Minha garota compreendendo

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Os olhos verdes, levemente incomodados pela luz que vinha do notebook, seguiram atentos as instruções passadas por um conhecido, buscando com necessidade, o site em que Kara Danvers fazia suas postagens.

Lena já havia tentado 3 URL's possíveis para o tal site, das 5 opções que seu conhecido a instruiu a tentar, mais nenhuma das 3 a levará a lugar algum, que possuísse conteúdo. Digitou a quarta URL respirando fundo, Lena possuía uma necessidade de encontrar Kara que era impossível de ser verbalizada. Ela simplesmente precisava, de uma maneira dela, pelos motivos e sentimentos dela.

A página começava a carregar, uma barra em preto, com detalhes prateados surgiu no meio da tela, apresentando para seu visitante algumas opções a seguir.

Contato - Agenda
— Lista de Livros analisados
— Próximas análises
— Compreenda

Suas mãos suavam, seu coração havia acelerado e errado uma batida dando indício ao nervosismo por, possivelmente, ter encontrado Kara. Sua mente trabalhava para decidir qual botão selecionar, a coincidência de ter Kara como a garota que compreende e um botão sugestivo a isso gritando que não deveria ser ignorado. E não seria.

Dois cliques. Novamente carregando. Pouquíssimos segundos depois Lena pode ver algumas publicações organizadas em ordem cronológica de cima para baixo, correu rapidamente seus olhos até a última publicação, sentindo seu coração acelerar mais.

O poder do nome Luthor Há 10mim atrás

— Jess, peça pra Senhorita Árias vir até a minha sala urgente! - pediu pra secretaria chamar a amiga na sala ao lado.

Segundos depois era possível ouvir os passos apressados contra o piso caríssimo, e uma jovem CFO cruzando a porta confusa.

— Chamou chefe? - perguntou fechando a porta atrás de si.

— Acho que a encontrei. - esclareceu diante da confusão da amiga.

— Kara Danvers? - perguntou rapidamente para confirmar e Lena a repreendeu com o olhar. — Deixe-me ver, anda. - empurrou Lena pelos ombros  e se sentou puxando o notebook para si.

O par de olhos castanhos, quase claros, rolou rapidamente pela publicação, o cenho franzido e um pequeno sorriso de lado deixando Lena ainda mais curiosa sobre oque quer que estivesse ali.

— Você já leu? - indicou a tela do notebook com um gesto de cabeça, recebendo um negativo de Lena em resposta. — Sua garota atrevida ganhou meu respeito, se precisar de alguma coisa, me ligue, esse número anotado aí é da Kara. - concluiu e deixou Lena sozinha.

— Ei!! - exclamou alto. — Ela não é minha garota Sam, volte aqui! - bufou irritada e pode ouvir a gargalhada da sua amiga ecoando do lado de fora da sua sala.

— Eu também amo você, Luthor. - ouviu ao longe e revirou os olhos, puxando o notebook pra perto novamente.

Sua atenção fora tomada pela publicação de Kara, além do belíssimo desenho que ilustrava a matéria ter lhe atraído a atenção, fazendo a questionar quem seria a responsável pela caricatura.

Por último, mas não menos importante, Lena Luthor trazia consigo um segredo. Eu pude chegar a essa conclusão com a história que ela carrega.
Perder sua mãe biológica afetou a pequena Luthor por algum tempo, até se mudar para a mansão Luthor, onde conheceu Lilian e consequentemente Lex, seu irmão mais velho. Viver na mansão só não tão desastroso por conta de Lex, que fora um irmão atencioso e carinhoso com a pequena, até o dia em que ele enlouqueceu, devido Lilian Luthor, querer que o filho fosse tudo aquilo que ela não pode ser.
(...)
Lena havia sentido, ouvido, falado e expressado tudo exatamente daquela meneira. Como eu poderia ignorar de escrever uma história dessas, mais nas entrelinhas do que nas próprias linhas?
Lena havia sobrevivido. E melhor nisso tudo é que Lena não usou algo tocante pra ter a admiração de ninguém, ela simplesmente chegou onde está por si mesma, certificando-se que qualquer obstáculo poderia ser contornado.
Diferente do que os demais viriam a fazer, Lena não precisava expressar sua dor de forma tão explícita para ser compreendida e confortada. Ela só precisava de alguém que pudesse a ler.

— A garota que compreende"

As esferas verdes rolavam perdidas pelas palavras de Kara, buscando, de alguma maneira impensada, absorver a intensidade com que Kara havia se referido a ela.

Ao mesmo tempo em que a jornalista parecia querer manter uma distância profissional entre ela e a análise feita sobre a jovem CEO, Kara não era capaz de deixar tamanha explosão de sentimentos e dores passarem por baixo de seus olhos. Ela precisava dizer a Lena, em suas linhas e entrelinhas, que a CEO não estava sozinha. Que, sempre que fosse preciso, ela estaria ali pra entender oque nenhum deles entendia. Oque nenhum deles dava importância.

Os pés descalços chocaram-se contra o piso gélido e Lena correu até sua mesa procurando em sua agenda citada por Sam, ela precisava falar com Kara.

Buscou pela letra "K" e encarou a sequência de números, tirando seu celular do bolso e discando, nervosamente, a sequência.

Quatro ligações. Quatro ligações ignoradas com sucesso.

A jovem CEO respirou fundo, abrindo o app de mensagens em seu iPhone, e procurando o contato gravado de Kara.

Lena Luthor:

Kara?

Sou eu, Lena.

Lena Luthor, a CEO,
da coletiva de empresa
do outro dia.

Você não está aí, não é?

Lena voltou para seu sofá, encostando sua cabeça. Ela precisava que Kara a respondesse, precisava que, ao menos, ela lesse oque a CEO tem a dizer.

Os olhos estavam grudados na tela do celular, em expectativa por minutos que a loira visualizasse suas mensagens. Mais isso não aconteceu. Kara se quer havia estado online e isso a deixava frustada. Pequenas palavras entaladas em sua garganta, incomodando-a como o inferno.

Voltou para sua mesa, fixando os olhos no notebook, rolando a página até chegar ao espaço dos comentários. Espantou-se ao ver alguns mil recados e outros tantos mil leitores que já haviam lido a postagem sobre ela. As chances que Kara a notasse ali eram mínimas, mas ela precisava tentar. Então rapidamente digitou um pequeno comentário e esperou.

Esperou por, no máximo, um minuto até que o moderno iPhone vibrou sobre sua mesa, fazendo a ansiedade de provavelmente ser Kara, corroer seu estômago.

Deslizou o dedo pela tela, destravando o aparelho e abriu o app de mensagens. O ícone de Kara, onde a jovem estava, lindamente sem óculos, que a deixavam charmosa demais estava destacado em verde, deixando explícito pelo número dois discreto ao lado oposto que ela havia respondido.

Kara Danvers:

Como eu poderia não saber quem você é, Lena?

Estou aqui agora..

Lena Luthor:

Eu só queria me certificar de que saberia quem eu era...

Kara Danvers:

Eu sempre saberia ...

Oque gostaria de dizer?

Lena encarou o aparelho por alguns segundos, sentindo-se bem por finalmente ser capaz de dizer oque desejava desde a fictícia entrevista.

Lena Luthor:

Eu gostaria de agradecer...

Agradecer a minha garota que compreende.

My girl who understands. Supercorp  - By ForsythefgOnde histórias criam vida. Descubra agora