I'm lonely but you can save me

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A parte mais difícil foi conseguir privacidade dentro de seu próprio quarto. Os pais e a irmã mais velha não deram um momento de sossego durante as horas seguintes, Uenoyama também não estava pensando em fazer nada pornográfico enquanto todos estavam a um passo de entrar em seu quarto. A única coisa que ele queria naquele momento era um tempo sozinho para ouvir as músicas com o fone de ouvido, deitado na cama e com as mãos embaixo da cabeça.

— Hey! O jantar está pronto. — Yayoi bateu na porta, entrando em seguida. — O que está ouvindo aí que não saiu desse quarto?

— Apenas músicas. — Ele respondeu, fechando o caderno ao lado da cama, antes que a irmã pudesse ver suas anotações pessoais.

— Está escrevendo uma música? — Ela perguntou, dando uma risadinha. — É para o seu namorado?

— Quem? — Ele arregalou os olhos e balançou a cabeça, mas quando Yayoi começou a gargalhar, Ritsuka apenas crispou os lábios e virou o rosto cruzando os braços.

— Não se preocupe, eu não vou falar nada para nossos pais e nem te dar qualquer tipo de sermão. — Ela foi saindo do quarto e depois virou-se novamente. — Seja qual for seus sentimentos, continue assim, está fazendo muito bem para a sua pele. Você anda mais bonito do que o de costume.

Ela deixou o quarto, fechando a porta e Ritsuka esfregou as mãos nos cabelos. Não havia reparado nenhuma mudança na sua aparência desde que começou a namorar Mafuyu, mas talvez a irmã tivesse uma percepção melhor sobre as coisas ao seu redor. Ela era uma artista de mão cheia, fazia belos desenhos e estava sempre muito bem informada de tudo o que acontecia naquela cidade, provavelmente tinha bons olhos para analisar as pessoas e encontrar sutilezas que outras pessoas não perceberiam.

Após o jantar, fingiu estar interessado no programa que a família assistia na sala. Depois que os pais foram dormir, Yayoi chamou-o para conversar na cozinha.

— Eu vou ter que sair. — Ela falou, tirando o roupão que vestia sempre antes de dormir. Diferente do habitual, não estava usando um pijama para dormir ou o sutiã com calça de moletom. Estava bem arrumada com um vestido curto e brilhoso de alças finas, segurando uma bolsinha pequena que combinava com a roupa. Ela falava enquanto retocava o batom malva nos lábios pequenos.

— Você vai numa festa? — Ritsuka perguntou, os olhos estreitos na direção da irmã mais velha. Ela parecia ter caprichado bastante na sua aparência naquela noite. — Vai sair com Take-san?

— Sim, vou na casa dele. — Ela mexeu na franjinha e balançou os cabelos. — Eu deixei meu quarto arrumado, se alguém entrar lá vai achar que estou dormindo. Papai e mamãe não costumam se levantar de noite, mas, se por acaso ouvir algum barulho, não deixe que eles me chamarem. Inventa alguma coisa.

— Que? O que eu vou inventar? E como assim você não vai voltar hoje para casa? Você vai dormir lá?

— Diz que eu tomei um remédio e fui dormir porque estava com cólica. Papai vai mudar de assunto na mesma hora. — Ela riu, parecendo se divertir com a cara que Ritsuka fazia. — O que foi? Na sua escola eles não ensinaram sobre o sistema reprodutor feminino?

— Para de falar essas besteiras, é claro que ensinaram. — Ritsuka aumentou o tom de voz, mas Yayoi tampou a boca dele com sua mão.

— Fale baixo. — Sussurrou. — Eu volto antes do nascer do sol, cobre essa para mim. Eu sei que logo mais eu quem vou te ajudar a dar algumas escapadas de noite.

Yayoi piscou e sorriu em seguida, saindo pela porta da lavanderia que dava para a escada de incêndio, levando um par de sandálias de salto com ela.

Antes de voltar para seu quarto, Ritsuka foi até o quarto da irmã e abriu a porta. Havia travesseiros embaixo da coberta, mas dava para ver que aquilo ali nem se parecia com um corpo feminino. A não ser que Yayoi tivesse ganho uns trinta quilos no jantar. Ele então mexeu no travesseiro e tentou arrumar melhor. Não tinha jeito de melhorar aquilo, ainda bem que seus pais usavam óculos e o quarto ficou mais escuro após fechar as persianas.

Ele retornou para o seu quarto e voltou a colocar os fones de ouvido, dessa vez, aproveitando que estava sozinho, decidiu fazer uma pesquisa no celular. A primeira pesquisa foi mais didática sobre como colocar o preservativo. Já havia visto imagens e vídeos o bastante para saber como tecnicamente deveria ser. Contudo, nenhum daqueles vídeos tutoriais de prevenção explicava como fazer aquilo durante o sexo. Eram tantas regras de cunho educacional, sexual e sentimental que aquilo pareceu não ser exatamente o que ele precisava ver no momento.

Durante a pesquisa, acabou sendo direcionado até um vídeo, no entanto, não pareceu possuir aquele teor tradicional e teórico. Dois rapazes conversavam tranquilamente diante da câmera, falavam em inglês e possuíam uma presença muito marcante, pareciam bastante confiantes com o que falavam. Eles eram um casal e falavam abertamente sobre as posições sexuais que eles mais gostavam. Num primeiro momento, Uenoyama tampou o rosto com a almofada, mesmo com o rosto coberto, ele ainda ouvia pelos fones em seus ouvidos o que o casal falava. Parecia que estava invadindo a privacidade de alguém, pensou em fechar a página, mas um dos rapazes começou a falar sobre sua insegurança no começo da relação.

— Eu era muito tímido e ainda era virgem, não tinha a menor ideia do que fazer. Procurei na internet filme pornô, qualquer coisa que me explicasse como funcionava o sexo. Entretanto, nada poderia me preparar para sentir de fato o prazer que eu senti quando finalmente as coisas deram certo. É claro que antes disso eu quebrei a cara algumas vezes, mas encontrei o grande amor da minha vida e tudo pareceu se encaixar bem.

Uenoyama tirou a almofada do rosto e voltou os olhos para a tela do celular em sua mão. O desabafo do casal de repente não pareceu mais como uma invasão de privacidade, mas uma forma para compreender que ele não era o único. Nos comentários, muitas pessoas relatavam o mesmo problema de timidez e falta de experiência. E a maioria das pessoas tinham como conclusão o fato de que com o tempo eles foram aprendendo a se conhecer melhor e a aproveitar o momento com os diversos parceiros que tinham.

Isso já era muito para ele, não estava conseguindo lidar com um namorado, imagina outros parceiros?

Acabou dormindo, enquanto ouvia novamente a playlist que Akihiko compartilhou.

Na manhã seguinte, encontrou a irmã preparando o café da manhã. Ela sorria animada, cantarolando enquanto quebrava os ovos e os mexia com hashis na frigideira.

— Quer? — Perguntou, oferecendo a comida. Ritsuka aceitou e se sentou na cadeira, agradecendo a refeição.

— Como foi a festa?

— Ótima. — Ela respondeu e depois fez um sinal com o dedo na boca, para que ele não falasse do assunto quando os pais entraram na sala. — Como estão os planos para sua viagem?

— Acho que tudo bem. — Ele comentou enquanto comia.

— Aquele seu amigo da banda vai também, não é? — A irmã perguntou, vendo-o engasgar-se com o chá.

— Está tudo bem? — Seu pai deu alguns tapinhas em suas costas.

— Eu estou bem sim. — Ritsuka respondeu e direcionou o olhar para a irmã, que riu.

— Tem certeza de que não quer fazer compras? — A mãe sugeriu. — Acho que precisa de roupas de banho nova.

— Mãe, está tudo bem, eu tenho roupas o suficiente. E nem sei se quero entrar no mar.

— Como assim? — Os pais perguntaram ao mesmo tempo.

— Não se preocupem com ele. — Yayoi interveio na conversa, oferecendo mais comida nos pratos de cada um. — Ritsuka já é um rapaz, ele tem que tomar suas próprias decisões do que vestir, e o que fazer.

Hmm. — O pai coçou o queixo e olhou para o filho. — Sua irmã tem razão.

— Mesmo assim, não quero que meu filho se vista de qualquer jeito, dê um pouco de dinheiro para ele, vamos, dê logo. — A mãe insistiu e o pai acabou oferecendo dinheiro.

— Hey, e eu, não mereço também? — Enquanto Yayoi reclamava, Ritsuka pegou a bolsa e foi para a escola.

One Year of LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora