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Olho para o teto do meu quarto e vejo apenas o escuro da luz apagada, o que é óbvio. Ou pelo menos deveria ser, normalmente não é assim, sempre quando vou dormir a luz do quarto do meu vizinho deixa meu quarto um pouco mais claro.

É quando eu consigo ouvir as vozes, em seguida os gemidos e após isso eu tento evitar qualquer barulho com meu travesseiro no rosto, não ajuda tanto, mas é o que tenho para me defender das impurezas do cara de vinte e um anos com o sorriso estupidamente convencido e o cabelo bagunçado que na visão de pessoas cegas é O bom garoto.

Tudo bem que ele é simpático, sempre dá bom dia e boa tarde e os cumprimentos, mas para mim ele só desperta raiva.

Pura e genuína raiva.

Okay, não sou tão má assim, também cumprimento ele, mas só por educação.

Hoje, por incrível que pareça, o que me despertou na verdade foi curiosidade pela luz não ter sido acendida e pelos gemidos não preencherem meu quarto. Peter nunca deixava um dia passar, isso era estranho.

Mas não dou a mínima.

Me viro para meu lado favorito da cama e fecho meus olhos, mais fácil de dormir sem todo o barulho.

[...]

Acordo com sirenes, me levanto e olho pela janela.

A casa do meu vizinho insuportável está quase azul e vermelha por conta das viaturas que também estão em frente de casa, visto um blusão por cima do pijama, desço as escadas correndo até o quintal e paro na calçada.

Meus pais já estão lá dando apoio para a senhora Hermínia, avó de Peter. Ainda não achei o desagradável, mas confesso que comecei a me preocupar.

- Bom dia, mãe! Bom dia, pai! Bom dia, senhora Hermínia! O que houve?- quando eles iam me responder, os olhos amendoados saiu do meio dos outros policiais e veio até nós.

Cruzei meus braços na altura do peito, a cara dele não era boa, embora eu estava feliz por ele estar ali.

Não sei se é bom eu estar feliz por isso por diversos motivos, mas não daria para negar, há viaturas por todo lugar e ele e a avó dele estão aqui, isso é bom. Não é?!

- Então, podem me dizer o que aconteceu?- franzi a testa em uma tentativa de chamar atenção.

- Bom dia, Heaven! Meu melhor amigo sumiu desde ontem a tarde, mas eu e meus amigos comunicamos a polícia hoje de manhã- concordei com a cabeça demostrando que prestei atenção.

- Já tentaram rastrear o celular dele?- mesmo com o semblante preocupado e triste, Peter sorriu de lado para mim. Achei muita ousadia.

- Sim. Já fizemos muitas coisas antes de comunicar a polícia. Obrigado por se preocupar- acenei com a cabeça de novo e olhei para meus pais.

- Vou tomar café, vão me dando atualizações- eles sorriram sem vontade e concordaram.

Entrei em casa e preparei meu café.

Sentei à mesa e comecei a tomar meu suco. O que será que aconteceu?

Termino de tomar meu café depois de algum tempo pensando.

- Filha, vamos precisar sair. Voltaremos tarde, se cuida. Te amamos- meus pais saíram apressados de casa depois de me darem um beijo na testa e um abraço.

Olho para o relógio e resolvo assistir algum filme, até dar a hora de começar minha rotina de férias.

Escuto baterem na porta, depois de algumas horas assistindo filme.

Me levanto com calma e abro a porta. O insuportável, está parado em frente o espaço aberto.

- Está fazendo o que?- ele ri.

- Tinha batido na porta, agora falando com você- reviro os olhos e ele ri mais.

- Tá, mas por quê?- ele encolhe os ombros.

- Não vai me chamar para entrar?- arqueio a sobrancelha.

- Por que deveria? Olha, Peter, sei que não é um dia legal para você, mas qual é! Veio me encher, por quê?- ele pareceu ficar ofendido e até a postura mudou, ficando ereto e mais sério, como se a brincadeira tivesse acabado.

Ela realmente acabou, porque não estou afim.

- Desculpa. Minha vó pediu para eu vir perguntar se você precisa de algo, seus pais falaram com ela- me apoio no batente da porta.

- Ela pediu, é?!- suspiro fundo- tudo bem. Não preciso de nada, obrigada. Como você está?- dei espaço para ele entrar em casa, se meus pais foram falar com ela, eles não voltariam tão cedo, mas isso eu já imaginava.

Então por que não ser um pouco legal?

Peter entrou e foi direto sentar no sofá que eu estava deitada. Me sentei em outro.

- Não posso falar que estou bem, mas também não estou super mal. Quero acreditar que ele está bem- concordei com a cabeça.

- Quer beber alguma coisa?

- Tem whisky?- fiquei séria e ele riu.

- É brincadeira! Que humor péssimo- ele revirou os olhos- não quero nada, obrigado.

Concordei com a cabeça e coloquei minhas pernas no braço do sofá.

- Pousou fora de casa?- ele riu.

- Sim. Como sabe?- dei de ombros.

- Detalhes- ele ri mais.

- Cheia dos mistérios- dessa vez eu que ri.

- Só sou mais atenta- ele concordou com a cabeça e pareceu pensar.

- Sabe Heaven, sei que você é nova, mas eu e meus amigos vamos fazer uma busca pelo Dylan hoje à noite, quer ir com a gente?- me surpreendo com a pergunta.

- Pode ser. Que horas?- ele sorriu satisfeito com minha resposta.

- Te chamo quando for.

- Tudo bem- ele se levanta.

- A gente se vê- ele beija minha bochecha e me deixa na sala tentando entender o que acabou de acontecer.

Peter Olinsky acabou de me chamar para sair com a galera dele para procurar pelo amigo que sumiu, tem como ser mais bizarro?

Tipo, Peter, o próprio, me chamou para acompanhar ele e ainda beijou minha bochecha, ew.

Ele sabe sobre minhas manias de descobrir as coisas ou o que?

Dei de ombros, preparei meu almoço e fiquei assistindo desmerecendo todos os planos que meio que tinha planejado para o dia.

Eu não iria ler nada hoje, porque eu vou sair com Peter Olinsky meu vizinho que acho insuportável para procurar por alguém que nem sabemos se já é cadáver.

Até Onde?: O Jogo Só ComeçouOnde histórias criam vida. Descubra agora