Capítulo 5

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ALERTA DE GATILHO: LGBTFOBIA EM UM LAR RELIGIOSO.

    Eu encarava a casa rosada com janelas e balaústres brancos de dentro do carro e sentia o meu estômago embrulhar e meu coração acelerar toda vez que eu me lembrava do que estávamos prestes a fazer

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    Eu encarava a casa rosada com janelas e balaústres brancos de dentro do carro e sentia o meu estômago embrulhar e meu coração acelerar toda vez que eu me lembrava do que estávamos prestes a fazer. Estávamos a poucos metros de distância dela e eu já queria fugir, imagine então o que eu faria quando entrasse?

— Ei, fica calma! Vai dar tudo certo! — Matthew tentou me tranquilizar e colocou sua mão sobre a minha. Ele estava sentado ao meu lado, no banco do motorista.

— Vai com tudo! Ela vai correr para os seus braços e te beijar loucamente devido a toda saudade. — O comentário de minha irmã fez com que King e eu nos virássemos para trás para encará-la. — O que foi? Eu ando lendo muito “A Imagem do meu amor”.

    Meus pais tinham nos emprestado o carro para que eu pudesse, enfim, ir atrás de Hurricane e como Flora e eu não sabíamos dirigir, pedi a Matthew que fizesse isso por mim. Também havíamos chamado Alyssa, mas ela estava ocupada com algo que não consegui entender direito durante o telefonema.

— Nós vamos te esperar bem aqui, ok? Qualquer coisa é só ligar ou gritar. — Disse o garoto.

— Ou latir por ajuda. — Completou Flora usando a frase do desenho que ela vivia assistindo com Alena, um tal de “Patrulha Canina”.

— Muito obrigada por tudo, galera. Ou por quase tudo… — Mais uma vez olhei para minha irmã com uma cara confusa. Ela sabia ser bem peculiar quando queria. — Me desejem sorte! — Pedi já saindo do carro e fechando a porta logo em seguida.

    Atravessei a rua e depois caminhei pelo gramado com as mãos suando de nervoso. Nós não nos falávamos pessoalmente há meses e a probabilidade dela não querer me ver nem pintada de ouro era grande demais.

    Toquei a campainha no instante em que pus os meus pés na varanda, senão acabaria perdendo a coragem e eu não estava planejando voltar para casa sem uma resposta. Uma senhora de pele negra, baixinha, com cabelos lisos e óculos rosa bebê atendeu a porta e eu, automaticamente, me lembrei dela. Era a mulher do dia do mercado, a que me tratou mal. Era a mãe de Hurricane. E perceber isso fez com que eu me arrependesse de ter ido até lá.

— Pois não? — Mal humorada, ela perguntou cruzando os braços e se apoiando na soleira da porta.

—Hum...B-boa tarde! — Sentia como se a minha língua tivesse ressecado por completo e eu precisei de alguns momentinhos para me recompor do susto. — Eu gostaria de falar com Hurricane. Ela está?

    A mulher ficou me encarando intensamente por alguns instantes, como se me estudasse e eu tive vontade de me encolher ou sair correndo dali. Eu não ia muito com a cara da mãe de Hurri, aparentemente.

— Eu te conheço de algum lugar, só não me lembro de onde. — Ela comentou enquanto ainda me observava com atenção.

— N-não, acho que a senhora não conhece. — Não sei porquê menti, só sei que o fiz. Aquela senhora me dava arrepios e tudo o que eu mais queria era falar com a filha dela e sair correndo daquela casa.

Querido Papai Noel... -Spin-Off de Sem Rodinhas [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora