Eu vou encontrá-la

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(...) Se você pudesse fazer uma pergunta, lembre-se, apenas uma pergunta, oque seu cérebro bolaria para ter a concentração de alguém para si? Se, em um mundo hipotético, você almejasse com força que alguém aplicasse sua atenção e concentração em você, o que você perguntaria a essa pessoa?

A maioria das pessoas pensaria por horas e acabaria chegando a lugar nenhum, um lugar onde a resposta seria perguntar-lhe algo que fosse de extremo interesse para o alvo em questão.

Mas não ela. Não a garota petulante que pouco se preocupava com a opinião de terceiros. A verdade é que ela não via as coisas como os outros, a verdade e que ela não poderia compreender opiniões tão diferentes das dela sem que soasse como um intruso no seu cérebro. Não ela.

O moderno iPhone vibrava sem parar sobre a grande mesa de vidro, cujo o designer possuía o mapa mundi em preto no tampo transparente. O ruído passava despercebido pela mulher sentada confortavelmente em sua cadeira, mantendo seu notebook aberto em sua frente. Para 95% da população mundial aquele barulho irritante contra o vidro atrairia sua atenção, mas quantas vezes precisarei dizer que ela não era como os outros?

Os olhos cobertos pelas lentes grossas do par de óculos perfeitamente alinhados, estavam atentos a como as frases eram formadas na caixa de texto em um site não identificado. Os finos dedos agilmente se movendo sobre o teclado completavam a trilha sonora que preenchia o aconchegante escritório no andar debaixo da casa.

A Jovem jornalista estava mais do que certa em ignorar oque quer que esteja interrompendo. Visto que esse era o décimo segundo jornalista interessado no que Kara poderia ter a dizer sobre a nova gestão da Empresa de Lena Luthor.

A grande questão era: se todas as pessoas estavam interessadas em saber oque ela ia dizer, todos teriam de esperar para ler mais uma bem elaborada matéria em seu blog. No entando, a grande missão começaria por aí: como descobrir onde Kara Danvers públicava se a mesma dispensava identificação? Se preferia expor sua opinião de forma anônima em milhares de URL's que a internet poderia comportar?

Essa era a missão que atormentava a cabeça de Lena, deixando a frustração e a curiosidade transparentes pra quem quer que convivesse com a Luthor.

- Eu desisto! Ela é incomunicável! - Sam exclamou jogando seu celular em cima do grande sofá branco da sala de Lena. - Se nem você que é nerd da informática está conseguindo, quem sou eu.

- Ela é tão difícil. - murmurou baixinho dedilhando as bordas de um exemplar de um novo livro de John Green.

- Ela é impossível. - corrigiu a CFO dirigindo-se ao mini bar.

- É isso que a faz ser tão interessante pra mim. - comentou sem fitar a amiga. - Kara é citada em todas as matérias já postada sobre o dia da coletiva, mas sequer se pronunciou ou deu algum sinal de vida. Ela pertence tanto ao mundo dela que me intriga, como ela pode desvendar o mundo dos outros com tanta facilidade. - colocou o livro de lado e tateou o bolso da calça social em busca de seu celular.

- Você ainda está surpresa com o que ela descobriu sobre Lex e você não é? - bebenciou seu café e voltou a se sentar no grande sofá branco.

- Óbvio! - suspirou. - Aquela história nunca saiu em nenhuma matéria, ninguém nunca soube o porque eu assumi a presidência da L-Corp. As únicas pessoas que sabem sou eu, você e minha família. E lá estava ela, totalmente fora do meu mundo e vida, sabendo e compreendo oque não devia. - seus olhos correndo pela agenda do celular em busca de um contato específico. - Ela é tão atrevida! - exclamou em frustração levantando-se em seguida levando o aparelho no ouvido.

Sam observava frustada por não poder ajudar e descobrir onde Kara Danvers públicava. Árias já havia ligado pra vários jornalistas que conhecia em uma missão difícil. Ela havia conseguido um número, mais havia ligado e mandado mensagem tantas vezes que acreditava ser o número errado.

- Sou eu, Lena Luthor. - ouviu a voz da amiga e arqueou a sobrancelha. - Preciso de um favor.

(...)

Não tão longe dali, a jovem jornalista acabara de ficar em pé, esticando cada músculo do seu corpo levemente tenso e contraindo os dedos em busca de relaxamento.
Seus olhos azuis focados em admiração na mais nova publicação em seu blog, ilustrada por um desenho feito por ela mesma da misteriosa CEO em ascenção.

Outra habilidade desenvolvida por Kara era desenhar. A jovem possuía um senso perceptível bem aguçado, não só para decifrar as pessoas mais para aprender em sua mente detalhes e características pequenas que faziam toda a diferença. Com o tempo, e um pouco de trabalho duro, Kara começou a desenvolver habilidade de passar suas apreensões para o papel. Era uma belíssima habilidade, diga-se de passagem.

Retirou seus óculos, dobrando-os e colocando sobre a mesa de vidro. Retirou seu moletom enquanto caminhava para a porta do escritório, a jovem julgava precisar de um banho quente, um copo grande de chocolate quente e talvez uma pizza, para mais uma vez, observar como pessoas que entendiam seu ponto de vista iriam julgar sua mais nova publicação.

O poder do nome Luthor

O título sugestivo, ilustrado pelo belíssimo desenho e as mais de 1.000 palavras no corpo da postagem rápidamente atraíram os incríveis, 19.987 leitores da sua página.

Kara havia saído por meia hora da frente de seu notebook, tempo mais que suficiente para que um terço dos seus leitores, já cientes das datas e horários das postagens quinzenais, houvessem lido e deixado algum comentário e/ou observação sobre oque fora escrito.

A caneca estampada por pizzas que fora dada por sua irmã Alex, pousou sobre um delicado apoio de copos, o corpo pequeno e atrativo da loira chocando-se contra o estofado da cadeira. Suas mãos rapidamente pegaram o iPhone, ignorando as dezenas de chamadas perdidas e mensagens, seguindo para a plataforma em que fazia suas postagens, abrindo a última publicação e rolando seu dedo pela tela passando os olhos por cada comentário deixada, até que parei em um específico, arqueando uma sobrancelha em confusão.

Anônimo há 4s:

- Eu sabia que encontraria você.
Por favor, cheque suas mensagens. - L.L

My girl who understands. Supercorp  - By ForsythefgOnde histórias criam vida. Descubra agora