Capítulo 2 - Laranja

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Natal de 1973

- Desculpe, caras - Tiago falou pela décima vez naquele dia, enquanto fazia suas malas para voltar para casa - mamãe e papai vão me arrastar de novo para fora do país. Parece que isso vai virar tradição.

- Está tudo bem, companheiro - disse Sirius, não dando muita importância - Remo vai ficar também - sorriu para o amigo, que lia um livro em sua cama.

- Sim, tudo bem, Tiago - falou o Lupin sem tirar os olhos da leitura - e você, Pedro?

- E-eu vou para casa, desculpe - Pedro disse saindo do banheiro, carregando suas coisas de higiene pessoal consigo - mamãe vai preparar um grande banquete esse ano.

- E então eu e Remo teremos um banquete aqui mesmo em Hogwarts - Sirius se jogou ao lado do amigo lobisomem - junto com sonserinos prontos para terem suas vidas infernizadas.

- Sortudos! - Tiago exclamou frustrado - me contem tudo quando voltarmos.

- Será um prazer.

Aquele seria o segundo ano que Remo e Sirius ficariam sozinhos para o Natal em Hogwarts, e novamente, sendo apenas eles de alunos da Grifinória. Sirius, apesar de querer todos os quatro marotos reunidos, realmente não se importou com a ausência de Tiago e Pedro.

A essa altura, os amigos de Remo já sabiam de seu probleminha peludo - como decidiram chamar ao invés de "condição" - e faziam o possível para garantir que o amigo ficasse bem. Isso incluia deixá-lo de fora de certas brincadeiras (essas que Remo agradecia por poder ficar quieto na sala comunal lendo seus livros e descansando, mesmo que às vezes tivesse Pedro lhe fazendo perguntas sobre a aula).

Uma dessas ocasiões havia ocorrido nem mesmo dois dias após a partida da maioria dos alunos para casa. McGonagall encontrou Sirius levitando bombas de bosta para explodi-las nos poucos sonserinos que tinham ficado na escola e o manteve em detenção até a hora do toque de recolher.

Remo, por sua vez, ficara lendo confortavelmente em frente ao fogo, dividido entre gostar da paz e sossego ou sentir a falta da barulheira de Sirius.

- Estou exausto! - e o mesmo havia acabado de irromper pelo burado do retrato, com a gravata já desfeita e enrolada em seu pescoço. O Black não perdeu tempo e se jogou no sofá ao lado de Remo.

- Boa detenção? - perguntou sem tirar os olhos do livro trouxa que lia.

- Maravilhosa. Tia Minnie me passou lições extras das aulas passadas, muito divertido - se espreguiçou, bocejando em seguida.

- Pobre Minerva, tendo que aturar você até em feriados.

- Ela faz isso porque me ama - retrucou agora se deitando, fazendo o colo de Remo como travesseiro - sou seu favorito.

- Todos nós sabemos que o favorito de McGonagall é o Tiago - disse o lobisomem, erguendo seu livro e olhando para o amigo - você é tão folgado - revirou os olhos.

- Estou cansado - resmungou abraçando uma almofada - o que está lendo?

- Um romance policial.

- Um o que?

- Romance policial. Uma história sobre dois policiais que desvendam um mistério sobre uma série de desaparecimentos de pessoas na cidade - respondeu virando a página.

- O que diabos é um policial? - Sirius indagou inclinando a cabeça para o livro, atrapalhando a visão de Remo.

- Bem, são tipo aurores, eu suponho. Agora abaixe-se e me deixe ler em paz, sim?

- Agora estou curioso, leia pra mim.

- Eu já comecei.

- Não importa, vamos, leia - insistiu com um olhar suplicante. Remo revirou os olhos, mas cedeu.

Todos os Nossos Feriados - WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora