4- Capítulo

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- Pois é! Todas as pessoas perfeitinhas demais tem algum podre. Talvez seja seus dentes. - a Sofya falou dando de ombros novamente. - Eu não ligaria.

- Gosta dele? - Perguntei para Sofya que instantaneamente negou se encostando na cadeira.

- Não. Noah pode ser um anjo na terra, mas não faz o meu tipo. - Ela comeu uma das coisas que estava em sua bandeja.

Elas conversaram mais um pouco, mas eu não prestei atenção. Estava me lembrando da mensagem que minha irmã havia me mandado.

Saby, o Pepe ta te tra...

Eu imaginava o que ela teria dito. Mas eu não queria acreditar naquilo. Não podia ser. Eu e Pepe estamos juntos desde o 6° ano e eu realmente não sei como minha vida seria sem ele.

Ta, eu ficaria bem, mas é que estamos juntos a tanto tempo, ele sempre esteve comigo e nós éramos inseparáveis.

Tá certo que eu o via mais como meu melhor amigo do que como namorado, mas eu gosto dele e, pensar na possibilidade dele estar me traindo me machuca profundamente.
Comecei a pensar em todas as possiblidades para o que ela pudesse ter dito pra mim na mensagem:

Saby, o Pepe ta te tratando bem?

Saby, o Pepe ta te trazendo algo.

Saby, o Pepe ta te transmitindo doença.

Tá, eu viajei um pouco. Mas qualquer alternativa que não envolvesse traição, para mim estaria de ótimo tamanho.

- Saby? O que ta esperando? - Fui tirada de meus pensamentos quando Heyoon me chamou. Olhei e as vi em pé. O sinal já havia tocado e o pessoal já estava se levantando.

Olhei para a mesa a minha frente vendo que eu mal havia comido a minha maçã.

- Vamos menina! - Sofya me chamou e eu rapidamente me levantei pegando a maçã.
Antes de sair do refeitório eu joguei a maçã no lixo e as segui.

- Aonde estamos indo? - Cheguei a conclusão de que ou todos eles andam muito rápido, ou todos eles estam sempre apressados, ou eu sou muito lerda. Porque eu estava tendo que correr para alcança-las.

- Pro quarto escovar os dentes e pegar nosso material para a primeira aula do dia. - Heyoon me respondeu e Sofya se separou da gente. Seu quarto era em outro corredor.

- Você já pegou seus horários?

- Não, eu não peguei nada ainda. - Heyoon me olhou de olhos arregalados.

- Então vai buscar garota! Se não você vai se atrasar para sua primeira aula. - Ela falou eufórica. - Olha, você vai na sala da diretora, diz que quer seus horários. Ai você vê qual vão ser suas aulas e em que turma você ficou. Ai é só pegar o material, que já está na sua cômoda, e vai pra sua sala. Simples. - Ela sorriu. - Eu iria com você, mas minha primeira aula do dia é matemática e eu não posso me atrasar. Meu professor de matemática é um saco. - Ela revirou os olhos. - Espero que fiquemos na mesma turma. - Ela abriu um sorriso logo em seguida e foi correndo para nosso quarto.

Ok. É só ir pedir o horário para a diretora. Eu não preciso nem entrar lá dentro.

Caminhei um pouco rápido até a porta da diretoria e bati nela umas vezes.

- Entre! - A voz da diretora soou de dentro da sala e eu abri a porta.

Ok, apenas ela está ali dentro.

- Diretora Lupin? - Entrei na sala vendo que ela estava mechendo em uns papéis, mas os deixou de lado para falar comigo.

- Ah, oi Maria. - Ela sorriu. - Olha, eu não posso devolver o seu celular.

- O que? - Perguntei confusa.

- Não foi pra isso que você veio aqui? - Ela pacientemente cruzou as mãos em cima da mesa.

- Não. - Neguei com a cabeça e ela me olhou totalmente surpresa. Por mais que fosse minha vontade, não foi pra isso que eu vim.

- Nossa, estou surpresa. Você é, definitivamente, a primeira aluna que não veio reclamar comigo quando ficou sem o celular. - Ela sorriu.

- Ah... ta.

- Então, em que posso te ajudar, Sabina?

- Eu queria os meus horários. - A mesma assentiu e pegou uma folha dentro de sua gaveta.

A diretora me explicou que eu não poderia chegar atrasada, esquecer o material necessário, usar outra " vestimenta " a não ser o meu uniforme, e um bando de outras regras que eu não dei a mínima. Aquilo parecia mais uma prisão.

Sai da sala da diretora vendo que minha primeira aula daquele dia já havia começado e que era de matemática. Só faltava ser a mesma turma e o mesmo professor chato que a Yoon mencionou.
Eu fui até o quarto vendo que haviam vários livros e apostilas na minha cômoda, mas não achei nenhum de matemática. Dei de ombros.

Talvez o professor de matemática não use livros.

Eu estava terrivelmente enganada.

Assim que encontrei a minha sala, entrei sem bater e assim que eu fiz isso, a porta bateu atrás de mim. Coisa que fez geral se virar pra trás e me olhar.

O homem que estava a frente da classe olhou diretamente pra mim e logo depois olhou para seu relógio de pulso.

- Você é a Maria Sabina, não é? - O professor perguntou.

- Si-sim. - Gaguejei.

- Meu nome é Harry. Sou professor de matemática. - Assenti. - Procure um lugar para se sentar e evite chegar atrasada da próxima vez.

Senti vontade de gritar com ele dizendo que a culpa não tinha sido minha e que eu nem queria estar ali. Mas me contive e olhei pela sala procurando por algum rosto conhecido.

Acabei encontrando dois: Heyoon e, infelizmente, Nour.

Heyoon sorriu pra mim e apontou para uma cadeira vazia ao lado da dela. Nour, por outro lado, apenas cuchichou algo com outras meninas e riu.

Eu me sentei na mesa ao lado de Heyoon e só ai notei que todos estavam com o mesmo livro em mesa. Um livro preto e branco escrito Matemática.

- Ei? - Sussurrei para Heyoon que me olhou. - Que livro é esse?

- O livro de matemática, ué. - Ela riu pois minha pergunta havia sido muito óbvia. - Por que? Onde está o seu? - Ela olhou para minha mesa vazia.

- Eu não encontrei nenhum livro de matemática lá. - Sussurrei um pouco alto demais, isso chamou a atenção do professor.

- Desculpe se minha aula está atrapalhando a conversa de vocês. - O professor falou num tom irônico que fez a turma rir. - O que ta havendo?

Heyoon me olhou em sinal de que eu deveria contar, então eu me pus de pé fazendo todos olharem pra mim.

- Eu não tenho o livro da sua matéria. - Assim que eu falei, Nour e as amigas começaram a rir com a mão na boca para não chamar atenção.

- Como assim " Não tem " ? Todos os livros são postos nos quartos dos alunos. - O professor apoiou suas mãos na primeira mesa de uma fileira. Era nítido que ele estava impaciente.

- Eu sei. Mas eu procurei e não encontrei. - Tentei me justificar.

- Vai ver você precisa de óculos. - Um garoto que fazia parte da turma falou ao fundo fazendo a turma rir.

- E você precisa de maturidade, porque pra alguém que está no terceiro ano, esse tipo de piada é bem infantil. - Falei olhando diretamente para o garoto que era loiro de olhos extremamente claros.

Os amigos dele riram do mesmo e lhe deram tapas nas costas.

Xoxo Gabi🌺

No Colégio Interno { ADAPTAÇÃO URRIDALGO }Onde histórias criam vida. Descubra agora