Acordo com o barulho de cortinas sendo abertas agressivamente, ao som de passos corridos. Celina apressadamente me ajudou a levantar, afirmando que se eu dormisse mais um pouco perderia o café da manhã. Ela tira minhas roupas, e então a questiono, com uma voz cansada e grogue:
- Por que você está me vestindo?
- Observei o modo que a senhorita usou seu vestido ontem. Muitas peças faltando. Uma convidada como a senhorita deve andar bem vestida! Jamais o senhor Felipe negaria a uma dama vestimentas que assegurem sua dignidade. - ela fala isso em um tom meio risonho, como se estivesse respondendo o óbvio.
Ela coloca as várias peças que até agora desconheço o nome. Em menos de cinco minutos, estou com um coque envolvido em uma trança e um vestido bege claro.
- Penteada, calçada e vestida! A senhorita está belíssima.
Agradeço-a e saio do quarto em direção à mesa na qual jantamos ontem, salivando por uma xícara de café.
Enquanto desço as escadas ouço passos altos em minha direção. Ao encostar meus pés no chão do salão, sou puxada para fora da casa. Assustada e perplexa, nenhuma palavra saia de minha boca. Em contrapartida, me esforcei ao máximo para que aquelas grandes mãos largassem meu braço.
Em um curto caminho, sou trancada em um pequeno quarto o qual arrisco dizer ser onde os empregados guardam suas ferramentas de trabalho.
Por fim, me viro a fim de descobrir quem havia me puxado daquela maneira. Reconheço de imediato o rosto do sujeito. Saulo.
- Bom dia, senhorita. Antes de sua próxima refeição, sinto a necessidade de discutir a respeito de sua estadia.
Seu tom de voz era ríspido. Apesar de um pouco assustada, não demonstro medo ou fraqueza.
- Imagino que um senhor de respeito não precisaria atacar uma mulher de tal forma apenas para uma conversa. - respondo olhando nos olhos dele, sem conseguir identificar nenhum tipo de emoção vinda deste velho.
- Eu jamais desrespeitaria uma madame, senhorita. Ofereço a ti minhas sinceras lamentações. Apenas gostaria de demonstrar meu compromisso com este lugar. Nosso senhor, dono dessas terras, é um homem muito bom e rico. Moças jovens como a senhorita certamente se encantariam com a confortável vida que nosso senhor tem a oferecer.
Observo-o calada. Aos poucos, minha cabeça processa o que ele quer dizer.
- Você está me chamando de interesseira?
- Eu jamais usaria este termo. Conheço-a há poucas horas e não é de minha índole desprezar aqueles os quais não tenho consciência das legítimas intenções. - cada palavra que sai da boca dele aumenta um pouco o volume, deixando à entender que está discussão estava o aborrecendo.
- Então qual termo você usa quando julga uma mulher de querer flertar com um rico por dinheiro? - entro no clima de discussão estressante e aumento meu tom de voz ao me referir a ele.
- Se de fato essas são as intenções da senhorita, ordeno que saia imediatamente desta casa! - sua braveza, apesar de um pouco perigosa dado que ele tinha o dobro do meu tamanho, não me assustava mais.
- Em momento nenhum eu disse que essas eram minhas intenções! Eu agradeço muito pela ajuda que Felipe está me oferecendo, mas jamais tiraria proveito do dinheiro que ele possui. Sou uma mulher muito bem educada. - neste ponto, eu já não pensava direito. As palavras apenas pulavam da minha boca.
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senhorita
RomanceApós a faculdade, Alice se vê perdida em um mundo onde não há espaço para ela. Frustrada com sua vida profissional e amorosa, ela vai para um lugar completamente inesperado, onde não conhece ninguém. Perdida e sem saber como voltar, a moça tenta se...