— Eu vou comprar os nossos lanches, fique aqui olhando as bolsas. — Flora disse enquanto acabava de anotar o meu pedido no bloquinho de notas de seu telefone. Ela não me esperou concordar e logo saiu andando pela praça de alimentação lotada.
O natal estava próximo demais e como, aparentemente, gostávamos de passar apertos, minha irmã e eu deixamos para comprar os nossos presentes de última hora, fazendo com que encontrássemos o shopping lotado. O que não fazemos pelas pessoas que amamos, não é mesmo?
Já tínhamos passado em algumas lojas e compramos os presentes dos nossos familiares e naquele momento faltavam apenas os dos nossos amigos. Apesar de termos combinado um amigo-oculto, onde eu tirei o Matthew, eu queria presentear a todos, assim como minha irmã também sentia vontade.
Eu estava prestando atenção em meu celular, respondendo alguns comentários de “A imagem do meu amor” no Wattpad e ao mesmo tempo tentando localizar Flora na fila do fast food, quando a minha atenção foi puxada para um rapaz que me encarava furtivamente a umas quatro mesas de distância. Ele era muito bonito: tinha a pele negra, cabelos cacheados que, por causa do corte atual, formavam um topete e quando ele viu que eu o analisava, sorriu para mim e eu pude ver seu sorriso branquinho.
Eu não estava entendendo muito bem o motivo de ele tanto me olhar, acreditava que ou ele estava tentando flertar comigo, ou tinha alguma coisa em meu rosto. A minha dúvida foi sanada no instante em que ele se levantou se sua cadeira, abandonando seu grupo de amigos na mesa e caminhou até a mim, puxando a cadeira que era de Flora e sentando-se ao meu lado sem nem perguntar se podia.
— Eu estava de longe me perguntando se um dia eu já tinha visto uma garota tão bonita quanto você e cheguei a conclusão de que não, você é única.
Em meus ombros esquerdo e direito, haviam duas miniaturas de mim, a Muriel anjinha e a Muriel diabinha e ambas reviraram os olhos com tanta força que eles quase saltaram de órbita. Eu odiava flertar com pessoas aleatórias, tinha muita preguiça de conversar com gente que eu não me interessava, mas precisava mostrar a educação que meus pais haviam me dado, então eu sorri e tentei ser simpática.
— Achei que estivesse me encarando por ter algo errado comigo. — Soltei uma risadinha forçada.
— Não, eu só achei você interessante e estava torcendo para que me notasse. — Sorridente, ele estendeu a mão e disse: — Prazer, eu me chamo Vicente.
— Eu sou Muriel.
— Você vem sempre aqui?
— Você jura que é assim que quer puxar assunto comigo? — A minha pergunta fez com que ele coçasse a nuca, super sem graça e eu acabei rindo de verdade.
— Me desculpe, é sério! É que eu acabei de sair de um relacionamento e aparentemente esqueci como se flerta. — Ok, talvez eu estivesse começando a achar Vicente um cara legal, ele era engraçadinho. — Meus amigos estavam colocando pilha para que eu começasse a conhecer novas pessoas. Me desculpe se estou sendo inconveniente. — Um pouco frustrado, ele fez menção de se levantar da cadeira, mas eu o impedi, segurando seu braço e pedindo para que se sentasse novamente.
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Querido Papai Noel... -Spin-Off de Sem Rodinhas [CONCLUÍDA]
Short StoryMuriel Patel e Hurricane Tomato andam tendo problemas em seu relacionamentos. O que antes era um conto de fadas, se transformava em um verdadeiro filme de terror só de Hurricane imaginar se assumindo lésbica para sua mãe religiosa e super conservado...