🦋 - "I ρromιsᥱ."

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08 de setembro de 1995 ; Sexta-Feira.
Los Angeles ; Califórnia ; 10:47PM.

- Já disse que não irei me casar com aquela garota, mãe! - Enquanto mais uma vez subia para a janela do quarto de seu melhor amigo, como fazia diariamente todas as noites, Johnny podia ouvia atentamente os gritos desesperados e furiosos do garoto no andar de baixo da casa. Sons de salto alto podiam ser escutados batendo contra a madeira do assoalho da residência, junto de passadas furiosas do quase recém-chegado adolescente de sua tão odiosa faculdade.

- E por que não? Pode me dizer o motivo, Wong KunHang? - O americano pôde ver pela fresta da janela de vidro abaixo de si, a mulher de longos cabelos negros e aparência muito bem conservada, bloquear a passagem do filho à ida para seu quarto, com os braços cruzados e uma carranca quase mortal enquanto o menino só podia encará-la, com uma expressão facial posta em seu rosto, à qual Johnny conhecia muito bem.

- Porque amo outra pessoa! - Ele gritou. - E a menos que você planeje me matar, eu jamais me casarei com alguém que não amo de verdade. Não quero ser como você que vive as custas do papai e da empresa dele, sem nem ao menos amá-lo só para manter a imagem material e financeira da sua família! A qual se me lembro bem, nem sequer se importa com você! - Johnny sentiu-se orgulhoso pelo melhor amigo.

Todas as noites, naquela casa, discussões graves e rudes eram dirigidas ao Wong mais novo, como um bombardeio em meio à guerra atingindo um principal alvo. Por ser o único legítimo herdeiro da família o garoto já tinha todo seu futuro planejado pelos pais antes mesmo de nascer e desde pequeno fora obrigado à seguir regras e padrões aos qual claramente nunca se encaixara. O barulho do tapa forte e estalado que KunHang recebera fora alto o suficiente para seu irmão mais velho ouvir e descer às preças a escada parando entre a própria mãe e o caçula da família.

- Ama a outra pessoa, KunHang? E quem é? Nos diga. Qual o nome dela? - Desta vez o pai do garoto quem se pronunciara, aproximando-se sorrateiramente dos filhos e da suposta esposa por trás, seus sapatos caros escorregavam-se na madeira. Seu tom de voz era arrastado e calmo, o sorriso preenchido por um sarcasmo quase venenoso. Ele fizera questão de pronunciar a última palavra com destaque à voz, enquanto seu olhar nem um pouco discreto pousou no rosto vermelho de raiva de seu filho mais velho. O Wong mais novo calou-se. A resposta morreu em sua garganta. Johnny viu quando Yukhei furiosamente retribuiu o olhar sem abaixar a cabeça. - Ora, vamos, por favor! Não me diga que assim como seu irmãozinho mais velho, você também se tornou uma aberração e uma decepção para nossa família. - Debochou.

A última cena que viu partiu-lhe o coração do americano. Seu melhor amigo encarava seu irmão, que em momento algum abaixou a guarda para o pai. Os olhinhos negros lacrimejavam e os lábios estavam pressionados uns nos outros de maneira que anunciava um futuro choro que não tardaria a chegar. Yukhei virou-se brevemente para encará-lo e depois de abraçá-lo carinhosamente, deixando um beijinho casto na testa coberta pela cabeleira loira e descolorida, ele sinalizou levemente com a cabeça para que o adolescente subisse para o quarto.

Johnny suspirou continuando com sua rotina inicial e enquanto adentrava a janela dos aposentos do mais novo, o loiro de cabelos compridos agradecia mentalmente à todas as forças divinas existentes por estas terem dado ao chinês, ao menos um membro familiar que enxergasse muito além de apenas dinheiro, regras e padrões religiosos.

- As únicas aberrações desta casa são vocês mesmos. - Fora a última coisa que o Wong mais novo ouvira Yukhei dizer antes de adentrar o quarto, fechando a porta atrás de si e a trancando. Só então deixou o choro entalado na garganta vir à tona e as grossas lágrimas queimarem sua pele, enquanto suas costas deslizava pela porta e este se punha sentado sobre o chão frio, com a cabeça repousada desajeitadamente sobre a madeira negra atrás de si. Seu peito queimava, o misto de tristeza, angústia e pressão psicológica o cercavam de todos os lados enquanto suas mãos puxavam sem piedade os fios descoloridos e seu peito pulava em meio aos soluços.

90's Love | JohnDeryOnde histórias criam vida. Descubra agora