — Ela é uma idiota! — Tenta conversar com Bora, Siyeon. Eu vou falar com a senhorita Kyung.
   — Vocês realmente estão discutindo no canto por causa daquela garota? — eu olhei sério para ela. — Primeiro que "aquela garota" tem nome! Você pode começar chamando ela pelo nome! E segundo quem é você para falar da melhor amiga dela assim?!
   — Eu sou...
   — Eu não acabei de falar! Agora escuta aqui Kyung! Ou seja lá qual for seu nome! Bora faz parte dessa equipe tanto quanto qualquer um de nós e você vai respeitar ela querendo ou não!
   Minji me afastou dela.
   — Siyeon, se acalme, nunca te vi brava desse jeito antes. — talvez por que eu sempre finja ser como Heejae mas eu não sou como ela! — Me desculpa. — tentei abaixar o tom da minha voz e me afastei de Minji, precisava extravasar minha raiva, chutei a lata de lixo e me arrependi. — Siyeon? Você está bem? — Jiu correu até mim enquanto eu agonizava de dor. — Nunca estive melhor.
   Tentei um sorriso e Minji riu.
   — Siyeon, nunca te vi se comportar assim, o que está acontecendo com você? — Eu também gostaria de saber.
   Se fosse qualquer outra garota mas logo com Bora... eu não podia deixar ela falar assim com ela.
   Minha raiva diminuiu aos poucos, o problema foi que depois da raiva me veio uma vontade de chorar.  Minhas emoções estão tão confusas, estou completamente fora de controle.
   Eu saí para procurar Bora mas Gahyeon disse que eu não a encontraria, que ela saiu para encontrar uma velha amiga e garantiu que Bora ficaria bem após ver essa amiga.
   Eu e Minji retornamos para a sala de aula. Fiquei a maior parte do tempo pedindo desculpas por ter feito um escândalo na reunião de hoje.
   Como de costume andei com Minji até a casa dela.
   — Não quer subir? — eu queria ver Bora mas imaginei que ela não iria mais invadir meu quarto como no início do ano e além disso estava com alguma amiga então passar um tempo com Minji poderia me fazer bem. — Claro, por que não? — Ótimo.
   Eu e Minji assistimos um filme e eu fiquei o tempo todo me perguntando se Bora já estava melhor.
   No fim de tudo acabamos dormindo, acordei no final do filme, aproveitei e acordei ela também.
   — Minji, preciso te contar uma coisa. — ela pausou o filme e acendeu a luz. — O que foi? Parece sério? — respirei fundo.
   — Eu beijei uma garota.
   Minji ficou em silêncio.
   — Tá tudo bem? — Calma, tô processando.
   Ela riu sozinha.
   — Você beijou uma garota?
   — S-Sim. — faz tanto tempo que aquilo aconteceu que parece até um sonho, desde então eu tento me aproximar de Bora pelo menos como amiga. — Quando isso aconteceu?
   — No início do ano.
   — Você gostou?
   — Eu não sei. Estou me sentindo confusa sobre isso. Eu sinto que não tenho mais controle sobre certas emoções estou estranha, isso tudo é estranho.
   — Siyeon, eu já te disse que não se pode ter controle sobre tudo na vida.
   Ela beijou minha bochecha.
   — Minji? — É normal ficar confusa mas você não precisa se prender a rótulos. O importante é como você se sente em relação a isso.
   — Siyeon, também tenho que te contar uma coisa. — O que? — Eu sou lésbica.
   Eu abracei ela, fiquei feliz dela finalmente ter me contado.
   — Obrigada por confiar em mim.
   Nós conversamos mais sobre o assunto por um tempo, e depois eu fui embora. Fiquei tão feliz de poder falar sobre isso com alguém que entende.
  

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