Capítulo 3

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Quando Rhys desceu as escadas, que davam para a sala de estar, todos estavam aflitos, inclusive a Nestha que abanava com o travesseiro o Cassian, onde havia se deitado no sofá, ainda se recuperando do mal estar.

Quando todos pousaram os olhos no Rhys, viram a criaturinha mais linda e chorona do mundo.

- Ah! Deixe-me vê-lo! – todos falavam ao mesmo tempo, e Rhysand já não conseguia distinguir as vozes, pois estava tão exausto que parecia que foi ele que tinha dado à luz.

Então, quando os ânimos se acalmaram, Elain pegou o machinho lindo e o levou junto com a Nuala e Cerridwen (que haviam sido expulsas pela Senhora Alis quando tentavam ajudar) para dar um banho e colocar a uma roupinha de veludo azul que Amren havia comprado, e sim, ela fez questão que o pequeno usasse.

- Você parece destruído! – disse Amren ao Rhys.

- Destruído?! Estou melhor que o nosso Cassian! – dessa vez todos riram, e Mor olhou para o Cassian, e disse indignada:

- Cassian, como pôde ficar tão mal assim?! Você já destruiu exércitos inteiros, lidou com feridos à beira da morte, e agora que viu a Feyre, parece que nunca entrou em um campo de batalha!

- Não me faça lembrar dessa cena de novo! O que vi não se compara com uma batalha!

Nestha revirou os olhos, e Azriel disse:

- Quem diria que o Cassian poderia ser tão ... sensível!

Dessa vez todos gargalharam, enquanto Cassian soltou um grunhido irritado.

O som só foi interrompido pelo grito estridente da Feyre no andar de cima, e Nestha falou preocupada:

- Por que a Feyre ainda está gritando?!

- A Feyre está dando à luz ao nosso segundo filho.

Todos o olharam perplexo, nem Rhys estava acreditando no que estava acontecendo.

- Quer dizer Gêmeos?! – perguntou Cassian perplexo.

- Sim... Gêmeos...— essa palavra soava tão impossível, que Rhys a pronunciou com certa hesitação.

Todos permaneceram e silêncio, até Nestha não sabia o que dizer. E Feyre continuava gritando como se estivesse sendo asfixiada.

- Não me lembro de ter visto mais de um par de gêmeos em toda a minha existência—disse Amren aturdida. Ela se virou pra Nestha —É mais raro do que ter um filho feérico. O que torna tudo complexo.

- Por que?! – perguntou Nestha impaciente.

- Por serem raros, não temos muitos registros para saber como lidar com eles. Gêmeos feéricos tem as suas...— Amren pigarreou dizendo - Suas particularidades.

Todos ficaram apreensivos, não só pelos gritos da Feyre, mas agora com essa última afirmação da Amren, e pior ainda, ela hesitou pra falar, e Amren nunca hesita.

- O que nos resta é esperar – concluiu Amren.

E foi o que todos fizeram, principalmente o Rhys, que tentava se comunicar pelo laço, mas a Feyre tinha erguido um muro diamantino diante dele.

Esperar, ele dizia a si mesmo, era o que precisava ser feito.

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Dessa vez, o segundo parto durou menos tempo que o primeiro, em compensação, a dor que Feyre sentiu foi mais intensa e asfixiante.

Quando todos ouviram o choro da outra criaturinha linda, Rhys já estava abrindo a porta para ver sua parceira e seu outro filho, que dizer sua filha.

- Aqui está Grão Senhor, sua bebê – Alis a entregou nos braços, e Rhys já estava tão emocionado que não conseguiu falar – Peço por gentileza, que seus amigos saiam do corredor, minha Grã-Senhora precisa de descanso.

Rhysand encarou todos que estavam espionando pela porta, deu um olhar de aviso, e eles tiveram que sair praguejando de insatisfação.

Rhys olhou para a Feyre que estava desacordada, e disse:

- Por que ela parece estar inconsciente?!

- Ela está dormindo. Vai dormir durante 3 dias, e quando acordar minha Grã-Senhora estará melhor.

- 3 dias?!

A Senhora Alis o olhou com impaciência como se ele fosse uma criança, e no fundo Rhys sentiu uma ponta de medo mediante o olhar dela, mas claro que não demonstrou, ou pelo menos esperava não ter demonstrado.

- Quando ela acordar, deverá beber 3 litros de água estrelar, se alimentar com 3 refeições leves, e tomar banho 3 vezes ao dia, durante 3 semanas.

Rhys pensou por que a Senhora Alis tinha preferência pelo número 3?! Será que era por causa de alguma crença antiga, ou um feitiço que ele desconhecia?! Ele não sabia dizer. Então preferiu guardar os pensamentos para si, dizendo:

- Farei exatamente o que a senhora me orientou.

A Senhora Alis fez uma reverência, e já estava na porta, quando Rhys agradeceu e ela pelo seu trabalho e sua dedicação por salvar vida da sua família, que agora era a coisa mais valiosa do mundo. A Senhora Alis, deu um meio sorriso no canto dos lábios, e logo foi embora.

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3 dias depois...

Quando Feyre abriu os olhos, viu que seu quarto estava silencioso, havia entrado uma luz de fim de tarde pela fresta da janela de sua varanda, e o cheiro de sal e limão que tinha no seu quarto, garantia que Rhys havia estado ali a pouco tempo. Ela inspirou profundamente, pra tentar absorver toda aquela paz silenciosa, que só a sua corte poderia proporcionar, e de repente se lembrou da dor, da Senhora Alis gritando, dela gritando, do Rhys tentando acalmá-la...E seus filhos? Onde estavam? Quanto tempo se passou desde aquele dia terrível e ao mesmo tempo abençoado em que viveu?! Foram um dos momentos mais difíceis de sua vida, isso ela não tinha a menor dúvida.

- Que bom que acordou! – disse Elain, entrando no quarto e já se sentando em uma poltrona ao lado dela. – Como se sente?

- Eu me sinto bem... indisposta. – deu um sorriso que não chegou aos olhos, e perguntou para a irmã - Onde estão os meus filhos?!

- Não se preocupe. Eles estão muito bem, e são tão lindos! – Elain já estava com os olhos marejados, e Feyre ficou ainda mais ansiosa por vê-los – Nuala e Cerridwen estão ajudando o Rhys a dar banho neles. Ele estava aqui até agora pouco, velando o seu sono, você dormiu por 3 dias.

- 3 dias?! Que estranho, parece que eu só dormi por um momento... – Feyre ficou desnorteada, e depois surgiu outro questionamento – Espere um pouco, você disse que Rhys está dando banho em nossos filhos?! – Feyre ergueu uma sobrancelha pra Elain, que já estava rindo da hilaridade dos fatos – Eu queria muito ver esse momento! – dizendo em tom sarcástico e bem humorado.

- Eu quis dizer que Rhys estava tentando, não que ele estava conseguindo – e ambas se olharam, e começaram a rir sem parar. Até que Feyre sentiu uma pontada de dor, o que fez ela recuar lentamente. Elain perguntou preocupada:

- Você está bem?! – Feyre a olhou como se tivesse visto a irmã pela primeira vez. Havia algo em seu olhar, nos seus olhos, ao redor da íris, tinham uma cor como de um fogo incandescente, algo que não existia antes – Eu estou bem, só um pouco cansada... – e completou dizendo – Você me parece diferente...

- Eu?! – Elain olhou nervosa para suas mãos trêmulas, ficando um pouco inquieta – Na verdade, me sinto um pouco diferente nesses últimos tempos – ela hesitou antes de  falar, e Feyre sustentou o seu olhar – Não há nada com que precise se preocupar – Feyre já estava disposta a debater, mas Elain a interrompeu – Deve descansar, e vamos cuidar muito bem de você durante essas três semanas , para que se recupere o mais rápido possível.

Houve uma batida na porta, e quando Rhys entrou, segurando o casal de gêmeos um de cada lado, Feyre soube, naquele momento, o que era a verdadeira felicidade.

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