Lose Heaven (Lose Moon Vol. 2)

Capitulo 1.

Fico sem ar, o coração acelera e tenho quase certeza de que vou cair. Quase, afinal a excitação de conhecer o irmão da minha mãe é maior do que a vontade de chorar ao escutar o nome dela. Um irmão, como Elis deixou de contar isso?

- Sou irmão da Lia por parte de mãe- diz Elyon, meu tio- nossa mãe havia se casado duas vezes, sou o filho do primeiro casamento dela, filho do seu falecido esposo. Fui discípulo de seu avô, até que ele propôs que eu me casasse com minha irmã, sua mãe. Eu me neguei, não iria casar com a minha irmã, eu a amava mas nunca me casaria com ela, e ai fui basicamente jogado fora por ele. Vim para Terra e então soube que Lia teve uma filha- ele me deu um olhar da mais pura curiosidade e surpresa, e eu evitei olhando para o chão- uma filha com um demônio, ou melhor o líder do Conselho Demoníaco.

- Já entendi- Eu interrompo- continue.

- Não quis ofender, mas nem eu acreditei quando escutei isso- ele suspira, um som que considero cheio de um pesar reprimido- Mas olha só para você, linda como a sua mãe- Não sei o porque mas sinto como se estivesse vermelha da cabeça aos pés. Nunca fui comparada com minha mãe antes, a não ser por Caleb, que insistia em falar coisas ruins em que éramos parecidas. Até Elis nunca disse nada para mim, acho que era muito difícil para ela falar sobre a minha mãe- Você é muito parecida com ela, os olhos, os típicos olhos Sparkle azuis como uma noite estrelada, e até as sardas estão quase nos mesmos lugares, mas o seu…

Ele pareceu perdido, quase como se não conseguisse falar o fato, ou melhor assumir ele. Eu voltei meus olhos para ele, e então vi que ele parecia um pouco tenso, talvez um pouco desconfortável também. Então eu continuei para ele:

- O cabelo, é, eu sei.- Sem pensar levo minha mão até as pontas do meu cabelo, como ele não é muito grande ela encosta no início das minhas costelas, logo abaixo do seio.

Meu cabelo, diferente do castanho da minha mãe, é preto, escuro como uma noite sem estrelas e sem lua que contrasta bem com a minha pele meio pálida. Não vou negar que sempre o adorei, até agora após descobrir ser herança de Caleb, não consigo parar de adora-lo. Claro, se fosse para escolher eu preferiria não me parecer em nada com Caleb, herdar todos e somente os traços da minha mãe, porém não consigo deixar de gostar do meu cabelo meia-noite, que as vezes tem um reflexo prateado meio azulado. Ele é diferente, ouso dizer que é único, e eu sempre o adorei por isso.

- Seu cabelo é lindo, de fato- ele responde, talvez por educação- Uma herança dele imagino.

Eu faço um breve aceno de cabeça em concordância. Elis então, fala alguma coisa relacionado a voltar para a sala da lareira, não consegui escutar muito bem, na verdade ignorei quase tudo que ela falou, mas não tenho dúvida que deve ter falado sobre o tempo e pedido desculpas por manter o professor… meu tio na porta, com esse frio. Então fomos todos para a sala da lareira, se teve algum silêncio ou não eu não sei, se alguém falou comigo ou não eu também não sei, nesse momento não consigo parar de listar as minhas semelhanças com Caleb e notar que somente o cabelo é o que mais se parece, aparentemente herdei quase tudo da minha mãe, porém a única coisa semelhante com Caleb é sem dúvidas a mais evidente possível, bem mais evidente por eu ter minha pele clara.

Estava tão perdida que quase nem notei que An estava me chamando.

- Está tudo bem?- ela pergunta preocupada.

- Sim, eu só estava pensando na minha mãe.

- Venha- diz ela colocando a mão nas minhas costas, certamente para me confortar- vamos para perto da lareira, você parece precisar de calor- ela complementou enquanto pegava minha mão e me arrastava para duas poltronas perto da lareira.

- Sem dúvidas bem melhor- diz Steve, não muito longe de nós duas.

- Nem notei a diferença- comenta Spencer, o som vindo de atrás de nós.

- Ao contrário de você meu amigo escamoso, nós sentimos frio- Steve diz, olhando-o de esguelha.

- De fato você é o único que sobreviveria em qualquer lugar sem problema algum- comenta minha mãe.

- Na verdade dragões não são amantes de florestas, o clima úmido deixa vocês meio tontos- diz Elyon, como se estivesse comentando o enigma da vez.

- Vejo que o professor fez sua lição de casa- Spencer diz, sem fazer muito caso.

- Nós nunca paramos de estudar, sempre tem algo novo para descobrir e se especializar. Inclusive… - ele se interrompeu para pegar sua maleta, a mesma que ele leva apara as aulas.

  Como um sopro, eu escutei minha amiga sussurrar para mim.

- Juro que se ele tirar compensações de ausências dali de dentro eu mato ele.

Antes que eu pudesse rir, ele tirou um papel, e o começou a desdobra-lo umas três ou quatro vezes. Então ficou evidente de que aquilo era uma carta, ou se nós tivéssemos sorte, uma carta de um informante. E eu me perguntei com que tipo de pessoa ele ainda mantinha contato. Será que com o conselho? Talvez um amigo de longa data, talvez até... Meu avô? Então meu tio se virou para nós com um sorriso satisfeito no rosto e os olhos brilhando, sem dúvidas estava orgulhoso por poder oferecer essa carta, possivelmente uma notícia crucial para nossa causa.
Me perguntei então o motivo dele estar nos ajudando. Será que é só por minha causa? Por Elis? Por minha mãe? Vingança talvez? Ou um motivo egoísta, que ele não vai deixar que nos ao menos suspeitemos disso? Ou talvez no pior dos casos ele apenas nos use, apenas se alie a nós para iniciar seus planos, talvez ele precise dos poderes que temos e podemos oferecer. Sinto um arrepio por minha pele, e minhas chamas começarem a se agitar em minhas veias. E eu não sei se devo considerar isso como um aviso ou que eu estou certa.
Ele olha para cada um de nós e então volta seus olhos para mim e diz:

- Vocês ficaram surpresos com o que eu descobri.