A vingança é plena ▪ Cameron Dallas

CAPÍTULO 34

Depois da confusão com a Melissa, resolvemos voltar para casa. Não tinha clima nenhum para continuar ali. PH me deu algumas instruções do que eu precisaria para o nosso dia e assim eu fiz. Pelo que entendi, dormiríamos fora de casa, então durante o jantar já falei que dormiria na casa da Bia. Se eu falasse que sairia com o PH, eles não se importariam, porém começariam a especular várias coisas e já tinha custado a conseguir afastar esses pensamentos da cabeça da tia Lúcia, não queria meus pais iludidos.

PH estava me esperando escorado no carro, conforme tínhamos combinado. Ainda não eram 9h, o que indicava que tinha madrugado. Era evidente isso na minha cara de sono.

— Dormiu bem, ein? — Ele disse me zoando enquanto me aproximava para entrar no carro.

— Ainda bem que poderei dormir no caminho. — Disse rindo.

PH deu meia volta e entrou no carro. Foi dirigindo em silêncio, realmente me deixando dormir. Tinha um cooler e várias coisas de acampamento. Disso eu tinha medo. Eu fechei os olhos, porém não acho que tenha dormido muito tempo, pois logo senti ele me acordar.

— Já te disse que odeio ser acordada, né? — Brinquei, porém era verdade.

— Eu sei, por isso mesmo eu faço. — Ele riu. — Vem, quero te mostrar isso!

Abri a porta do carro e vi uma área própria de acampamento. Tinham outros dois veículos, o que indicava que não estávamos a sós. De certa forma me deu segurança. Não que eu estivesse com medo do PH, mas eu já tinha visto muitos documentários sobre mortes em acampamentos. Não queria ser mais um número na estimativa. Fomos caminhando até a área da recepção e PH fez o nosso check-in.

A mulher, muito indiscreta, cantou o mesmo durante todo o processo, mesmo ele deixando evidente que estava desconfortável com isso. Ela entregou uma chave, que seria onde guardaríamos nossas coisas e, caso preferíssimos, onde dormiríamos. Fomos para esse local.

— O bom é que você tem três opções para escolher onde dormir. — Disse rindo.

— Três? — Ele estava confuso.

— Sim. Nosso quarto, na barraca ou no quarto dela. — Revirei os olhos e ele riu — Não se esqueça do número, se bem que ela não se importa em repetir mesmo...

— Vamos dormir nas barracas. — Ele disse ainda com um sorriso — Hoje é noite de lua cheia, Leti. E... — ele deu uma pausa para me encarar — Antes que você comece, não, não estou interessado nela. Eu estou aqui com você, não vou te deixar sozinha.

Eu abri um sorriso pequeno e ele retribuiu. Fomos até o tal quarto guardar tudo. O dia prometia. PH me contou sobre o roteiro: pela manhã faríamos uma trilha até uma cachoeira e ficaríamos lá até a metade da tarde, onde voltaríamos para esse campo para nos prepararmos para a noite. Eles não recomendavam fazer as trilhas muito tarde, para evitar que os visitantes se perdessem.

Assim fizemos. Aproveitamos o máximo a cachoeira. Outro casal resolveu fazer o mesmo planejamento nosso. A única diferença é que eles realmente eram um casal de verdade. Eu e PH éramos somente amigos. Nos divertimos muito, apesar de não ter muito o que fazer. A trilha não foi muito longa. Vinte minutos de caminhada mediana, mas valeu a pena.

Quando já estava escurecendo, resolvemos armar as barracas. PH trouxe duas, apesar de não me importar em dormir com ele, mas era melhor assim. Já tínhamos tomado banho, então fomos para a área do refeitório pegar nosso jantar. Era um campo muito organizado e tinha pré-estabelecido todos os horários de refeições e programações. Me deu vontade de voltar com mais tempo, para aproveitar tudo ali.

Quando voltamos para as barracas já estava tarde. Ficamos numa área afastada dos outros casais, que também estavam afastados entre si. Eram no total quatro grupos, então não teria problemas com isso. PH estendeu um colchão no chão, por fora da barraca. Não estava muito frio, então ele preferiu não pedir fósforo para fazer uma fogueira. Haviam algumas luzes para iluminar o chão, mas nada que atrapalhasse a vista do céu. Nos deitamos ali e encaramos o céu em silêncio.