Aplin • Outer Banks

19

!Atenção!
Esse capítulo terá cenas de:
Menção de assédio;
Tentativa de suicídio;
Ataque de pânico;
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Pov's Narradora

  A Lua.

Essa era uma das coisas que a Aplin amava. Passava horas e horas a admirando.

Ela caminhava pela beira da praia enquanto segurava uma garrafa de cerveja em uma de suas mãos e na outra tinha seus sapatos. Ela sentia seus dedos em contato com os pequenos grãos de areia que faziam cócegas em seus pés.

Quando ela tinha dez anos, Big John lia para ela e para John B. As vezes as histórias eram mais infantis como O Patinho Feio e João e Maria, outra eram histórias mais populares como, Moby Dick, Romeu e Julieta e A Divina Comédia — Obviamente ele contava de um jeito mais simples.

Elle sorri bobamente ao lembrar da história que ela mais havia gostado. Uma que ela nunca esqueceria, mesmo que fosse mais simples, ela tinha um significado para ela. 

"Era uma vez, uma menininha que não tinha nem mãe, nem pai, nem avô, nem avó. Ela era sozinha no mundo. Como era ainda muito pequena, um rico Mercador a levou para sua casa, dizendo que iria cuidar dela. Ele lhe dava um pouco de comida, e a deixava dormir na palha do estábulo. Mas, para isso ela tinha que lavar a louça e o chão, cozinhar, cuidar das crianças e do rebanho. O Mercador era avarento e mau. Sua Mulher, mais ainda.

Num dia de inverno, a Mulher do Mercador mandou a menina buscar água. Como o chafariz estava congelado, a garota tinha de ir até o lago, então pegou um balde e partiu. Fazia muito frio, um frio de rachar. A menina quebrou o gelo para fazer um buraco e tirar a água. Depois, pegou o caminho de volta, levando o balde cheio. Mas, justamente quando ia chegando bem perto da casa do Mercador, escorregou e derramou toda a água.

A menininha começou a chorar. Já não tinha forças para voltar ao lago e sem água ela não se atrevia a aparecer na casa do Mercador.

Sentou-se então, muito triste e com frio, olhando o pôr-do-sol e pediu para que o Sol a leva-se para o céu. Mas o Sol se escondeu atrás de uma montanha, e de repente, já era noite e a Lua estava presente.

A menina, com suas últimas forças, clamou para que a Lua a leva-se embora daquele lugar frio e sem amor. A Lua ouviu-a e desceu à Terra. Ele era um belo moço vestido de prata. Mas imediatamente atrás dele vinha também o Sol, que era um belo moço todo vestido de ouro e perguntou o por quê de a Lua ter descido. 

— Vim buscar esta menina, que não tem nenhuma alegria na terra. Vou leva-la para o céu.

— Não. Sou eu que vou levar a menina. Foi a mim que ela chamou primeiro. — O Sol reclama.

— Sim meu irmão, foi a ti que ela chamou primeiro. Mas não vieste. Só desceste depois que ela chamou a mim. Vieste tarde demais.

Tendo dito isso, a Lua pegou a menina, à aconchegou em seus braços e a levou embora para o céu, um lugar onde a garotinha poderia viver feliz."

Um lugar onde ela poderia viver feliz.

Elle sempre almejou viver nesse lugar, onde sempre teria comida e uma família, onde ela poderia viver sem ter o medo lhe perseguindo aonde quer que ela fosse.