Lose Heaven (Lose Moon Vol. 2)

Capítulo 4

Após eu pular o jantar, evitar Elis e Elyon eu fui para meu quarto onde eu não julguei necessário ou cansativo demais até trocar para um pijama, mas pelo menos tirei minha bota de couro antes de me jogar na minha cama, se eu não vou conseguir descansar pelo menos farei isso na minha cama, onde talvez eu não tenha outro pesadelo, ou conexão com os demônios que me assombram.
Queria poder fechar os olhos e não ver uma guerra, fechar os olhos e não ver as coisas ruins que estão por vir. Sou uma covarde, eu sei, mas tudo o que eu queria nesse momento é um dia de ignorância, um dia tranquilo com dramas de uma adolescente comum. O que é estranho, por quê nós sempre queremos emoção, adrenalina, momentos dignos de heroínas de livros de distopias.
Mas agora, onde perdi a normalidade e tranquilidade da vida, eu a quero de volta, não totalmente, mas eu queria pelo menos ter um dia na semana onde não precisasse pensar em coisas absurdamente fantasiosas. Mas infelizmente reais.
Nunca fui uma pessoa que reclama da vida, não da minha, eu viva bem, profundamente entediada mas bem. Mas acho que agora, sob essa cama tão estranha que me deixa desconfortável, nesse quarto de madeira e com uma janela pequena, num quarto onde não tem minhas coisas e nada além da cama, uma mesinha com um abajur e uma bolsa com algumas roupas que consegui pegar antes de fugir para o extremo ao Sul, mais especificamente Gaymert, um lugar onde tudo é neve e gelo, algumas árvores, algumas casas, o centro da cidade que é basicamente o único ponto de comércio e lazer nesse lugar, mas nada comparado a Demarys, onde eu vivi quase minha vida inteira. Eu sinto falta de mim mesma, sinto falta da antiga Moon de Demarys.

Demarys era mais quente, definitivamente mais quente, eu gostava de lá, gostava das casas serem coladas umas as outras, assim como os apartamentos, gostava de como parecia ser um mundo diferente. Após a Quarta Guerra mundial, cerca de cem mil anos atrás, onde a divisão do mundo foi simplificada e governada por irmãos, ou os "heróis" que ajudaram na guerra, julgando que sangue do mesmo sangue não iriam começar outra guerra.
O mundo, que antes eram vários países, todas sendo governadas por pessoas desconhecidas uma das outras, agora é governada por sete líderes, sete descendentes dos irmãos Onham, os irmãos heróis, cada descendente com uma parte do mundo, um reino, ou como era chamado à cem mil anos atrás, continente.
Asfiner ou como antes era chamada de Ásia, é um lugar meio longe de todo o resto, parece um lugar que vive na primavera, lá tudo que vale é o quanto você sabe, o quanto pode contribuir para a sociedade e se não serve, você é mandado para Blaenis.
Blaenis ou a antiga América do Norte é o subúrbio do mundo, lá é um lugar meio estranho em relação ao clima, afinal não tem previsões e se tiverem são erradas, lá o clima é indefinido, ele simplesmente faz o que quer e quando quer. Todas as pessoas "perdidas na vida" vão para lá, as vezes acho que deveríamos ter fugido para lá, afinal estou mais perdida que cego em tiroteio. Blaenis também é o melhor caminho para conseguir uma passagem para Calenia.
Calenia, ou a antiga África, é um lugar incrivelmente quente como no inferno, lá as riquezas são a principal forma de definir a terra," uma terra só é boa se oferece riquezas, se trás ouro e diamantes", uma visão incrívelmente egoísta mas que é o sustento de um reino, Calenia também é o principal reino que visita Demarys.
Demarys, como eu disse é um clima mais tropical, meio-quente-meio-frio, é conhecida pela suas ruas com casas coladas umas nas outras e o único reino onde se é capaz de curtir um dia na praia, sem congelar ou sem contrair uma insolação de um grau elevado, onde os Estemeos adoram e vem a cada final de mês possível.
Estemea ou antiga Europa é um lugar que vive num dilúvio, sempre está chovendo e o verão quase passa despercebido por lá, são incrivelmente bons em fazer roupas e bebidas de todos os tipos, lá é o reino mas visitado pelos amantes de bares e amantes da moda, como o rei de Findel.
Findel ou antiga Oceania, um lugar onde lucrou com seus portos e navios de luxo, navios caros e de uma qualidade que nenhum outro reino possuí, porém, desde a última vez que vi ou li sobre ele, o reino está em crise, o atual rei não tem um descendente para governar depois de sua morte e dizem que o segundo filho do rei de Gaymert terá um reino para governar.
Gaymert, um lugar de congelar os ossos ou a antiga Antártida, é o Reino antisocial do mundo, onde o rei faz mínimas aparições ou comparece a conferências dos reinos, Gaymert tem o melhor, literalmente o melhor sistema de transporte terrestre e aéreo do mundo, que claro, ganha sua vida vendendo versões antigas de seus atuais transportes para os outros reinos, eles ficam com a última geração enquanto os outros reinos se resolvem com seus transportes de versões antigas e desatualizadas.

E como eu incrivelmente decorei isso? Fácil, história e geografia sempre foram as minhas matérias favoritas ou as que eu não precisava decorar regras e podia passar pelas provas dando somente uma lida nas paginas da matéria e as vezes enchendo a folha com baboseiras. Filosófia também é fácil, pelo menos ao meu ver, já que contém muito de história e geografia. Eu nunca gostei das provas ou da multidão das escolas, mas o fato de aprender algo novo sempre me fascinou. E essa é minha rotina para insônia, lembrar o conteúdo das minhas matérias favoritas. As vezes só piora minha insônia mas geralmente, como agora, eu canso tanto de pensar que meu cérebro acaba desligando sozinho pelo cansaço.
Só espero que dessa vez eu não tenha outro pesadelo. Ou a visita de um demônio em meu sonho.

Com esse pensamento eu me entrego ao cansaço e aceito o conforto do sono.