Capítulo 22:

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And there's no remedy for memory, your face is like a melody: it won't leave my head.
E não há remédio para a lembrança, seu rosto é como uma melodia: não sairá da minha cabeça. (Dark Paradise – Lana Del Rey).

- Olha isso! – Cate gritou na mesa do café, em pleno final de semana, dias depois de nossas compras. Um jornal caiu diante de mim, e o rosto de Henrique estava estampado na primeira página. A manchete dizia: DUAS BOMBAS A RESPEITO DO BILIONÁRIO MAIS BELO DE TODOS OS TEMPOS.

Abri na página indicada e ergui as pernas no banquinho diante do balcão da cozinha.

“Primeiro Henrique DeLucca resolveu enfim trabalhar com seu pai. Ambos entraram em acordos empresariais e estão trabalhando juntos agora. As entrevistas vocês irão conferir na nossa edição da semana que vem. A segunda e mais chocante bomba é que ele está noivo e aparecerá ao evento beneficente de gala nesta semana, com sua noiva linda e grávida, Melissa Buchmann.”

- Nossa, que legal. – Eu elogiei, amassando a página que continha a notícia e jogando-a pelo meio da sala. Cate riu da minha ação e beliscou seu pão integral. – Imagina, ela com um barrigão de mamãe, provavelmente será a mais bem vestida da noite. Mais que merda de dia! – Eu xinguei, empurrando o prato pelo mármore do balcão.

- Você mostrou, não foi? – Bruno apareceu pelo corredor de cueca boxer e com as mãos na cintura. Seus fios estavam ligeiramente despojados e seus olhos estavam vermelhos. – Eu disse pra não mostrar.

- Nada de me esconder coisas! – Eu pedi. – Ele vai mesmo ficar noivo, novamente? – Eu indaguei, exasperada com a situação. Eu sabia que não tínhamos mais chances, mas talvez eu ainda tivesse alguma esperança daquilo tudo. Também entendia o seu lado na situação. De que aquilo o aproximava ainda mais das fotos que o estuprador de sua irmã escondia, mas não tinha como não ficar magoada. E também ficava infeliz pelo fato de ela já ter maltratado o mesmo e aquilo tudo era uma sensação muito complexa para ser explicada.

- Aí diz que é anúncio oficial. – Cate retorceu o nariz, enquanto seu dedo longo com uma unha bem cuidada apontava a página amassada que caíra próxima ao sofá.

- Infelizmente é Agatha. – A voz de Emily surgiu e ela cumprimentou seu amado com um beijinho rotineiro abrindo a geladeira e servindo-se de um copo de suco natural. – Imagina? Toda aquela merda de festa de noivado. – Ela disse, sentando-se em um banquinho enquanto usava uma camisa clara de Bruno.

- Você diz isso como se já soubesse de algo. – Cate apoiou seu rosto em uma das mãos, enquanto seus lindos olhos verdes brilhavam em dúvida.

Emily ergueu os ombros, mas conhecendo-a o pouco que conhecia, sabia que ela tinha conhecimento de algo a mais da notícia. Além do mais, ambos eram irmãos e depois da minha viagem eles se tornaram muito mais próximos. Ela ergueu seus grandes olhos para Bruno e abaixou a cabeça novamente. Cate seguiu o olhar, notando uma sobrancelha erguida de Bruno e entendendo tanto quanto eu o que aquilo significava.

- Querida, não tenha medo dele. – Cate disse de forma brincalhona, escondendo um sorriso.  – Ela já ficou sabendo do pior. – Cate complementou, levantando o rosto apenas para descomplicar a situação com uma piscadela, mas fitando Emily no olho em seguida.

- O noivado vai ser feito na próxima semana, a Mansão está um caos por conta disso. – Emily disse como quem pedia desculpas. – E Melissa pediu para que não fosse convidada. Mas papai e mamãe querem muito sua presença. Os convites para a família Salazzar foram os primeiros a serem impressos. – É claro que meu peito se apertou depois de toda a notícia despejada sobre meus ombros. Naquele momento, eu gostaria muito de chorar e me lembrar de tudo o que passamos juntos e me remoer pelos acontecimentos que não teríamos juntos. Os risos jogados no ar, as noites de amor, lágrimas desperdiçadas e momentos nada calculados. Momentos que rolaram como as horas passam pelo Mundo, aquilo machucaria qualquer mulher no meu lugar.

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