4|O NATAL NÃO ESTÁ TÃO PERDIDO ASSIM

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— PARA DE BUZINAR, EU ESTOU TENTANDO LIGAR O CARRO CARALHO! — Grito com o motorista de trás, mostrando o dedo do meio para a incessante sucessão de buzinas impacientes

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— PARA DE BUZINAR, EU ESTOU TENTANDO LIGAR O CARRO CARALHO! — Grito com o motorista de trás, mostrando o dedo do meio para a incessante sucessão de buzinas impacientes.

O carro já morreu cinco vezes e essa é a sexta vez que ele para de funcionar. Já olhei tudo e nada me parece anormal, até o pontinho de gasolina está em um nível que daria tranquilo para eu ir e voltar da cidade. Contudo, nada como mais uma desgraça para complementar o precioso dia do natal.

Os motoristas estão impacientes e não é para tanto, estou há mais de dez minutos aqui e o trânsito do lado esquerdo impede que eles consigam ultrapassar.

— Acelera essa lata velha!

— ESTOU TENTANDO IDIOTA! — Grito de volta, buzinando também.

Respiro fundo e tirando a chave da ignição mais uma vez, espero um pouco e volto com ela, dando partida e finalmente conseguindo ligar o carro.

Acelero e continuo andando na estrada desconhecida, começando a sentir fome e vontade de chorar. Vou andando com o carro, olhando para qualquer ponto que tenha algo aberto. Mas, essa é uma parte que eu nunca vi da cidade e não faço a mínima ideia se tem algum comércio por aqui. Nem posto de gasolina achei, imagina algum ponto de lanche.

Eu até tentei me situar com o gps, mas como eu faria isso se saí tão nas pressas que acabei esquecendo o meu celular conectado na tv?

Agora estou só com alguns dólares na bolsa e minha identidade, fora isso estou completamente perdida.

Ando por mais não sei quantos quilômetros e quando avisto uma barraca de lanche, paro rapidinho com um medo intenso de ser assaltada.

— Olá, boa noite! — Olho as poucas opções e a moça que cuida do ponto balança a cabeça.

— Boa, feliz natal. O que vai querer?

— Quero esse copo de suco e um sanduiche, obrigada.

Ela pega o copo e enche de suco, tapando o bocal e me entregando com um canudo. Em seguida ela pega o sanduiche da estufa e me entrega.

— Quanto deu?

— Quarenta dólares.

— Quarenta dólares? É de ouro o suco e o sanduiche? Que caro!

— É natal, senhorita.

— Aí o capitalismo aflora nessa época, não é? Porque olha... Um pão e suco custar quarenta dólares é para preferir levar um tiro no pé.

Entrego o dinheiro a contra gosto e saio antes que leve outra facada.

No carro, como o sanduíche primeiro e assim que sinto segurança, saio com o carro e apoio o copão de suco no guarda copos.

Olhando as placas, vejo que haverá um retorno na próxima quadra e concentrada, vou seguindo até que sinto o meu corpo dar uns chacoalho e o carro fazer um barulho, seguido pelo carro morrendo e o capo expandindo e soltando uma fumaça fedorenta.

PRESENTE DELICIOSO DE NATALOnde histórias criam vida. Descubra agora