— PARA DE BUZINAR, EU ESTOU TENTANDO LIGAR O CARRO CARALHO! — Grito com o motorista de trás, mostrando o dedo do meio para a incessante sucessão de buzinas impacientes.
O carro já morreu cinco vezes e essa é a sexta vez que ele para de funcionar. Já olhei tudo e nada me parece anormal, até o pontinho de gasolina está em um nível que daria tranquilo para eu ir e voltar da cidade. Contudo, nada como mais uma desgraça para complementar o precioso dia do natal.
Os motoristas estão impacientes e não é para tanto, estou há mais de dez minutos aqui e o trânsito do lado esquerdo impede que eles consigam ultrapassar.
— Acelera essa lata velha!
— ESTOU TENTANDO IDIOTA! — Grito de volta, buzinando também.
Respiro fundo e tirando a chave da ignição mais uma vez, espero um pouco e volto com ela, dando partida e finalmente conseguindo ligar o carro.
Acelero e continuo andando na estrada desconhecida, começando a sentir fome e vontade de chorar. Vou andando com o carro, olhando para qualquer ponto que tenha algo aberto. Mas, essa é uma parte que eu nunca vi da cidade e não faço a mínima ideia se tem algum comércio por aqui. Nem posto de gasolina achei, imagina algum ponto de lanche.
Eu até tentei me situar com o gps, mas como eu faria isso se saí tão nas pressas que acabei esquecendo o meu celular conectado na tv?
Agora estou só com alguns dólares na bolsa e minha identidade, fora isso estou completamente perdida.
Ando por mais não sei quantos quilômetros e quando avisto uma barraca de lanche, paro rapidinho com um medo intenso de ser assaltada.
— Olá, boa noite! — Olho as poucas opções e a moça que cuida do ponto balança a cabeça.
— Boa, feliz natal. O que vai querer?
— Quero esse copo de suco e um sanduiche, obrigada.
Ela pega o copo e enche de suco, tapando o bocal e me entregando com um canudo. Em seguida ela pega o sanduiche da estufa e me entrega.
— Quanto deu?
— Quarenta dólares.
— Quarenta dólares? É de ouro o suco e o sanduiche? Que caro!
— É natal, senhorita.
— Aí o capitalismo aflora nessa época, não é? Porque olha... Um pão e suco custar quarenta dólares é para preferir levar um tiro no pé.
Entrego o dinheiro a contra gosto e saio antes que leve outra facada.
No carro, como o sanduíche primeiro e assim que sinto segurança, saio com o carro e apoio o copão de suco no guarda copos.
Olhando as placas, vejo que haverá um retorno na próxima quadra e concentrada, vou seguindo até que sinto o meu corpo dar uns chacoalho e o carro fazer um barulho, seguido pelo carro morrendo e o capo expandindo e soltando uma fumaça fedorenta.
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PRESENTE DELICIOSO DE NATAL
Historia CortaO natal está chegando e Clara Bellini decide fazer uma surpresa para o seu namorado, para que no dia mais importante e onde a família toda se reúne, ela possa contá-los que, finalmente, depois de anos namorando, resolveu tomar coragem e pedir, quebr...