CAPÍTULO 30

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Acordei no dia seguinte com o corpo doendo, como se tivesse levado vários socos durante a noite. Mas, o que mais me doía era por dentro. Meu emocional estava destruído. Eu não aguentaria ficar afastada da minha melhor amiga, mas sabia que ela precisava do seu tempo. Não tinha muito o que eu poderia fazer. Eu não deveria nunca ter entrado nessa de vingança. Nunca funciona.

Levantei e fui fazer minha higiene, descendo em seguida. Era pouco mais de 8h e eu estava sem sono e sem fome. Me deitei no sofá da sala e liguei a TV em um canal qualquer. Meus pais já tinham saído para trabalhar, então estava na minha completa solidão. Essa palavra doía. Era para estar me divertindo, mas eu só sentia tristeza.

— Desde quando você gosta desses documentários? — PH disse me fazendo despertar dos meus pensamento.

Levei meu olhar para a TV e depois para ele. Estava passando um daqueles programas de desvendar sobre assassinatos. Realmente não era algo que eu gostava. Não sei quanto tempo eu fiquei assim e muito menos como ele entrou em minha casa, mas eu não estava com paciência de falar nada e nem brigar. Voltei meu olhar para a TV.

— Vem! — Ele disse e eu desviei meu olhar novamente. Ele estava com um sorriso fraco e suspendeu uma cesta para mim — Vamos para os lagos.

— Eu não quero sair de casa, PH. — Disse seca.

— Eu sei, justamente por isso você sairá. — Ela não esperou a minha resposta e se aproximou — Sei da sua briga com a Jessi e não quero nenhuma das duas assim... Ela está com o Joca, então a minha função hoje é te fazer menos triste. — ele disse de uma forma sincera.

Meu peito se contraiu em um aperto. Ele era uma boa pessoa e estava se mostrando assim. O PH que eu conhecia antes não existia mais. Ele estava mudado e deixava transparecer tudo agora.

— Ela te contou tudo? — Eu perguntei confusa.

— Não. — Ele disse estendendo a mão para mim — Ela só chegou em casa e bateu a porta do quarto, se trancando lá. Era óbvio que vocês brigaram. — Eu peguei em sua mão e ele me puxou, me forçando a sentar — A última vez que eu vi vocês assim, deveriam ter uns onze anos. Eu sei que vocês vão se acertar, mas até lá, quero te distrair.

Eu queria ter essa mesma certeza, porém eu sabia o real motivo. Eu não poderia contar, não agora. Eu estava com medo de piorar ainda mais a situação, tanto com ele quanto com ela.

— Eu não quero sair de casa, PH. — Disse me deitando novamente — Pode ir embora, por favor?

Ele negou com a cabeça, se ajoelhando na minha frente. Meus olhos começaram a lacrimejar de novo, me fazendo chorar. Ele limpou as primeiras lágrimas com o dorso da mão.

— Eu comprei até sorvete de morango, Leti. — Ele disse com um meio sorriso — Se não formos logo, ele irá derreter. Eu ainda tenho que passar naquela padaria pra comprar a torta de chocolate que você gosta.

— Eu já falei que não quero ir! — Disse seca.

— Tudo bem então, vamos fazer o piquenique aqui. — Ele puxou a cesta para próximo de nós e tirou o pote de sorvete e duas colheres, me entregando em seguida. — Quer ver um dos seus filmes de princesa?

— Eu quero que você me deixe em paz!

— Eu não vou te abandonar, Leti. — PH disse calmo. — Eu sou seu amigo, antes de tudo. Não quero o seu mal, nunca quis. Quero realmente te ver sempre bem. Tinha preparado um dia ótimo para aproveitarmos, mas se prefere ficar em casa, por mim tudo bem. Posso até fazer uma noite das garotas com você. Te deixo colocar essas máscaras em mim e passar esmalte também. — Eu soltei uma risada sincera, mas logo voltei a chorar — Compro um tanto de chocolate e mais besteiras e vamos nos divertir muito vendo todos os filmes da disney. A única coisa que eu não deixo é me depilar, o resto é liberado.

A vingança é plena ▪ Cameron DallasOnde histórias criam vida. Descubra agora