Portland

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Três semanas depois e eu estava enfiado dentro de um carro alugado morrendo de frio e assistindo a chuva cair no estacionamento do Portland Internacional Airport.

Minhas mãos estavam tremendo antes mesmo de eu ver um garoto de moletom das adidas se aproximar, o capuz escondendo seu corpo e seu rosto, a única coisa que ele trazia era uma mochila. Meu coração apertava só de pensar que ele viera de Manchester até Portland para passar somente um dia comigo.

Um dia.

Fiquei assistindo calado ele entrar no carro grunhindo palavrões de frio e jogando a mochila em qualquer lugar lá atrás, as mãos esfregando freneticamente uma contra a outra e a respiração saindo em quase ofegos.

- Jesus Cristo você está lindo, dirija logo para longe daqui antes de fazermos sexo no meio do estacionamento de um aeroporto. - Louis soltou as palavras quase em um silvo, as bochechas em um borrão vermelho e o sorriso enorme cortando seu rosto gelado. - Harry...

- Desculpe, desculpe. - Respondi aumentando o aquecedor e dando partida para sabe Deus onde contando com o fato de meu hotel ser praticamente ao lado do aeroporto e eu só ter estado em Portland duas vezes na vida.

- Eu senti sua falta. - Louis murmurou com os olhos fechados, provavelmente cansado e sentindo a diferença de horário perfurar seu corpo. - Acho que nós deveríamos fazer uma versão de Jet Lag do Simple Pan. Eu não faço ideia qual esse fuso e não sei quantas horas eu fiquei naquele avião e eu não consegui dormir. Ah, e você precisa me alimentar antes que eu te coma. Literalmente.

- O fuso horário leva tudo de você, menos a safadeza. - Falei divertido e ele bufou revirando os olhos.

- Me de comida, Burberry boy! - Ele escandalizou e dessa vez eu quem revirei os olhos, dirigindo até qualquer drive thru ou restaurante que eu achasse para alimentar um monstro.

Nós paramos em um Mcdonalds mesmo e eu me diverti vendo Louis tentar me fazer comer um hambúrguer gigante, revirando os olhos duzentas vezes me relembrando que eu sou um modelo idiota e rico. Tá certo...

Quando voltamos para o carro Louis havia conseguido fazer a moça do caixa deixar ele lavar o rosto e escovar os dentes no banheiro dela atrás do balcão, fazendo a melhor cara de piedade do mundo. A moça parecia prestes a ter um ataque, coitada.

Eu realmente não fazia ideia de para onde estava indo até Louis mandar eu parar o carro e afastar a cadeira, subindo em meu colo e enfiando a mão em baixo de minha camiseta e meu moletom, minha barriga inteira ficando tensa com o contato gelado.

- Você é tão quente, graças a Deus. - Ele murmurou sorrindo e beijando meus lábios calmamente. - Vamos ficar parados no meio da estrada no meio do nada até algum policial ou monstro nos parar, vamos, banco de trás.

Agradecendo por ter alugado um carro grande eu pulei para o banco de trás e esperei Louis vir deitar em cima de mim, sua respiração quente contra meu pescoço descendo até meu peitoral e voltando para meu rosto minutos depois.

Nós transamos dentro de um carro no meio do nada em Portland com o barulho da chuva ricocheteando os vidros e teto do veículo, Louis abafando os gemidos contra minha bochecha e minhas mãos percorrendo o seu corpo de cima a baixo, memorizando, apertando, tentando fazer seu cheiro ficar contra minha pele. Depois disso nenhum dos dois falou muito, só ficamos quietos olhando pela janela a chuva incessante cair e esperando a coragem entrar no corpo de um dos dois para ligar ao menos o som.

Nenhum dos dois moveu um centímetro para trocar o silencio por música, mas quando ele sentira meus beijos trilhando seu pescoço minutos depois meus gemidos rompiam o silencio do carro por uma segunda vez.

Um dia inteiro somente matando a saudade e enchendo o estoque de beijos para tentar sobreviver a mais algumas semanas, Jason nunca precisaria saber. Ninguém precisa.

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