Eu ainda me recordo da primeira vez que ela entrou no café. Fazia menos de quatro meses que eu havia sido contratado como atendente do pequeno café aqui no centro de Angeles.
Eu estudava fotografia no período da manhã e trabalhava aqui a tarde. Em uma tarde no parque testando a nova lente da minha câmera eu a vi, ela estava com uma garota de aproximadamente doze anos de idade, e um garoto com uns nove anos alimentando os patos.
A ruivinha menor gargalhava toda vez que algum pato pegava o pão que ela jogava, enquanto o pequeno olhava para longe, onde algumas crianças jogavam bola. Confesso que tirei algumas fotos daquele momento, o sorriso dela parecia iluminar o local, contagiando com a felicidade.
Depois daquele dia eu achava que não a veria mais, mas após duas semanas daquele encontro no parque, ela entrou no café. Ainda tinhamos um sino na porta e ela se assustou com o barulho, fazendo alguns clientes rirem e ela rir junto.
Cumprimentou eu e Anne, a dona do café que estava atendendo no dia comigo, a ruiva demorou bons minutos olhando a vitrine até que se decidiu por um pedaço de bolo de chocolate e um café com leite.
Enquanto Anne preparava o café e eu pegava o bolo, America andava pelo café observando o local, seus olhos brilharam tantas vezes naquele dia que eu perdi as contas. Ao ver o piano, a janela, e ela até mesmo elogiou as mesas e cadeiras.
Escolheu o local próximo a janela e quando seu pedido foi servido começou a comer. Suas reações faziam com que eu e Anne sorrissemos, até mesmo quando a de olhos azuis bebeu o café e fez uma pequena careta. Anne me contou depois que quando a jovem foi pagar, disse que confundiu chá com café na hora de pedir.
Depois daquele dia, todas as terças e quintas ela vem para o café, sempre pede a torta de morango e o chá. Quando ela parece um pouco mais triste adiciona um bolo de chocolate no pedido, e quando aparenta estar mais feliz, pede cookies como acompanhamento.
Sou retirado de meus pensamentos ao escutar a doce voz de America me chamando, mal percebo que estava a alguns minutos secando a mesma caneca. Coloco-a no local certo e me aproximo da mesa de America.
- Senta comigo, faz tempo que não conversamos - Ela diz sorrindo e aponta para a cadeira a sua frente
Meus olhos percorrem o local rapidamente para ter um controle de quanto clientes tem e se teria problema, e então me sento.
- Então, me fala sobre o seu dia, conseguiu tirar aquela foto de ninhos que você falou esses dias?
- Ninhos? - respondo e ela acena com a cabeça, comendo um pedaço da torta
Tento lembrar do que eu falei e acabo rindo fraco, vendo a garota a minha frente esboçar confusão.
- Eu disse vinhos, não ninhos. Você me imaginou subindo em uma árvore com a câmera pra ser bicado por passarinhos é?
Falo sorrindo e ela sorri de boca fechada, tentando engolir rapidamente o pedaço de torta. Ela cobre a boca com a mão e após engolir a comida me responde.
- Eu não tinha imaginado isso até você falar, mas eaí, conseguiu tirar?
- Ainda não, um amigo do meu pai tem um vinhedo e me convidou para ir no fim de semana, fica na cidade vizinha
- Em Sonage? Sempre tive vontade de conhecer, minha mãe até deixa eu ir sem meus irmãos, mas eu não sei, acho que ir sozinha pode não ser tão divertido
- Quer ir comigo? - Falo sem repensar muito na ideia
Eu de fato havia pensado em chamar America para ir comigo a Sonage tirar as fotos, e dar uma volta na cidade. Sonage tinha vários pontos turísticos, em destaque a praia na costa e os parques, visto que a natureza era um ponto forte na província.
- Pra Sonage?
- Sim, daqui a dois dias, eu vou e volto no mesmo dia. Vou pegar o carro do meu pai emprestado, podemos andar pela cidade depois que eu tirar as fotos
- Hmmm vou pensar no seu caso - ela fala e da uma piscadinha - brincadeira, vou falar com minha mãe e se ela autorizar vamos sim
- Tudo bem, tem algum lugar que você queira visitar lá?
Assim que eu pergunto escuto um cliente me chamando, peço licença para America enquanto ela pensa na resposta e me levanto. Enquanto atendo o cliente que queria pagar a conta, consigo ver de relance a ruiva falando no telefone.
- Obrigada, volte sempre - digo quando o cliente sai, e então volto para a mesa enquanto a garota desliga o telefone
- Falei com minha mãe, ela deixou
O sorriso da Singer sempre foi meu ponto fraco, a forma aberta que ela sorri, franzindo levemente o nariz e dando destaque as sardas espalhadas na sua face, especialmente na maçã do rosto.
- Eu pensei em alguns lugares, mas podemos pesquisar outros. Você pensou em algum?
- Tem a praia, os parques, por que não fazemos assim: meu turno acaba daqui a dez minutos. Enquanto eu termino de organizar o balcão e me troco você pesquisa os locais, e então saimos juntos e você me conta nosso planejamento
- Beleza - ela concorda já desbloqueando o celular - hey, separa uma daquelas trufas de cereja pra mim
Ela pede com aqueles olhos pidoes de gato, os mesmos que eu sou rendido e eu cedo mais ainda
- Claro, então eu vou lá
Pela terceira vez no dia me afasto da mesa para terminar de organizar o balcão. Seco e guardo as louças, organizo os pegadores de bolo e vou até a cozinha ver se Delilah precisa de ajuda com algo.
Quando já estou sem o uniforme e com a mochila no ombro saio de volta para o salão do café. A mais baixa está em pé olhando através da janela, a bolsa no ombro e em uma mão a maleta do violino, e na outra um guarda chuva amarelo.
- Vamos?
Chamo e ela se vira, os cabelos ruivos caindo sob seu ombro e um sorriso meigo sem mostrar os dentes em seu rosto.
- Vamos, parou de chover mas vou levar na mão o guarda chuva pois se voltar a garoar não preciso parar no meio da rua pra pegar na bolsa
Ela diz sacudindo o objeto e caminhando para a porta. Anne aparece no balcão pois assim que meu turno acaba ela volta para atender.
- Tchau Anne, até a próxima
- Até America
Saímos para a rua e eu fecho a porta do café, a tela brilhante do celular da musicista mostra uma imagem de um restaurante, provavelmente na província ao lado.
- Olha, falam que lá tem muita comida boa, e barata! Precisamos almoçar nesse restaurante
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City of Love × Amexon (Concluída)
Fiksi UmumAmerica observava as pessoas na rua e gostava de criar historia de amor entre elas. Mas um dia quando está em um cafeteria, ao pegar o guardanapo ve um bilhete escrito dizendo que ela e o atendente no balcão fariam um belo casal mas quem colocaria a...