"𝙏𝙝𝙚𝙧𝙚'𝙨 𝙨𝙤𝙢𝙚𝙩𝙝𝙞𝙣𝙜 𝙞𝙣 𝙮𝙤𝙪𝙧 𝙡𝙖𝙪𝙜𝙝 𝙩𝙝𝙖𝙩 𝙢𝙖𝙠𝙚𝙨 𝙢𝙚 𝙛𝙚𝙖𝙧 𝙩𝙝𝙚 𝙬𝙖𝙮 𝙮𝙤𝙪 𝙨𝙢𝙞𝙡𝙚"
tw: esse capítulo pode conter gatilhos envolvendo doenças, hospitais e menção a morte.
Seu corpo doía por inteiro. Ela estava há semanas deitada sem muito esforço permanente, mas parecia que corria maratonas por horas ou tinha apanhado feio para se sentir tão machucada. Na verdade, maratonas nunca a tinham deixado tão indisposta assim. Seu braço esquerdo estava enfaixado por fitas e ataduras, o que ajudava a esconder as marcas roxas e furos de agulha do tubo preso para manter o soro passando. Quem diria que uma visita ao hospital por conta de algumas tosses constantes e dores no corpo a manteriam internada por tanto tempo e por algo tão sério.
No início, o choque foi algo que alterou o seu humor por alguns dias assim como de todos à sua volta. Ela não ficou dependente de imediato, todavia seus familiares, amigos e até professores e colegas começaram a tratá-la como se ela já não pudesse andar ou até segurar um copo nas próprias mãos. Todos estavam preocupados com sua saúde e ela agradecia imensamente por isso, mas não queria ser tratada como um caso perdido ou como se seu pé direito já estivesse dentro do caixão e todos precisassem facilitar seus últimos dias, mesmo que ninguém soubesse quando eles seriam.
Catherine lidou bem com a doença depois de muito choro e arrependimento. Não era como se ela pudesse fazer algo realmente, por isso não havia sentido em continuar lamentando-se por muito tempo. Ela assegurava a todos que tinha muita esperança, independente de esse não ser o caso, para que todos pudessem voltar com o tratamento normal que ela recebia. Ela ainda frequentava o colégio todos os dias e, mesmo com a relutância do professor e de seu médico, ela fazia as atividades extracurriculares e estava todos os dias no campo de treinamento de corrida.
Como a vida era irônica, não é? O que mais amava fazer era correr por onde fosse e sentir o ar forte batendo em seu peito, quebrando quando ela passava e ficando para trás a cada novo passo que dava. Ela sentia-se viva quando as solas de seus pés esquentavam ou começavam a formigar, como uma notícia de que tinha atingido um objetivo novo. E não tinha nada melhor do que a faixa de chegada rasgando quando ela ultrapassava a linha e todos gritavam por seu nome. Esse era pra ser seu presente e seu futuro. Duas coisas que não iam mais acontecer. Que Deus sádico colocaria uma corredora com câncer nos ossos?
Tentar manter as coisas como estavam e fingir que não morria aos poucos foi funcional por menos tempo do que ela queria. Catherine começou a sentir exaustão por pequenas coisas de seu dia a dia, como se esticar para pegar algo em uma prateleira mais alta do que ela. Era como se suas juntas estivessem se movendo lentamente e soltando seus membros de seu corpo. Os remédios também começaram a perder o efeito e as dores não passavam mais. Ela tentou se fazer de teimosa e, mesmo sentido ter sido pisoteada pelo Diabo, ela continuou a correr como se estivesse tudo bem. Como era previsto, esse foi seu maior colapso.
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NECTAR: A SÉRIE › joji
RomanceSérie de one-shots baseados nas faixas do álbum Nectar do Joji. ────────── 🍯 › george miller + personagens originais diversos › 1º lugar em #joji - #nectar - #ew › história escrita por @bethecliche