A Conversa

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Depois da aula de álgebra avançada, Zahra dirigiu-se para seu quarto e fez as tarefas que sua tutora havia passado. Diferente de outras meninas da sua idade, Zahra se dava muito bem com matemática.
- 3 (4.6) + 2 (9-3) sobre o cubo de 34... Dividido pela potência de 6! Acabei!
Depois de fazer suas tarefas, foi procurar por Zene, mas ela provavelmente estaria na aula de biologia ainda.
Sem nada para fazer, começou a andar pelos corredores aleatoriamente. Quando de repente, ouviu um choro baixinho, torcendo para não ser ouvido.
Zahra seguiu o som e chegou até a porta do quarto de Kênia.
TOC TOC
- Kênia? Está tudo bem?
O choro parou por um instante.
- VAI EMBORA!
- Kênia, sou eu, a Zahra.
Zahra esperou por alguns instantes, e a porta se destrancou. Kênia estava com os olhos cansados e inchados, parecia que uma família de pombos vieram morar no cabelo dela.
- Oi Zahra - ela disse com uma fungada.
- Oi Kênia. Então... Quer me contar alguma coisa?
Kênia assentiu e fez sinal para Zahra entrar.
O quarto de Kênia era bem parecido com o seu. A diferença era que Kênia era apaixonada por música, então, pelo seu quarto estavam espalhados instrumentos, partituras, e muitas outras coisas. Estava uma bagunça.
Zahra se perguntou qual foi a última vez que ela arrumou e limpou o quarto.
Kênia apontou para duas poltronas que haviam no canto do quarto, e sentou em uma delas. Zahra sentou na outra.
- Bem... Lembra que no refeitório eu te falei que eu iria conhecer meu futuro marido em poucos dias?
- Sim, eu me lembro.
- Ele é um velho de uns 70 anos. Ele se apressou e veio me visitar ontem à noite.
- Nossa! Isso é permitido?
- Não sei. Mas ele falou para os guardas que só queria falar comigo por 5 minutos...
- Kênia, isso é ilegal! - Zahra levantou-se de sua poltrona - Vou falar com meu pai, o Rei, e ele aplicará as punições necessárias aos guardas que permitiram isso.
- NÃO! Pelo amor de Abhru, Zahra! Não faça isso!
- E por que eu não deveria?
Kênia afundou os rostos na mão e chorou forte. Zahra veio até ela, e lhe abraçou.
- Minha prima, sei que está difícil para você mas eu preciso que me conte o use aconteceu.
- Ele ficou no meu quarto por MAIS de cinco minutos e fez MAIS do que conversar.
Os olhos de Zahra saltaram pelas órbitas.
- O QUE? Você está me dizendo que...
- Isso mesmo.
Zahra não aguentava mais. A raiva por aquele homem que ela nem conhecia crescia a cada segundo.
- Kênia. Você querendo OU NÃO eu falarei com meu pai neste exato momento.
- Por favor me escute. Antes dele ir embora, ele me ameaçou. Eu não deveria contar essa visita para ninguém. Se não... Teriam outras visitas dessa. Eu já contei para você. Imagine se o Rei ficasse sabendo? Você tem que jurar para mim, que isso fica entre a gente. Jura?
Tudo estava tão confuso para Zahra que a única coisa que ela queria era ir para seu quarto e pensar um pouco. O que fazer agora? A saúde de Kênia estava em jogo. Nos dois sentidos. Poderia falar 'não' e ir diretamente para a sala do trono falar com o Rei. Ou poderia jurar de uma vez e deixar como Kênia quisesse.
Enfim, Zahra decidiu:
- JURO.

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