36 - A RESPOSTA

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~ Bruno ~

Eu estava completamente despreparado para aquela pergunta.
Eu e Rodrigo nunca conversamos sobre casamento, filhos e morarmos juntos.
Eu não terminei a faculdade ainda, não arrumei um emprego na minha área e nem estava estabilizado emocionalmente.
Como ele me pede em casamento do nada?

- Então? O que diz? - todos estavam me encarando, de novo.

- Sim, é claro que aceito me casar com você, meu amor.

Ele colocou a aliança no meu dedo, nos abraçamos e todos começaram a aplaudir.

Eu estava feliz.

*

Depois da festa, Rodrigo me levou pra casa tentando me convencer a ir morar com ele.

- Qual é Bruninbo, nos vamos nos casar, o que que tem você adiantar a mudança? Pode se mudar hoje mesmo.

Me joguei na cama, ele se sentou ao meu lado.

- Minha mãe sempre dizia que morar junto antes de casar, não é bom. Não vamos correr esse risco.

-Tá bom. - ele deitou junto comigo. - Já que não vai adiantar a mudança, que tal adiantar a noite de núpcias?

- Eu não acho uma má ideia.

Subi nele e começamos a nos beijar loucamente, tirando a roupa na mesma hora.
A campainha tocou.

- Só pode ser brincadeira. - Rodrigo resmungou. Comecei a rir.

- Volto em um minuto. - Sai do quarto e fui até a sala atender a porta.

- Podemos conversar? - Era Caio.

- Claro. Algum problema?

- Eu que te pergunto. Todos na festa percebeu que você hesitou no pedido de casamento do Rodrigo.

- Não hesitei não.

- Bruno, vai mentir pra mim? Sério? Te conheço desde que éramos crianças. Sei quando você quer algo e quando não quer.

- Olha Caio, será que podemos conversar depois? Tô um pouco ocupado agora e...

- Quem é? - Rodrigo veio até a porta. - É claro, tinha que ser ele.

- Não entendi.

- Não é nada Caio. Ele está brincando.

- Não estou não. Toda vez que estamos nos divertindo ele aparece do nada e atrapalha tudo.

- Se divertindo, sério? - Caio cai na gargalhada - Se vocês se divertissem tanto como você fala, o Bruninho não teria hesitado na hora de aceitar seu pedido de casamento.

Rodrigo me lançou um olhar triste e saiu de casa.

- Amor, espera. Vamos conversar.

- O que foi Bruno?

- Você sabe que eu te amo e que eu quero me casar com você. Por favor, acredita em mim.

- Eu não sei de mais nada. Eu achei que era coisa da minha cabeça, que eu estava delirando por causa do nervoso mas parece que eu não fui o único que percebi. - Ele olhou pro Caio. - Eu preciso de um tempo ok? - Ele entrou no carro e foi embora, pisando fundo no acelerador.

- Eu acho que ele é doido, né não?

- Me deixa sozinho Caio. Por favor.

*

No outro dia, Rodrigo não apareceu na empresa, ele me mandava instruções por e-mail e não respondia nenhuma das minhas mensagens. E foi assim a semana inteira.

- Oi, sou eu de novo. Já faz uma semana Rodrigo. Só me fala se está tudo bem. Estou preocupado. Me liga tá? - Deixei esse recado na caixa de mensagens após ele não atender minha ligação pela milésima vez.

*

Na Segunda-feira eu fui à empresa e fiz todas as coisas de rotina.
Eu estava imprimindo algumas coisas referente a empresa e comecei a pensar em tudo o que estava acontecendo.
No fim da tarde, eu mandei os e-mails e organizei tota papelada e levei até a sala de Rodrigo.
Quando eu abri a porta e entrei, ele estava lá, com um bronze de dar inveja e um sorriso encantador naqueles lábios carnudos.
Eu congelei, não conseguia me mexer nem falar nada, eu fiquei parado olhando para ele.

- Entre Bruno, eu não mordo não.

- Claro Senhor, desculpa. Aqui está algumas das coisas em que eu tive de resolver na sua ausência. Eu não sabia o que fazer, as coisas estavam virando uma bola de gelo, então tive que resolver as coisas mais essenciais, espero que não se importa.

- Claro que não. Não esperava menos de você, Bruno.

- Obrigado Rodrigo. Precisa de mais alguma coisa?

- Não, está tudo certo.

- Ok, então já estou indo.

- Espera. Não vai me interrogar sobre meu sumiço?

- Aqui não é o lugar, nem hora apropriada para isso.

- Parece que alguém amadureceu, não é mesmo?

- Me dê licença, senhor. - Acenei com a cabeça e sai da sala.

Fui pra casa, troquei de roupa e fui correr um pouco, depois voltei pra casa, tomei banho e fui pra universidade.

*

Quando a aula acabou, sai depressa, peguei meu carro e fui até a casa de Rodrigo.

- Oi. Podemos conversar?

- Claro, entra.

Entrei e segui ele até a cozinha, onde ele me serviu uma taça de vinho e algumas variedades de queijo (exagero na minha opinião).

- Acho que já sei o que quer conversar. Vou te contar tudo, me desculpa.

- Não. Na realidade eu não me importo onde esteve, só que está bem. Fiquei muito preocupado. 

- É, eu imagino. Mas eu precisava de um tempo só para mim. Mas e você, o que fez enquanto eu estava fora? 

- Voltei a fazer algumas coisas. 

- Tipo um Hobbie ?

- Sim, isso mesmo. 

- O que, por exemplo?

- Coisas que eu fazia quando minha mãe ainda era viva. Corrida, desenhar, compor, essas coisas.

- Espera, você canta ? 

- Eu cantava, não canto mais. Fiquei muito tempo sem exercitar a voz. 

- Eu gostaria de ouvir você cantar qualquer dia desses. 

- Desculpa, não vai rolar, tenho vergonha. 

- Qual é Bruno, vergonha ? De mim ? Sério ? Achei que já tínhamos passado dessa fase. 

- Sempre fica uma brecha, não concorda?

- Não, você já me viu dançando, agora quero te ver cantando. 

- Isso não é justo. Eu não pedi para você dançar.

- Mas aposto que gostou do que viu. 

- Não posso dizer que não. - Tomei um gole do vinho e desviei meu olhar para o outro canto da cozinha.

- Vai amor, por favor. Só um refrão.

- Tá bom. Mas só pra avisar, eu ainda não estou totalmente afinado hein.

🎵 Se essa vida fosse um filme,
      Eu dava pause nessa cena,
      Te olhava de cima pra baixo,
      Batia palma no cinema. 🎵

- Que letra linda. E amor, que voz incrível você tem. - Os olhos dele brilhavam como a lua.

Meu ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora