verso vazio II

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A caneta já pesa em minha mão como se eu escrevesse já fazem 10 anos. Já não sei mais o que escrevo. Olho agora para o papel com a vista embaçada, vejo linhas, e curvas e traços e pontos e meios, mas não vejo fim. Vou escrevendo. Montando palavras por letras e sentenças por pontos e verbos. Cada vez que a caneta toca o papel ele chora. Não me pergunte porque, só sei que chora, ouço não com os tímpanos, ouço tanto, e nada, um silêncio cheio de gritos engaiolados. Já faz tanto tempo que não me lembro como comecei, quais foram as inocentes três primeiras que me trouxeram aqui, me pergunto se existiu um "antes" delas. Tão pouco sei quando pararei, se pararei, a caneta já pesa na minha mão, como seu...

-M. 

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