Bicho-papão e confusões

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Era uma terça feira cinzenta como o dia de ontem havia sido. Chego brava após a minha aula de poções, em que Snape havia feito uma crítica sem sentido sobre a minha poção e jogo minhas coisas com raiva na mesa em que Agnes estava sentada virada para trás conversando com Fred e Jorge, e ambos me olharam assustados.

-Aconteceu alguma coisa? – pergunta Agnes cautelosa.

-Snape aconteceu! – respondo arrumando com raiva minhas coisas com medo de ter manchado meus livros de tinta – A porcaria da poção era para ficar branca, a minha estava perfeitamente branca, segui todos os passos que ele colocou no quadro, mas aparentemente ela não estava totalmente branca e sim um pouco cinza. Eu juro que um dia vou azarar aquela cara sebosa.

-Uau – Jorge diz rindo – Você realmente está nervosa para querer azarar um professor – Mas não podemos julgar quando se trata de Snape – completa Fred. Olho para os dois afim de rebater, mas me vem em mente o que não paro de pensar desde a minha conversa com Roger, o questionamento se eles haviam mentido para mim e por quê.

-O que está olhando Carol? – pergunta Jorge já que eu fico encarando os dois em silêncio – Espero que não vá nos azarar.

-Não, só estava pensando em uma coisa, não é nada – respondo e me viro para frente e tirei da bolsa meu livro, pergaminho e pena, quando o professor Lupin entrou e todos ficaram quietos. O professor estava como sempre mal vestido, mas tinha um sorriso vago no rosto e parecia mais saudável do que no dia que fora apresentado.

-Bom dia – cumprimentou ele – Podem guardar os livros e as penas. Hoje teremos uma aula prática, os senhores só vão precisar das varinhas.

Nos olhamos ansiosos, nunca tivemos uma aula prática de Defesa contra as Artes das Trevas, a não ser que considerássemos as encenações ridículas de Gilderoy sobre seus livros como aulas práticas.

-Certo – ele diz quando todos estavam prontos – Queiram me seguir.

Levantamos intrigados e ansiosos para seguirmos o professor, que por um corredor deserto nos levou até a sala dos professores.

-Entrem, por favor – Lupin abriu a porta e se afastou para que nós entrássemos. A sala dos professores, uma sala comprida, era revestida com painéis de madeira e mobiliada com cadeiras velhas e desaparelhadas, estava vazia. O professor chamou a turma para o fundo da sala, onde havia um velho armário onde os professores provavelmente guardavam suas capas, quando nos aproximamos o armário chacoalhou e eu peguei a mão de Jorge por impulso e depois soltei envergonhada, mas ele pareceu achar graça.

-Não se preocupem, há apenas um bicho-papão aí dentro – exclamações saíram da boca de alguns de meus colegas que achavam que isso era um motivo para se preocupar.

-Bichos-papões gostam de lugares escuros e fechados – informou o professor enquanto o armário ainda se mexia – Guarda-roupas, o vão embaixo das camas, os armários sob as pias... Eu já encontrei um alojado dentro de um relógio de parede antigo. Este aí se mudou para cá ontem à tarde e perguntei ao diretor se os professores poderiam deixá-lo para eu poder dar uma aula prática para os alunos do terceiro ano e revisar com os do quinto.

-Certo, vocês aprenderam sobre bichos papões no terceiro ano, alguém poderia me responder o que eles são? – Prof. Lupin perguntou e eu levantei minha mão instantaneamente, e ele me passou a palavra.

-São transformistas, se transformam naquilo que acreditam que nos assustam mais – respondi e o rosto do professor se abriu em um sorriso.

-Muito bem, senhorita...?

A garota corvinal - Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora