22/12/2018
Quando deu oito horas desisti de esperar feito uma planta dentro do guarda-roupas e me deitei na cama para esperar confortavelmente o meu namorado chegar. Durante o tempo de espera, conversei com a Millie, vi as mensagens de boa noite dos meus tios e parentes no grupo da família e ainda participei de uma pequena discussão no grupo por causa de uma das minhas tias que não queria que o natal fosse na casa da minha mãe e sim na casa dela, que fica há mais de seis horas de viagem se você for de carro.
Todos da família moram aqui, no colorado, e essa minha tia foi a única que decidiu ir para um lugar muito distante de todos.
Minha avó até mandou um áudio mandando a filha tomar vergonha na cara e vim com o sexto marido para a casa da minha mãe, porque de jeito nenhum vai sair de casa para ir de avião ou de carro para lá.
Minha avó mora na casa dos meus pais e para você tirar ela de lá para ir a qualquer lugar, até por aqui mesmo, é uma tarefa de visionário.
A dona Val é osso duro para sair do conforto do lar e eu a entendo mais do que ninguém, porque não há nada melhor do que ficar no sofá ou cama lendo, assistindo ou fazendo qualquer outra atividade do seu gosto.
No fim da discussão acabamos ganhando e a minha tia vai vir para casa da minha mãe.
Após os ânimos baixarem, saí do aplicativo de mensagens e comecei a jogar o meu joguinho preferido.
Ainda estou jogando, toda despojada na cama, abrindo bocejos seguidos de sono, cansaço e preguiça de permanecer acordada. Contudo, permanecerei firme e forte para essa surpresa dar certo.
Mais alguns minutos jogando, distraída, quando escuto o barulho de porta sendo aberta e salto em um desespero involuntário, passando de calma e sonolenta, para nervosa e ansiosa. Meu coração acelera, meu rosto esquenta e a minha vontade de gritar e fechar logo com essa noite quase vence o lado fofo que quer fazer a droga de uma surpresa bonitinha.
No entanto, faço como o planejado e volto a me esconder no guarda-roupas. Quieta, sinto apenas o meu peito subindo e descendo, o meu coração acelerando em disparada e as minhas mãos suando com a expectativa dele entrar no quarto, abrir a porta e encontrar a sua futura esposa esperando-o aqui dentro.
Esse é o plano, espero que ele não se assuste e arremesse algo na minha cabeça achando que sou um espectro ou qualquer outra coisa "não real".
Me ajeito sensualmente, só esperando ele vir...
Esperando...
Esperando...
Saio da posição por sentir o braço adormecer e já me preparo para sair e deixar a surpresa de me ver de lado quando escuto um riso.
A porra de um riso que não é dele!
E um sorriso que eu conheço, porque é o mesmo ruído fino de uma hiena no cio.
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PRESENTE DELICIOSO DE NATAL
Short StoryO natal está chegando e Clara Bellini decide fazer uma surpresa para o seu namorado, para que no dia mais importante e onde a família toda se reúne, ela possa contá-los que, finalmente, depois de anos namorando, resolveu tomar coragem e pedir, quebr...