One tea and love please

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Sempre me encantei pelas luzes da cidade, a forma que elas brilhavam a noite iluminando todos os cantos de Angeles, e na época de natal era ainda mais esplêndido. Mas nada me atraía mais do que as pequenas vielas com lojas de doces, cafeterias e lojas de decoração, sentia que poderia passar todo o meu dia ali.

Havia um aconchegante café que era meu favorito naquela rua, o letreiro escrito Dear Café em uma fonte caprichada e na cor caramelo dava um contraste de conforto. Eles tinham uma janela enorme e eu sempre me sentava na mesa ao lado dela, vendo as pessoas passaram do lado de fora, hoje era mais um dia desses.

Após sair da aula de violino - mais um instrumento que estou aprendendo a tocar - entro no café sentindo o cheiro familiar invadir minhas narinas e vou para a minha mesa preferida, coloco minha mochila no banco ao lado e observo através da janela.

Uma garota loira passa sorridente, seus olhos castanhos brilham quando ela olha para a sacola em sua mão, algo amarelo pode ser visto rapidamente dentro da mesma. Em seguida um rapaz forte e com um rosto calmo passa, ele olha de relance para a loira que se afasta cada vez mais, e posso jurar que um pequeno sorriso se estica em seus lábios, e simples assim, consigo imaginar os dois formando uma história de amor.

Sou desperta de meus pensamentos quando uma leve garoa começa do lado de fora, molhando o vidro e fazendo minha visão perfeita embaçar com as particulas de água na janela.

Foco meus olhos na mesa e mal preciso pegar o cardápio para saber o que vou pedir, e parece que o atendente também sabe. Olho para o balcão e ele já está olhando para mim sorrindo levemente, correspondendo meu sorriso.

- O de sempre? - Maxon pergunta um pouco alto e eu aceno com a cabeça, me levantando e indo de encontro ao piano no fundo do café

Esse horário, as quatro da tarde o café está praticamente vazio, normalmente há 5 pessoas no máximo, contando comigo. Eu sempre saio da escola da senhorita Silvia e venho pra cá em dias de terça e quinta-feira, peço uma fatia de torta de morango e uma xícara de chá, e enquanto Maxon prepara eu toco piano.

Me sento no assento e abro a caixa que cobre as teclas, penso em qual música irei tocar hoje e então a melodia invade meus pensamentos. Deslizo meus dedos rapidamente sobre as teclas e as notas começam a soar alto no local.

Ultimamente Rewrite the stars é uma das música que não saem da minha cabeça, a melodia é tão calma e traz uma sensação tão boa que eu não consigo parar de tocar e escutar. Enquanto toco a mesma, cantarolo baixinho para não atrapalhar os outros clientes.

Quando fecho os olhos e penso na letra da canção, o sorriso de Maxon para mim hoje vem em meus pensamentos e meus lábios se curvam para cima levemente. Ao terminar a canção eu abro meus olhos, pisco algumas vezes para reacostumar com a iluminação, e então escuto as palmas de sempre da mesma pessoa, acompanhada de mais algumas de outros clientes.

- Todo dia você me impressiona com uma nova música e muito talento - Maxon diz do balcão, terminando de colocar meu chá em uma bandeja

Andamos juntos até minha mesa e enquanto eu me sento ele coloca o prato com a torta de morango, e a xícara com chá na minha frente. Segurando a bandeja ao lado do corpo ele se ajeita e então repete as três palavrinhas.

- Bom apetite America

E assim ele se afasta, voltando para o balcão principal. Desvio meu olhar de suas costas e encaro o prato a minha frente, pegando o garfo e cortando o primeiro pedaço da fatia.

No ato de levar até minha boca, acabo derrubando o pedaço na mesa, e como sei que sou desastrada certas vezes, decido limpar imediatamente. Ao pegar um guardanapo limpo, tenho um vislumbre do papel de trás meio machado de preto, mas ignoro e limpo minha sujeira.

Depois dessa minha pequena confusão consigo começar a comer corretamente. A xícara onde está o chá é diferente dessa vez, provavelmente um conjunto novo, a peça era azul e branca com detalhes em arabesco.

Bebo um pouco do líquido e sinto a xícara ficar com uma borda de chantilly por conta da torta, então estico minha mão para pegar outro guardanapo, e assim encontro o bilhete.

Te vejo sonhar acordada olhando pela janela as pessoas que possivelmente combinam, e enquanto você olha lá para fora, eu observo aqui dentro. A forma que o atendente do balcão te olha, e a forma que você sorri para ele. Talvez sua história de amor esteja aqui dentro

Creio eu que minha expressão facial mudou rapidamente enquanto lia. Voltei a realidade a escutar a porta do café fechando, meu olhar paira rapidamente sobre Maxon, colocando um bolo na vitrine e então observo o local em busca de um rosto conhecido, mas não encontro nenhum.

Eu e Maxon? História de amor? Como isso funcionaria?

City of Love × Amexon (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora